A minimização dos impactos ambientais tem mobilizado a sociedade, em escala planetária, na busca de conceitos sustentáveis. A sustentabilidade pode ser definida como sendo aquele desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem suas próprias necessidades. A indústria da construção civil e, em particular, indústria concreteira, parece encontrar-se ainda em um estágio incipiente de sustentabilidade. O processo de produção de concreto é um dos maiores consumidores de matéria-prima virgem, como areia, pedra, cascalho moído e água fresca, gerando significativo impacto ambiental. Todavia, reside na produção do cimento Portland, ingrediente indispensável ao concreto, o maior impacto. O cimento, cujo consumo aproxima-se a 2 bilhões de toneladas por ano, sozinho, gera grande volume de extrações de rochas e movimentação de terra. Além disso, sua produção corresponde a 7% da emissão de CO2 na atmosfera, o que contribui diretamente para o aquecimento global e o efeito estufa. Esse panorama de “vilão ambiental” tem sido encarado de forma séria por pesquisadores ao redor do mundo. É sabido que o concreto (e também o cimento) é capaz de absorver, na forma de material constituinte, uma série de resíduos oriundos da indústria e da agricultura, colaborando diretamente para a recuperação e minimização de impacto ambiental de outros segmentos da produção e, indiretamente, proporcionar uma redução de poluição gerada em seu próprio processo produtivo. Resíduos oriundos de demolição ou rejeito de britagem podem ser utilizados como agregado graúdo, reduzindo a necessidade de britagem de novas rochas. Uso de pó-de-pedra, borracha de pneu e até areia de PET (politereftalato de etileno), já se mostram viáveis para produção de alguns concretos, reduzindo a extração de areias de rios e dunas. Materiais como cinza de casca de arroz, metacaulim e sílica ativa, são adições minerais que desenvolvem características desejáveis de resistência e durabilidade quando utilizados em mistura com cimento Portland e, sob certas condições, podem perfeitamente substituir altos teores cimento nas misturas, conferido a elas, além dos benefícios conhecidos que a redução de cimento traz, aumento significativo de durabilidade. Além disso, os aditivos químicos têm operado verdadeiros milagres em misturas à base de cimento Portland, reduzindo consideravelmente a necessidade de água na produção de concretos. O uso combinado de vários desses materiais tem resultado em concretos inteligentes, ou seja, concretos que ao mesmo tempo em que atendem aos requisitos de projeto no estado fresco e endurecido, são capazes de colaborar para a sustentabilidade não só da cadeia produtiva da construção civil, mas também minimiza danos ambientais de outros segmentos industriais. Cabe à comunidade técnica a busca pelo emprego desses concretos inteligentes, visto que a comunidade científica já comprovou (e continua a provar) a sua eficácia e aplicabilidade nas obras de construção civil. |