Foto de José Orlando O Brasil entrou no século XXI sem ter um plano estratégico para as suas políticas de Estado, no sentido de orientar os rumos do País para os próximos 50 anos, independentemente de quem esteja no poder. O povo brasileiro fica, então, à mercê da colcha de retalhos de políticas de curto prazo (quatro anos), proposta por partidos e pelos seus candidatos à presidência da República, selecionadas apenas com base no oportunismo eleitoreiro, sem referência a um plano estratégico de longo prazo, definido com a participação de toda a sociedade. Esse plano precisa definir, clara e objetivamente, as diretrizes para que o País possa empreender de maneira sustentável o potencial geopolítico do seu posicionamento geográfico, de sua extensão territorial e riquezas naturais. Desde 1968, vem ganhando destaque um novo paradigma civilizatório que, inicialmente, foi denominado como ecodesenvolvimento e hoje é conhecido como desenvolvimento sustentável. Nele a ênfase principal é conferida aos fenômenos da vida e dos seres vivos, enquanto que a matéria inorgânica (antes prioritária) passa a desempenhar um papel coadjuvante e garantidor daqueles fenômenos. Entre os fatores agora apontados como essenciais, estão: gestão dos recursos hídricos, das condições climáticas da atmosfera e dos impactos decorrentes da fotossíntese. Países considerados mais desenvolvidos encontram hoje sérias dificuldades e inevitáveis limitações para se ajustar a esse novo paradigma. O Sudeste brasileiro, considerado mais desenvolvido, também enfrenta desafios similares, sobretudo, em virtude de ter derrubado 90% da Mata Atlântica e ter adotado o padrão criado pelas revoluções industriais. Entretanto, o Brasil é hoje o país que demonstra ter as melhores condições para implantar o novo paradigma da civilização, a serviço dos seres vivos. Para isso, vamos precisar de sistema de transporte adequado a esse novo paradigma, de matriz energética com base exclusiva em fontes renováveis em substituição aos combustíveis fósseis, do desenvolvimento da agricultura, pecuária e silvicultura orgânicas, do fortalecimento em larga escala de uma indústria bioquímica responsável, das indústrias de transformação de matéria inorgânica vinculadas, no seu todo, à sua eventual contribuição ao novo paradigma. A matéria é ampla, evidentemente, e exige que tenhamos o hábito de conhecer melhor o nosso País, em especial, no que diz respeito a uma visão sistêmica do Brasil e do mundo em que vivemos. Assim, o planejamento estratégico seria, então, uma consequência. |