Entre 2012 e 2013, o número de veículos elétricos (VE) licenciados no Brasil triplicou. Apesar do crescimento aparentemente expressivo, os números ainda são bem tímidos. No ano passado, foram emplacadas 491 unidades. Nos 12 meses anteriores foram apenas 117. Conforme o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), até o final de 2013, o total de veículos elétricos licenciados somou 2,2 mil, 0, 002% em uma frota total de 81,6 milhões de unidades. Para algumas nações, os benefícios de se substituir a frota de tração por combustão para tração por baterias são tantos que já motivaram a adoção de políticas de incentivo, principalmente por meio de parcerias entre governo e montadoras, subsídios tributários e investimento em infraestrutura. O objetivo é reduzir custos para o consumidor final, estimulando a opção por este meio de transporte, e implantação de pontos de recarga nas cidades, que é outra medida fundamental para viabilizar a expansão dessa frota. VEs no mundo Prova disso está nos números e nas metas fixadas por estes países. No Japão, por exemplo, onde a presença dos carros elétricos já está consolidada, os investimentos para ampliar a infraestrutura são de aproximadamente US$ 1 bilhão e o objetivo do governo é que, até 2020, 20% da frota seja formada pelos elétricos. A Noruega, que tem a maior frota mundial de veículos elétricos per capita, comercializou quatro mil unidades no ano passado, o equivalente a 9% da frota nova. Até 2020 o país espera ter 200 mil VEs em circulação. Já a China, cujo governo subsidia a aquisição de cada unidade, tem como meta substituir cinco milhões dos automóveis que hoje estão em uso por carros elétricos. Nos Estados Unidos, onde a produção dos VEs ainda é recente, a aceitação vem crescendo e, com ela, a redução dos preços. Um desses modelos custa até US$ 30 mil, o equivalente a R$ 72 mil. No país, a meta é que, até 2020, a frota de elétricos seja de um milhão. Benefícios do VE E as razões para tanta aceitação são claras. O pesquisador do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da Universidade de São Paulo (USP) Douglas Wittmann explica que os VEs são menos nocivos ao meio ambiente sonora e quimicamente, o que melhora a qualidade de vida da população. Além disso, equivale aos automóveis à combustão em termos de potência; exige menores custos operacionais e de manutenção; e reduz o consumo de energias não renováveis. Conforme o presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), Pietro Eerber, os benefícios para o bolso, quando o carro já está rodando, são efetivos: “Se pensar na tarifa elétrica residencial, você gasta, por quilômetro rodado, entre um terço e quarto do que gastaria utilizando gasolina, dependendo o tamanho do carro”, diz ele. A autonomia fica, em média, em 120 km. Realidade brasileira “Em todas as economias avançadas há incentivos para uso de carros elétricos com o objetivo de estimular o desenvolvimento e a difusão dessa tecnologia”, ressalta Jayme Buarque de Hollanda, diretor-geral do Instituto Nacional de Eficiência Energética (INEE) e presidente do conselho diretor da ABVE. “No Brasil, entretanto, há forte desincentivo ao emprego de carros elétricos, pois o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) atribui a este acionamento a alíquota mais elevada para essa classe de veículos”, complementa. Este é um dos desafios que somente poderá ser superado com a adoção de uma política clara de incentivo a este segmento. Algo que, embora em estudo pelo governo federal, ainda está distante de ser efetivado. Como resultado, a produção nacional desses modelos ainda é inexistente, o custo inicial elevado inviabiliza a aquisição de modelos pela maior parte da população e a indústria automobilística no Brasil permanece com os pés no século XX. Sem incentivo, pesquisa ou fornecedores e com elevados tributos, o país permanece incapaz de trazer veículos prontos, insumos ou desenvolver uma cadeia para viabilizar a produção nacional. |