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Polo de Camaçari terá 9 bilhões de dólares em investimentos

Por: Victor Longo, da Rede Bahia - 11 de julho de 2013 2865 Visualizações
Polo de Camaçari terá 9 bilhões de dólares em investimentos
 
O Polo Industrial de Camaçari chegou à meia idade, mas os caminhos que se abrem estão bem longe de simbolizar um envelhecimento. Em vez disso, governo e iniciativa privada observam com otimismo a aproximação da maturidade do maior complexo industrial integrado da América Latina: além de forte perspectiva de crescimento para os próximos anos, há novos desafios.
Nessa semana, o polo inaugura uma nova fase. Na comemoração dos seus 35 anos, a Secretaria de Indústria, Comércio e Mineração (SICM) apresentará o novo plano diretor do polo, que dobrará de área, dos atuais 13,4 mil hectares para 29,3 mil hectares, uma extensão próximo ao território de Fortaleza e maior que toda Aracaju. 
As perspectivas de novos investimentos são grandes. Segundo o Centro de Fomento Industrial de Camaçari (Cofic), novas empresas que chegarão ao polo injetarão recursos da ordem de US$ 9 bilhões até 2015. “Até 2008, as empresas já instaladas representavam um investimento total de US$ 12 bilhões. Esse total atualmente é de US$ 16 bilhões. Os projetos que já existem hoje farão esse investimento saltar para até US$ 25 bilhões”, calcula o superintendente-geral do Cofic, Mauro Pereira.
Segundo o governo do estado, há conversações com pelo menos oito novas empresas interessadas em se instalar no polo, a maioria estrangeira, entre elas, algumas chinesas. “Temos previstos investimentos da ordem de R$ 5 bilhões”, revelou o titular da SICM, James Correia.
As negociações correm em sigilo, mas o secretário revelou que entre as empresas interessadas há companhias dos setores automotivo e petroquímico, além das instalações já em curso atualmente.
Plano diretor
Além de ampliar a área destinada à instalação de indústrias no polo, o novo plano diretor estabelece os novos critérios e restrições para a instalação de novas indústrias. Entre as principais mudanças, o novo plano, que ainda precisará ser licenciado pelo Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia (Inema), cria um comitê para compartilhar a gestão do polo. 
“Esse comitê envolve as prefeituras de Camaçari, Dias D’Ávila, secretarias do governo estadual e o Cofic”, adiantou o assessor especial da SICM responsável pela organização do novo plano, André Juazeiro. A validade do plano também dependerá ainda da publicação de um decreto governamental.
Entre as restrições criadas no documento, estão sobretudo as de ordem ambiental, segundo Juazeiro. “Há proibições relacionadas às emissões de gases na atmosfera em determinados pontos do polo, a depender da direção do vento. Por exemplo, em lugares onde o vento leve para o interior do município de Dias D’Ávila, as emissões são proibidas”, afirma. 
O plano busca setorizar as fábricas por atividade econômica, criando restrições relacionadas ao adensamento industrial, ou seja, ao número de fábricas existentes em cada zona. “A setorização tem duas questões importantes: agregar a indústria e proporcionar investimentos por etapas em cada setor”, explica Juazeiro. 
“A depender do setor, há critérios ambientais diferentes. Alguns setores permitem fábricas em 30%, 40% ou 50% do solo. Outros, permitem até 80%. O plano ajusta os parâmetros de uso e ocupação”, acrescenta o assessor. Segundo ele, esses critérios hoje não existiam ou não eram claros.
O plano divide o polo em pelo menos sete áreas, cada uma com um perfil específico. A principal área de expansão é a região noroeste do polo, onde serão instaladas as indústrias de terceira geração do setor petroquímico, ou seja, aquelas focadas na produção de bens finais a partir da matéria-prima também produzida no polo. A primeira fábrica dessa geração, a Kimberly Clark, já foi instalada no polo, e produzirá fraldas, absorventes e papéis higiênicos para o mercado baiano e nordestino.
Empregos
A previsão do Cofic é que os novos empreendimentos que estão chegando ao polo gerem, nos próximos cinco anos, aproximadamente 17 mil empregos. O maior deles previsto no momento é a chegada da alemã Basf, que está investindo cerca de R$ 1,5 bilhão em três novas unidades industriais no polo. As plantas vão produzir, em escala global, o ácido acrílico, acrilato de butila e polímeros superabsorventes (SAP), utilizando como matéria-prima o propeno fornecido pela Unidade de Petroquímicos Básicos da Braskem.
Outro projeto já em andamento é a instalação de uma fábrica de motores da Ford, a primeira do gênero no Norte/Nordeste. No setor automotivo também estão se instalando no polo as asiáticas Jac Motors e Foton Motors. No setor de parfumaria, o Grupo Boticário está construindo uma fábrica que entra em operação no final deste ano, com um investimento de R$ 380 milhões.
No segmento do cobre, a Caraíba Metais apresentará amanhã um projeto de expansão de R$ 300 milhões. A alemã Knauf, referência mundial em sistemas de construção a seco (drywall), e a brasileira Tecsis, do setor eólico, preveem, juntas, um investimento de R$ 260 milhões em fábricas recém-anunciadas.
Maior desafio do polo é consolidar indústria de bens finais no estado
Considerado um marco que mudou a configuração econômica da Bahia, contribuindo para a crescente industrialização do estado, o polo industrial de Camaçari  possui hoje, entre os seus principais desafios, a necessidade de ampliar a sua indústria de transformação, aquelas que se destinam à produção de bens finais.
A posição é do vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), Reinaldo Sampaio. “Hoje, o complexo industrial de Camaçari tem uma forte presença de matérias-primas ou bens intermediários que se destinam a alimentar a indústria de transformação do Sul e do Sudenste”, explica Sampaio. “Um dos principais desafios hoje é consolidar a indústria de transformação local, o que já começa a ocorrer com a chegada da Kimberly Clark”, considera.
A Secretaria de Indústria, Comércio e Mineração do Estado (SICM) prevê que a instalação da Basf em Camaçari atrairá, nos próximos cinco anos, outras 35 empresas em segmentos como o de copos e recipientes de plástico, por exemplo, o que contribuiria para que a indústria petroquímica completasse um ciclo. Até o momento, porém, nenhum novo empreendimento da indústria de transformação além da Kimberly Clark foi anunciado oficialmente. Na indústria automotiva, a esperança do governo é atrair indústrias produtoras da borracha para pneus.
Hoje, as fábricas de pneus do polo precisam importar a matéria- prima. “Estamos negociando com algumas empresas do setor. Mas, enquanto não assinamos nenhum protocolo de intenções, as negociações correm em sigilo”, afirmou André Juazeiro, assessor especial da secretaria. 
Outro desafio para os governos, na visão do vice-presidente da Fieb, é pensar a Região Metropolitana de Salvador (RMS) de maneira mais integrada, o que contribuiria para o desenvolvimento da indústria e dos municípios que a compõem. “Um plano diretor da RMS é fundamental para definir como deverá ser ocupado o espaço territorial e como serão pensadas estruturas de mobilidade urbana, educação e saúde”, completa.