Rússia é o país que mais forma engenheiros no mundo
Dados do Fórum Mundial de Economia, trazidos pela revista Forbes, revelam que o país que mais forma engenheiros atualmente é a Rússia, com 454.436 em 2015. O levantamento abrange todas as formações dentro da engenharia. O segundo com mais profissionais na área é a China, que nos anos 1990 graduava menos que os 42 mil que o Brasil consegue graduar anualmente – segundo dados do CONFEA -, e em 2015 formou 420 mil engenheiros. Os chineses projetam chegar em 2017 com números ainda mais relevantes, e que podem fazê-los superar a Rússia. A meta é 650 mil por ano.
Até a virada do século, historicamente Estados Unidos e Japão eram os maiores formadores de engenheiros. Agora, esse espaço é ocupado pelos países emergentes. Do grupo conhecido como BRICS(Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), além de Rússia e China, a Índia também se encontra no top 10 dos países que mais formam engenheiros, ocupando a 5ª colocação. Destaque também para Irã, Coreia do Sul, Indonésia, Ucrânia e México. Segundo o relatório do Fórum Mundial de Economia, o que explica o ranking é o investimento destes países em infraestrutura, o que estimula a formação de engenheiros.
Pela dimensão territorial e pela carência em infraestrutura, o Brasil é considerado um ponto fora da curva na formação de engenheiros – sobretudo, na área de construção civil. Se tivesse um crescimento sustentável, o país atualmente enfrentaria um déficit de 20 mil profissionais por ano. Com a crise econômica, a carência está latente, mas pode vir a atingir patamares ainda mais graves se o Brasil sair da recessão e conseguir crescer mais de 3% ao ano. Neste cenário, o déficit de engenheiros pode ser o dobro dos 20 mil detectados em 2006, no auge do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e do programa Minha Casa, Minha Vida.
Prejuízo de R$ 26 bilhões
Dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) apontam que o país tem atualmente cerca de 600 mil engenheiros no mercado de trabalho. Metade destes especialistas tem formação para a construção civil. O número parece relevante, mas não é. Mesmo com a recessão e o alto índice de desempregados – 12 milhões fora do mercado formal, segundo dados de outubro de 2016 -, significa que de cada 1000 trabalhadores, 6 são engenheiros. Nos Estados Unidos, são quase 25 por 1000. O razoável, segundo a CNI, era que no Brasil já houvesse 15 engenheiros por 1000.
Essa carência não é por falta de vagas nas universidades. O programa pró-Engenharia, lançado pelo governo federal em 2010 e interrompido em 2014, detectou 302 mil vagas nas escolas de engenharia, das quais apenas 120 mil são preenchidas. Entre os alunos que as ocupam, a taxa de evasão é de 55% até o 3º ano. Para o presidente da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), Jorge Almeida Guimarães, o pró-Engenharia teria instrumentos para estimular a formação de mais profissionais no Brasil. Para isso, propunha uma revisão curricular nas graduações. Sem praticamente sair do papel, o pró-Engenharia deixou como legado apenas os números sobre a formação de engenheiros no país. Entre eles, que o Brasil perde R$ 26 bilhões por ano por não ter engenheiros suficientes ou por formar mal seus profissionais.
Ranking dos 10 países que mais formam engenheiros*
1. Rússia, 454.436
2. China, 420.387
3. Estados Unidos, 237.826
4. Irã, 233.695
5. Índia, 220.108
6. Japão, 168.214
7. Coreia do Sul, 147.858
8. Indonésia, 140.169
9. Ucrânia, 130.391
10. México, 113.944
*Com base em dados de 2015
Entrevistados
– Fórum Mundial de Economia
– Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior)
– Superintendência Estratégica e de Gestão do CONFEA (Conselho Federal de Engenharia e Agronomia)
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Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330