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Com uso seguro e responsável, indústria brasileira elimina riscos do amianto

Marina Júlia de Aquino, presidente-executiva do IBC - 15 de janeiro de 2014 1814 Visualizações
Com uso seguro e responsável, indústria brasileira elimina riscos do amianto
 
O uso seguro do amianto é discutido no mundo inteiro, com muitas fontes e informações desencontradas. Uma verdade no meio disso tudo é que a indústria brasileira do fibrocimento conseguiu alcançar o patamar de uso totalmente seguro e responsável do amianto crisotila. 
Há mais de trinta anos, o amianto não representa mais nenhum risco à saúde. Esse cenário só foi possível a partir da modernização dos processos de beneficiamento do mineral garantindo um ambiente seguro e livre de ameaças à saúde do trabalhador – diz-se do trabalhador, especificamente, porque o risco do amianto é estritamente de ordem ocupacional e dose-dependente.  
A partir da década de 1980, a indústria brasileira e a mineração passaram a adotar normas para garantir o uso seguro e responsável do mineral, estabelecendo, entre outros pontos, um limite de exposição 20 vezes menor do que o permitido na lei federal. Recentemente, trabalhadores e empresários do segmento se reuniram em Salvador para a renovação do Acordo Nacional para o Uso Seguro e Responsável do Amianto Crisotila no Brasil. 
Uma das garantias mais importantes do documento é a prerrogativa de organização e fiscalização do local de trabalho pelos próprios trabalhadores. Não existe no Brasil, em nenhuma outra atividade, um acordo como esse, que dê tamanho poder aos trabalhadores. 
Segurança, saúde e economia
O amianto é uma fibra mineral, que ocorre naturalmente no solo, na água e no ar e é especialmente utilizada pela indústria de fibrocimento para fabricação de telhas, caixa d’água e tubulações. Os produtos feitos a partir do amianto crisotila são resistentes e mais baratos que outras opções no mercado e, por isso, mais acessíveis à população de baixa renda. 
Os produtos de fibrocimento são totalmente seguros, pois, uma vez estando as fibras de amianto ligadas ao cimento e à celulose, que são as outras duas matérias-primas deste composto, não há mais qualquer possibilidade de desprendimento das fibras, seja pela quebra ou pelo desgaste provocado pelo uso do material ao longo dos anos. 
Em 2006, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) de São Paulo publicou estudo no qual investigou a degradação de telhas de fibrocimento com 20 a 70 anos de uso, expostas a todos os tipos de intempéries naturais e decorrentes de agentes industriais, concluindo que “... na maior parte das amostras a alteração observada é de lixiviação da pasta, com pouca ou nenhuma liberação de fibras (o que se deve certamente à forte trama formada pelo entrelaçamento das fibras de crisotila)...”.
Recentemente, a química Rosemary Sanae Ishii Zamataro e o professor Lindolfo Soares da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, divulgaram estudo que avaliou o risco de exposição dos trabalhadores em atividades de troca de telhas de fibrocimento contendo amianto no Hangar de Zepellin, construído na década de 1930 na Base Aérea de Santa Cruz, no Rio de Janeiro. O estudo constatou que, mesmo após mais de sete décadas da instalação, as telhas do Rio não apresentaram desprendimento de fibras de amianto no meio ambiente. 
De forma totalmente irresponsável e leviana, a indústria de fibras sintéticas para produtos de fibrocimento tem apresentado à população brasileira itens feitos a partir de poli álcool vinílico (PVA) e polipropileno (PP) como alternativas ao amianto. A verdade é que classificar esses itens como mais seguros, ecológicos e de fácil descarte é propaganda enganosa da pior qualidade. 
Como é possível afirmar que a fibra derivada do petróleo oferece maior segurança? Baseado em que estudo? O que se sabe, mas não se divulga, é que em 2005 a Organização Mundial de Saúde (OMS) realizou em Lyon, na França, um workshop para avaliar a carcinogenicidade das fibras alternativas ao amianto crisotila e o relatório final afirma que as fibras de PP, PVC e PVA são respiráveis e altamente biopersistentes. Entretanto os dados são escassos e seu potencial de perigo para seres humanos foi considerado indeterminado.
O mesmo documento acrescenta que “em instalações que produzem fibras de polipropileno, foi possível verificar que há exposição a fibras respiráveis” deste material. Coincidentemente, há mais de 10 anos os trabalhadores do setor do fibrocimento pedem que as fábricas que utilizam as fibras sintéticas adotem práticas de uso seguro e sejam fiscalizadas com o mesmo rigor das que usam amianto crisotila. Porém, nenhuma providência foi tomada até agora. 
Em relação ao teor “ecológico” desse material, é o mesmo que dizer que plástico faz bem à natureza. Como todos sabem, um pedaço de plástico esquecido no chão demora até 450 anos sem se decompor. 
Quando o assunto é trazido para campo da economia, vê-se mais claramente o que está por trás da campanha contra o amianto. Há fortes indícios de que o setor de fibras sintéticas opera com prejuízo para manter-se no mercado, uma vez que o custo de produção desses produtos pode ser até 40% mais caro do que a de itens à base de amianto. 
 O Brasil é o terceiro maior mercado de amianto do mundo, com produção anual de 300 mil toneladas que atendem tanto o mercado interno como o externo. A indústria do amianto emprega mais de 170 mil pessoas direta e indiretamente e é responsável pela injeção de R$ 1,6 bilhão no PIB do país. Banir o mineral trará sérios riscos à economia e à saúde dos brasileiros.