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Engenharia integral pauta projetos no século 21

Informativo Massa Cinzenta – Cimento Itambé - 22 de dezembro de 2016 1574 Visualizações
Engenharia integral pauta projetos no século 21
O século 20 foi marcado pela engenharia sequencial, onde os projetos eram desenvolvidos em etapas. Havia forte estanqueidade entre as disciplinas e elas pouco se conversavam. “Era comum que a obra começasse com o projeto arquitetônico aprovado, e só depois viessem os projetos estruturais e correlatos, como hidráulico, elétrico, etc”, relata o engenheiro civil e consultor Renê Ruggeri, afirmando que, entre o fim do século passado e início do século 21, a metodologia foi substituída pela engenharia simultânea, cujo principal objetivo era encurtar o tempo da obra e reduzir custos.
O modelo de engenharia simultânea – destaca Renê Ruggeri – ainda prevalece em muitos escritórios de projetistas, mas está fadado a desaparecer. Segundo o especialista, por dois motivos: mudanças no mercado, com o surgimento de softwares que modelam projetos – o mais conhecido deles é o BIM – e o retrabalho causado por detecção de erros em projetos durante a execução. “As estatísticas mostram que 50% dos problemas em obras nascem em projetos. Além disso, 90% dos projetos acabam alterados durante a fase de execução. Outro dado é que 5% do custo da obra estão relacionados com a correção de erros que nasceram no projeto”, diz.
Renê Ruggeri foi um dos palestrantes no 1º Congresso Nacional da Online sobre Como Construir (CONOCC), realizado em novembro de 2016, onde reforçou a necessidade de mudanças na forma de se fazer engenharia de projetos. “No modelo de engenharia simultânea, o projetista deixou de pensar essencialmente no produto para se dedicar ao processo produtivo envolvendo a obra”, explica Ruggeri, para quem a metodologia trouxe mais problemas que soluções. “Os projetistas reclamam que suas funções extrapolam as do projeto e os contratantes reclamam que os projetos não trazem soluções eficazes às obras, criando uma situação paradoxal”, completa.
 
Conexão entre todos os setores da obra
A fim de reverter esse cenário, surge a engenharia integral, que tem em seu núcleo os softwares de modelagem de projetos e de compartilhamento de dados. De acordo com Renê Ruggeri, esse é um caminho sem volta. “A complexidade dos empreendimentos exige que as equipes envolvidas atuem conectadas o tempo todo. O projeto não estará mais na mesa ou no computador do projetista, mas na nuvem, para todos terem acesso e compartilhar informações”, afirma. Para o especialista, nada mais vai operar isoladamente na engenharia civil. “A estanqueidade do projetista será trocada por redes de colaboração”, resume.
Em sua palestra, Renê Ruggeri também citou a importância cada vez maior do gerenciamento do projeto para que ele chegue à fase de execução sem precisar sofrer reparos. “A engenharia integral mostra que as soluções técnicas não são mais únicas. Elas precisam ser abrangentes e, inclusive, entender os negócios aos quais estão associados os empreendimentos. É importante ainda que haja domínio tanto das tecnologias que cercam os projetos de arquitetura e engenharia quanto dos processos de industrialização da construção. Por fim, a engenharia integral vai influenciar também nos processos de trabalho, desde a elaboração dos projetos até a atividade no canteiro de obras. Não restam dúvidas de que assistiremos muitas mudanças neste século 21”, conclui.
 
Entrevistado
Engenheiro civil Renê Ruggeri, especialista em coordenação técnica de projetos multidisciplinares. É autor dos livros Redescobrindo o Processo do Projeto e Gerenciamento de Projetos no Terceiro Setor (com base em palestra no 1º CONOCC)
 
Contato
http://www.reneruggeri.com/contato
Crédito Foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330