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Acidente amplia lista de tropeços na organização da Copa

Luis Kawaguti - Da BBC Brasil - 03 de dezembro de 2013 1320 Visualizações
Acidente amplia lista de tropeços na organização da Copa
 
O acidente com um guindaste na Arena Corinthians em São Paulo na quarta-feira, que deixou dois operários mortos, é o problema mais recente – e talvez o mais grave para a imagem do país, na opinião de especialistas – no processo de organização da Copa do Mundo de 2014.
A lista de imprevistos, que inclui mortes, atrasos, manifestações e crimes, não impedirá a realização nem deverá causar grandes alterações da agenda do torneio do ano que vem.
Porém, segundo analistas ouvidos pela BBC Brasil, já podem até afastar torcedores estrangeiros.
De acordo com Peter Tarlow, consultor internacional de segurança em grandes eventos, a imagem do Brasil como anfitrião da Copa foi bastante prejudicada no exterior nas últimas duas semanas. Isso ocorreu devido ao acidente no Itaquerão e aos dois arrastões contra banhistas nas praias do Rio de Janeiro.
A cada semana vem uma notícia ruim do Brasil, que volta a ser visto como um país com falta de segurança. É uma combinação de fatores, afirmou.
O americano é professor da universidade Texas A&M, atuou na organização do Super Bowl (campeonato de futebol americano), nos Jogos Olímpicos de Inverno nos Estados Unidos e atualmente presta consultoria para a polícia do Rio.
Segundo ele, além da criminalidade nas ruas, o acidente desta semana pode fazer o estrangeiro ver os estádios como locais inseguros. E agora é a hora em que o americano ou o europeu estão decidindo se compram ingressos e passagem para o Brasil.
O analista disse, porém, que se não ocorrerem outros grandes tropeços até a data do evento (especialmente no Rio de Janeiro, cidade brasileira mais conhecida no exterior), os episódios negativos de agora devem ser rapidamente esquecidos.
Segundo ele, a notícia do acidente não teve maior repercussão nos Estados Unidos por causa do feriado de Ação de Graças, mas o mesmo não ocorreu na Europa.
Projetos
Segundo o jornalista e colaborador da BBC baseado na América do Sul Tim Vickery, outro evento negativo também contribuiu para prejudicar a imagem do país nesta semana: o anúncio de que 14 projetos de mobilidade, orçados em R$ 1,2 bilhão, foram retirados da matriz de responsabilidade da Copa.
Entre eles estavam projetos para melhorias em portos, aeroportos e rodovias que perdurariam, beneficiando a população mesmo após o fim do torneio. Isso é um escândalo porque houve muito tempo para planejar, disse.
Segundo ele, notícias como essa aumentam o descontentamento de setores da sociedade que - com alguma razão - criticam gastos que o país está tendo com a Copa do Mundo. Partidários dessa opinião têm manifestado esse descontentamento por meio de diversos protestos.
Contudo, segundo Vickery, a Copa ocorrerá de qualquer maneira. Passou o momento de pular fora. A Copa pode ser bem sucedida e torço para que ela seja, disse.
A Copa do Mundo vai ser um sucesso com morte ou com manifestações, mas elas deixam uma mancha, disse o consultor independente de marketing esportivo Amir Somoggi.
Segundo ele, o Estado brasileiro, como anfitrião do evento, não pode ser responsabilizado pelas mortes em Itaquera. Também houve mortes na Copa da África do Sul.
Porém, diferente de Tarlow, Somoggi disse não acreditar que o acidente em São Paulo crie uma imagem de insegurança nos estádios capaz de dissuadir turistas e torcedores de irem às partidas.
Não acredito que o turista vai deixar de vir, mas terá uma preocupação a mais, como já tem com a questão do arrastão, disse.