Brasil precisaria investir R$ 682 bi em obras, por ano
Para recuperar as perdas acumuladas entre 2014 e 2016, o Brasil precisaria, a partir de 2017, investir o valor anual de R$ 682,2 bilhões em obras. Esses recursos devem ser contínuos até, pelos menos, 2022. Os dados fazem parte do caderno técnico apresentado no 12º ConstruBusiness, que ocorreu dia 5 de dezembro na sede da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
Elaborado pelo Departamento da Indústria da Construção da Fiesp (Deconcic), o documento traz uma análise da cadeia produtiva, focando em investimentos para infraestrutura econômica (energia, transportes e telecomunicações) e desenvolvimento urbano (habitação, mobilidade urbana e saneamento). O relatório revela ainda o impacto da crise econômica no setor da construção civil.
Em termos reais, entre 2014 e 2016, o país deixou de investir 20,1% em obras. A queda esperada para este ano é de 5,4%. Em 2015, as construções no país absorveram R$ 626,1 bilhões. Para 2016, estima-se um investimento de R$ 592 bilhões. Segundo Carlos Eduardo Auricchio, diretor do Deconcic , o impacto disso sobre a competitividade do país é enorme. “É preciso retomar obras, para resgatar, principalmente, a geração de empregos”, disse.
Atualmente, a cadeia produtiva da construção civil reúne cerca de 6,2 milhões de trabalhadores com carteira assinada, o que representa 13,4% da força de trabalho no país. Para o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, esses dados mostram o quanto é urgente a retomada dos investimentos em infraestrutura. “Esse é o momento para que façamos, de fato, as reformas tão necessárias para o bem do país, a fim de retomar o crescimento, que é do que o Brasil mais precisa”, destacou, durante sua fala no 12º ConstruBusiness.
Habitação: maior demanda
Dividindo por áreas, o segmento de transportes (rodovias, ferrovias, portos e aeroportos) precisa de investimento anual na ordem de R$ 68 bilhões para viabilizar suas obras. Além disso, são necessários R$ 17,5 bilhões para a expansão do sistema de geração, transmissão e distribuição de eletricidade e R$ 20,6 bilhões para projetos de exploração, produção e distribuição de petróleo e gás. O setor de telecomunicações exigiria R$ 7,7 bilhões. Assim, o total de investimentos necessários em infraestrutura econômica é de R$ 114,1 bilhões por ano, no período de 2017 a 2022.
Na área habitacional, o investimento anual carece de R$ 205,5 bilhões para novas moradias e outros R$ 155,4 bilhões para reformas, ampliações e construção de edificações comerciais. “Para atender as novas famílias, eliminar a precariedade e reduzir a coabitação, será necessária a construção de 8,8 milhões de moradias, cerca de 1,5 milhão por ano, até 2022”, destaca Auricchio.
No campo da mobilidade urbana, o documento da Fiesp apresentado no 12º ConstruBusiness mostra que é preciso injetar R$ 13,4 bilhões anuais para projetos em metrôs e trens, enquanto R$ 13,1 bilhões deveriam ir para saneamento básico. O total de investimentos necessários para a área de desenvolvimento urbano é de R$ 207,2 bilhões por ano, também no período 2017-2020.
Entrevistado
Reportagem com base nos dados apresentados no 12º ConstruBusiness
Contato
deconcic@fiesp.ind.br
Crédito Foto: Divulgação/Fiesp
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330