Nova tecnologia de saneamento elimina contaminantes emergentes
A sedimentação primária quimicamente aprimorada com ferro (Fe) roda em paralelo com a acidogênese.
[Imagem: The University of Hong Kong]
Saneamento do futuro
Praticamente tudo no mundo mudou muito nas últimas décadas, dos produtos industrializados e alimentícios aos hábitos de vida.
Assim, não é surpresa que nosso lixo também tenha mudado, surgindo novos poluentes inexistentes pouco tempo atrás - são os chamados contaminantes emergentes, que incluem dos microplásticos aos restos de medicamentos não processados pelo corpo humano.
Atendendo a essas novas necessidades de novas tecnologias de saneamento, pesquisadores da Universidade de Hong Kong desenvolveram uma tecnologia de tratamento de águas residuais que consegue não apenas remover os poluentes - os velhos e os novos -, como também recuperar vários deles que possuem valor comercial, como o fósforo e alguns materiais orgânicos.
O novo sistema combina a tradicional sedimentação primária do esgoto - acrescida de um aprimoramento químico - com a fermentação acidogênica do lodo.
Remoção de contaminantes emergentes
Os testes em escala piloto demonstraram que a combinação das duas técnicas remove os contaminantes químicos emergentes das águas residuais mesmo quando eles se apresentam em quantidades-traço - com uma concentração mínima.
Uma das maiores preocupações está nos retinoides e nos disruptores endócrinos. Retinoides, como os ácidos retinoicos e seus metabólitos, que são derivados da vitamina A, podem causar desenvolvimento morfológico anormal em anfíbios, peixes e caracóis. Já os desreguladores endócrinos estrogênicos, como os alquilfenóis e o bisfenol A, podem induzir a feminização de peixes machos e o desenvolvimento anormal em organismos aquáticos. Isto, é claro, sem contar os malefícios causados ao ser humano quando as águas tratadas retornam para o consumo humano.
Além de eliminar esses compostos químicos, o novo sistema de tratamento de esgoto mostrou-se mais eficiente economicamente em comparação com os sistemas convencionais de tratamento de águas residuais.
Um ganho adicional é que a fermentação acidogênica permite recuperar do lodo matérias-primas de carbono e fosfato, que podem ser utilizados para produzir fibras de carbono e fertilizantes, respectivamente, segundo a equipe. Outro ganho é a possibilidade de coleta do hidrogênio, um combustível limpo por excelência.
Detalhes da planta-piloto em escala de laboratório. Uma unidade em escala real já está em construção.
[Imagem: The University of Hong Kong]
Unidade semi-industrial
Uma unidade de tratamento de esgoto usando a nova tecnologia já está em construção na localidade de Shenzhen.
"Estamos muito felizes em reunir evidências para dar suporte à nossa hipótese de que nosso novo sistema de tratamento de esgoto pode efetivamente remover os contaminantes químicos emergentes. Com a planta-piloto ampliada em Shenzhen, investigaremos mais a eficiência de remoção de outras classes de poluentes comuns por esse novo sistema de tratamento," disse o professor Kenneth Leung.