Microorganismos produzem “concreto vivo”
Microorganismos produzem massa semelhante ao concreto. No futuro, material pode substituir o drywall em paredes de vedação.
Crédito: CU Boulder College of Engineering and Applied Science
Do termo inglês “Living Building Materials” (LBMs), os materiais de construção vivos são pesquisados cada vez com mais intensidade pelo universo acadêmico. A mais recente descoberta está em desenvolvimento no departamento de engenharia civil, ambiental e de arquitetura da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos. Uma equipe interdisciplinar de engenheiros-pesquisadores criou um material similar ao concreto, que é produzido por bactérias. O estudo foi publicado em janeiro de 2020 na revista científica Matter.
Misturadas à água quente, em ambiente iluminado e junto com areia, as cianobactérias regurgitam uma massa que se mistura aos demais agregados, e que se parece com o concreto. A mesma matéria serve de alimento para os microorganismos, o que possibilitou aos pesquisadores ter material suficiente para produzir protótipos semelhantes aos blocos de concreto não-estruturais, mas em dimensões menores.
Para acelerar a produção, os pesquisadores acrescentaram aos agregados (água quente, luz e areia) pequenas quantidades de gelatina incolor, o que fez com que as cianobactérias regurgitassem volumes maiores do material. Segundo o engenheiro estrutural da Universidade do Colorado, Wil Srubar, a gelatina funcionou como um aditivo. “A gelatina forneceu mais estrutura e trabalhou com as bactérias para ajudar o concreto vivo a crescer mais forte e mais rápido”, explica.
Comparativamente aos blocos de concreto convencionais, a resistência à compressão dos blocos produzidos com o material dos microrganismos fica entre 28% a 30% menor, ou seja, são menos resistentes. “Como a pesquisa está em seu início, ela tende a chegar a elementos mais resistentes”, avalia Wil Srubar. Conclusões preliminares avaliam que blocos fabricados com o material possam substituir o drywall em paredes de vedação.
Tempo de cura do material é de 7 dias, diferentemente dos 28 dias do concreto
O engenheiro também aponta a diferença entre o estudo desenvolvido na Universidade do Colorado e outros que utilizam bactérias no concreto. “Em estudos anteriores, os seres microscópicos são acrescentados aos agregados do material e conseguem preencher microfissuras, criando o chamado concreto autocicatrizante. Já na nossa pesquisa, são as próprias bactérias que geram o concreto”, diz.
Outra observação feita pela equipe envolvida com o estudo é que o tempo de cura para o material atingir seu fck é de 7 dias, diferentemente do concreto convencional que alcança sua resistência com 28 dias. Os testes de compressão uniaxial e com prismas utilizaram amostras com as seguintes dimensões: 90x25x25 mm. Os exames aconteceram aos 7 dias de cura dos elementos, com temperatura ambiente de 22 °C.
O departamento de Defesa dos Estados Unidos financia a pesquisa, com o objetivo de utilizar os blocos em missões fora do planeta ou para construções em ambientes inóspitos, como os desertos. “Não há como transportar materiais de construção para o espaço ou lugares de difícil acesso. A biologia fará esse papel”, prevê Srubar.
O engenheiro estrutural da Universidade do Colorado, Wil Srubar, coordena a pesquisa do “concreto vivo”.
Crédito: CU Boulder College of Engineering and Applied Science
Entrevistado
University of Colorado Boulder (Department of Civil, Environmental and Architectural Engineering) (via assessoria de imprensa)
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Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330