Escaneamento a laser 3D recupera obras com precisão
Equipamentos de scanner fabricados exclusivamente para a construção civil têm revolucionado o retrofit de edificações e prédios históricos. O escaneamento permite fazer um diagnóstico preciso das condições das estruturas e, sobretudo, detectar o grau de patologias no concreto. Além disso, possibilita uma documentação detalhada da obra – o as built.
Antes da tecnologia laser scanning, que no caso das obras de construção civil atua em parceria com a metodologia BIM, o processo de as built tradicionalmente era manual e, em muitos casos, impreciso. Graças à união destas duas tecnologias, é possível recuperar a forma original dos edifícios, e em um plano 3D.
O diagnóstico torna-se mais preciso se a obra a ser recuperada tiver um as built completo. Essa documentação pode ser feita ao longo de todas as etapas da construção – o que é o ideal -, ao final da execução, para documentar a versão final do que foi construído, incorporando as mudanças ao projeto original, ou posteriormente, em situações onde inexiste documento.
É para estes casos que o escaneamento a laser 3D torna-se imprescindível. No Brasil, a tecnologia está sendo empregada principalmente no restauro arquitetônico de obras icônicas, como a Casa de Vidro, construída nos anos 1950 e projetada pela arquiteta italiana Lina Bo Bardi. Localizada no bairro Morumbi, na cidade de São Paulo, a construção passa por um processo de retrofit coordenada por uma equipe de arquitetos da Universidade de Ferrara, na Itália.
A mesma tecnologia deverá ser empregada na restauração do MASP (Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand), também na cidade de São Paulo. A tarefa do escaneamento a laser 3D será mapear a estrutura do prédio, que também tem seu projeto arquitetônico assinado por Lina Bo Bardi, e que é considerado um marco da arquitetura brutalista.
O processo de escaneamento em obras se assemelha ao da tomografia do corpo humano. O retrato tridimensional capta variações de temperatura, pontos de umidade e graus de rugosidade de lajes e pilares dos prédios, gerando tons de cores para cada caso. A precisão, segundo o arquiteto Marcello Balzani, da equipe de restauro da Universidade de Ferrara, é cirúrgica.
Tecnologia para explorar Marte
A tecnologia laser scanning foi desenvolvida pela canadense Optech – companhia especializada na produção de equipamentos para a NASA. O primeiro aparelho foi instalado no sistema embarcado da sonda não-tripulada Phoenix, que pousou em Marte em 2008. A princípio, o objetivo era rastrear terrenos. Em seguida, o escaneamento foi adaptado para realizar levantamentos topográficos. Daí, para o uso na construção civil, foi uma questão de tempo.
O aperfeiçoamento da tecnologia não para. O próximo passo da aplicação do escaneamento a laser na construção civil é vinculá-lo à impressão 3D. A intenção é conseguir reproduzir peças de reposição para restaurar estruturas, fachadas e até elementos de acabamento. A Itália, por causa da rotina de restauros em construções seculares que existem no país, e que devem ser preservadas por lei, é um dos países que lidera esse tipo de pesquisa.
Entrevistado
Arquiteto Marcello Balzani, da equipe de restauro da Universitá degli Studi di Ferrara (Universidade de Ferrara)
Contato
ateneo@pec.unife.it
Crédito Fotos: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330