Sul e Sudeste concentram top 10 da engenharia civil
Os 10 melhores cursos de engenharia civil do Brasil concentram-se nas regiões sul e sudeste do país. É o que aponta a edição 2016 do RUF (Ranking Universitário da Folha), publicado anualmente pelo jornal Folha de S. Paulo. Pela primeira vez, as três universidades federais dos estados de Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná aparecem no top 10. USP e UFRJ encabeçam a lista, seguidas de Unicamp e UFMG. A UNESP e a PUC-RIO também estão na relação, que é completada pela única universidade fora do eixo Sul-Sudeste: a UFPE, de Pernambuco.
O Ranking Universitário da Folha adota os seguintes critérios para listar os melhores cursos: utiliza dados das graduações avaliadas pelo Inep-MEC, mede o número de docentes com doutorado e mestrado em cada departamento, avalia a quantidade de professores com dedicação integral e parcial, leva em consideração a nota que cada curso obteve no Enade (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes) e aproveita dados de pesquisa Datafolha com mais de dois mil profissionais de recursos humanos que atuam em empresas no Brasil.
Utilizando uma diversidade maior de dados, o Ranking Universitário da Folha mostra uma lista bem diferente da apontada pelo ministério da educação (MEC), em sua mais recente publicação sobre as avaliações de cursos de engenharia civil. O organismo do governo federal considera apenas os resultados do Enade para estabelecer os dois índices de classificação de universidades, faculdades e centros universitários: o CPC (Conceito Preliminar de Curso) e o IGC (Índice Geral de Cursos). Por isso, quem não participa do Enade não recebe nota.
Critérios diferentes
Pelos seus critérios, o MEC aponta que os dez melhores cursos de engenharia civil do Brasil estão nas seguintes instituições: Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade de Brasília (UnB), Universidade Federal de Viçosa (UFV), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Instituto Militar de Engenharia (UME), Instituto Federal de Sergipe, Universidade Federal do Ceará (UFCE), Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí) e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Especialistas ressaltam as divergências de critérios entre os rankings e as constantes mudanças dentro de alguns deles. Mas há mais fatores para que o sobe-desce das colocações seja visto com cautela. Uma das críticas aponta para a desvantagem de se colocar instituições com características tão distintas em um mesmo pacote e daí tirar um número final para classificá-las. Esta é a visão do reitor da USP, Marco Antonio Zago. “Como comparar universidades técnicas com universidades que só têm cursos de engenharia, como a USP?”, questiona.
Em 2015, o pesquisador Justin Hugo Axel-Berg realizou uma tese de mestrado em que discutia a eficiência das avaliações dos rankings acadêmicos. Em seu trabalho, ele argumenta a dificuldade de se elaborar um sistema que avalie áreas do conhecimento de forma justa. “Toda disciplina tem uma taxa de citação diferente e uma produção diferente que é normalizada pelo Information Sciences Institute (ISI). Rankings aglomeram isso em uma pontuação só, sem atentar para a diversidade institucional”, analisa.
Entrevistados
Marco Antonio Zago, médico, cientista e reitor da USP
Pesquisador Justin Hugo Axel-Berg
Contatos
justin.axelberg@usp.br
academica@academicacom.com.br
Crédito Foto: Marcos Santos/USP Imagens
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330