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SANEAMENTO

Os reais índices de tratamento de esgoto na cidade do Rio de Janeiro

institutodeengenharia.org.br - 19 de junho de 2020 1108 Visualizações
Os reais índices de tratamento de esgoto na cidade do Rio de Janeiro

O Atlas Esgotos: Despoluição de Bacias Hidrográficas da Agência Nacional de Águas (ANA) traz a análise da situação do esgotamento sanitário nas 5.570 cidades brasileiras e dos impactos do lançamento dos esgotos nos rios, lagos e reservatórios do País.

No caso do Rio de Janeiro, de acordo com o levantamento procedido pela ANA em seu Atlas Esgotos, a carga orgânica gerada no município era, em 2013, de 347 t DBO/dia para uma vazão de 14.3 m3/s. Desta, cerca de 214,5 t DBO/dia são lançadas sem tratamento aos corpos d’água. Isto significa que apenas 132 t DBO/dia ou o equivalente 38% são tratados, segundo a ANA.

Entretanto, nesta estimativa, a ANA, inexplicavelmente, adota como critério que a redução de carga orgânica quando do lançamento ao mar por meio de emissários submarinos antecedido de tratamento primário (não seria preliminar?) é de apenas 30%. Assim, no caso do emissário de Ipanema, a carga dada como tratada seria de 28 t DBO/dia de um total de 93 t DBO/dia para uma vazão de 3.8 m3/s que é toda lançada.

No meu entendimento, o percentual considerado deveria ser de 100%, pois o afastamento foi total (4.5 km) e os esgotos não retornam, conforme atestado pelos padrões de balneabilidade da praia de Ipanema.

Nestas condições, o total de esgotos tratados no município do Rio seria de fato acrescida de 65 t DBO/dia, perfazendo na realidade 203 t/dia e não mais 138 t/dia. Deste modo, o percentual de esgotos tratados se elevaria a 58% e não mais a 38%, sem considerar o emissário da Barra que ainda não operava na ocasião.

Considerando o emissário da Barra, não incluído no Atlas em 2013, este percentual se elevaria para 65,7%.

Esta nova sistemática, já emplacada pela ANA, em razão de ser tecnicamente defensável, restabelece a verdade dos fatos e é um dado importante para também orientar o planejamento visando a universalização do tratamento de esgotos da cidade do Rio de Janeiro.

 

Por José Eduardo Cavalcanti*

É engenheiro consultor, diretor do Departamento de Engenharia da Ambiental do Brasil, diretor da Divisão de Saneamento do Deinfra – Departamento de Infraestrutura da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), conselheiro do Instituto de Engenharia, e membro da Comissão Editorial da Revista Engenharia

*Os artigos publicados com assinatura, não traduzem necessariamente a opinião do Instituto de Engenharia. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo