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Apólice de infraestrutura no país tem maior índice de sinistralidade

Texto de Carlos Vasconcellos publicado no jornal Valor - 23 de outubro de 2014 1187 Visualizações
Apólice de infraestrutura no país tem maior índice de sinistralidade
 
O segmento de seguros de infraestrutura no Brasil vive uma guerra de preços. A entrada de novas empresas, de olho no pipeline de grandes obras no país, aumentou a capacidade de cobertura e a oferta de apólices desse tipo. Ao mesmo tempo, o adiamento de muitos projetos e leilões de infraestrutura reduziu a demanda do mercado. Com isso, o índice de sinistralidade subiu. Esse indicador é medido como a relação entre custos de assistência e receita de prêmios. Segundo a Superintendência de Seguros Privados (Susep), a sinistralidade no ramo de riscos de engenharia chegou a 46% no período de janeiro a agosto deste ano.
A média histórica do mercado nesse ramo era de 15%. Isso acontece por causa da queda das taxas das seguradoras, explica Fábio Silva, superintendente de Riscos de Engenharia da Zurich Seguros, segunda maior seguradora do país em volume de prêmios nesse segmento. Ele explica que, para defender suas margens, a Zurich evita entrar na guerra de preços.
Procuramos trabalhar em obras de alta complexidade, com um trabalho profundo de gerenciamento de risco, acompanhado por engenheiros da seguradora, continua Fábio. Isso impede que a gente entre em negócios de prêmio baixo e risco alto.
Oferecer um serviço diferenciado também faz parte da estratégia da Liberty Seguros para manter a rentabilidade da área de infraestrutura num mercado em baixa. Nossos subscritores e engenheiros de risco são altamente especializados e se concentram na analise de risco antes e após a contratação do seguro fornecendo imediato suporte ao Cliente durante a execução do projeto e na eventualidade da ocorrência de sinistros, diz André Guidetti é superintendente de Risco Engenharia da LIU, divisão de riscos especiais da Liberty Seguros. Essa abordagem resultará no valor agregado do Seguro.
Samuel Sitnoveter, sócio da corretora Brasil Insurance, avalia que o mercado brasileiro esteja praticando preços de 20% a 30% abaixo do valor atuarial no segmento de infraestrutura. Apesar disso, ele não vê risco de quebra no mercado, mas a tendência é de lucros menores. O risco nesse momento é ninguém levar bônus para casa, diz.
Já Armando Bandechi, líder da Unidade de Infraestrutura da Marsh Corretora, aponta variações de até 50% nos prêmios cobrados. Isso é preocupante, pois o mercado pode virar uma roleta, diz. Em algum momento, essa tendência deve mudar, mas por enquanto continuamos com excesso de oferta, apetite por risco e mercado em queda no exterior.
Para Edson Toguchi, diretor de Grandes Riscos da Allianz Seguros, as oportunidades no Brasil foram apenas adiadas, e não, canceladas. Enquanto as obras iniciadas entre 2008 e 2009 estão sendo finalizadas, começa a surgir uma demanda maior para os riscos operacionais e patrimoniais, ou seja, seguros novos para um mercado com apetite em grandes riscos, avalia.
Segundo Toguchi, diante dos preços baixos, a saída é tentar evitar os sinistros. As seguradoras passam a ser um agente que ajuda na mitigação de risco por meio de inspeção e prevenção, diz. Ele explica que, para Obras, a Allianz chega a recomendar alterações no cronograma físico e financeiro para a aceitação do risco. Nesse caso, é importante o material empregado, mão de obra, treinamento em caso de sinistro, análise de solo e terreno.
Clemens Freitag, diretor de Infraestrutura da corretora e consultoria de riscos e seguros Aon Risk Solutions, observa que, apesar da queda de preços e do aumento de sinistralidade, ainda não há um movimento de redução de capacidade ou de retirada de empresas do mercado brasileiro. Mas até quando as seguradoras vão esperar pelo retorno?, pergunta.
Carlos Frederico Ferreira, diretor-executivo da Austral Seguradora, por sua vez, observa que a queda nas taxas básicas de juros torna o cenário mais difícil. A taxa Selic a 12% ao ano ajudava o resultado financeiro de muitas empresas, que começaram a ter uma atitude mais agressiva na seleção de risco, explica.