A aquisição de bens é um fator importante no mercado da construção e requer um planejamento assertivo, que promova a produtividade da operação e, ao mesmo tempo, não permita a descapitalização do negócio. Em meio à pandemia do novo coronavírus, houve uma transformação na oferta de soluções financeiras, principalmente, pela redução da taxa de juros, pela elasticidade dos prazos e pela carência do início dos pagamentos.
Nesse cenário, o financiamento dos bancos de montadoras cresceu. Sergio Moreira, Diretor Comercial do Banco John Deere, afirmou durante a Sobratema Webinar “Soluções para Aquisição de Bens”, que até março, a cada 100 equipamentos comercializados, entre 40% e 45% eram financiados pelo banco. Atualmente, nesta mesma base, houve um crescimento entre 10 a 15 pontos, alcançando entre 50% a 55% de financiamento.
“O primeiro motivo é que o banco de fábrica atende de forma constante, ou seja, em euforia ou retração”, explicou Moreira, que elencou como segundo motivo a rápida adaptação do Banco John Deere para o atendimento virtual, uma vez que eles já prestavam parte do atendimento dessa maneira.
Além disso, as ações estratégicas promovidas pelo banco neste período também foram importantes para a continuidade das vendas. “Lançamos financiamentos para que o cliente consiga fazer um fluxo de caixa até o início do pagamento pela aquisição da máquina. Mantivemos nossa política, porém enxergamos a oportunidade e a adaptamos à realidade”, disse Moreira.
Quanto ao prazo de financiamento, o diretor comercial do Banco John Deere afirmou não ter havido solicitações para um alongamento desse prazo, com a média se mantendo entre 36 e 48 meses. Contudo, ele contou que percebeu um movimento de clientes procurando o pagamento à vista, em especial, pela taxa de juros reduzida e pelas oportunidades apresentadas pelo banco. “A média é de 10% e 12%. Mas, neste ano, o percentual está em 23%”. A seu ver, o empresário está fazendo as contas e percebendo que o recurso aplicado não está dando o retorno esperado e, com isso, decidiu aplicar no negócio, que certamente trará maior rentabilidade. “O investimento em máquina é uma oportunidade, que dará um retorno entre 10% e 20% ao ano”.
Eurimilson Daniel, vice-presidente da Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema) e diretor da Associação Nacional dos Sindicatos e Representantes de Locadores de Máquinas, Equipamentos e Ferramentas (Analoc), moderador do evento virtual, questionou Moreira sobre a influência da taxa Selic no financiamento dos equipamentos. Ele respondeu que a Selic é uma referência de curto prazo. Assim, para um financiamento para aquisição desses bens ela não é aplicada devido à incerteza do mercado. Uma saída para ele seria a aplicação de uma taxa variável, para financiamentos de médio e longo prazos. E, isso é uma tendência no mercado agrícola, por exemplo.
Uma modalidade diferente foi apresentada pela Grenke Brasil durante o webinar da Sobratema e da Analoc, transmitido no dia 23 de julho, pelo Canal da Sobratema no Youtube. A solução financeira trabalha com parceiros – fabricantes, revendedores e distribuidores – e clientes finais, que pagam uma mensalidade pelo uso do bem. Ou seja, a Grenke compra o equipamento escolhido pelo cliente e o oferece na modalidade de locação. “Alguns pedidos são aprovados em até 20 minutos e trabalhamos com contratos de 12 a 72 meses”, explicou Marcio Vidal, diretor da Grenke.
Barbara Moya, Key Account Manager da empresa, complementou ainda que a vida útil do bem é importante neste conceito. Assim, é possível estender o contrato para que o cliente utilize o equipamento até o final de sua vida útil. Essa extensão pode resultar em um desconto de mensalidade de até 90%. Ela disse ainda que se a opção for de um upgrade do equipamento, por exemplo, a Grenke tem uma operação bastante flexível que permite criar oportunidades de negócios nesse caso tanto para o parceiro como para o cliente.
Entre os benefícios dessa modalidade, Vidal citou que a empresa não precisará usar sua linha de crédito, a não criação de qualquer tipo de endividamento, o melhor planejamento para o pagamento das mensalidades, menor burocracia em comparação a uma aquisição de bem. Ademais, a aprovação de uma OPEX é mais rápida e fácil do que uma CAPEX.
Durante o Sobratema Webinar: “Soluções para Aquisição de Bens”, Emerson Moroz, Gerente do Consórcio Volvo falou sobre a situação atual do consórcio no Brasil aos participantes. A modalidade também recebeu uma procura maior com a diminuição da taxa Selic. “O consórcio é uma grande ferramenta porque é investimento no médio prazo, no qual se sabe exatamente quanto vai pagar no futuro”, ponderou.
Segundo ele, o custo de aquisição do equipamento torna-se mais barato porque não há uma taxa de juros e, sim uma taxa de administração de 0,13% ao mês. O consorciado tem até 100 meses para pagar, mas pode reduzir esse prazo por meio de lance. Com isso, é possível realizar uma adequação boa do fluxo de caixa. Esse tipo de modalidade é usada para a aquisição de um bem ou para a renovação de uma frota, por exemplo. No caso da Volvo, os consorciados ainda participam de campanhas especiais, no qual podem concorrer a prêmios.
O Gerente do Consórcio Volvo ainda ressaltou que não existem taxas extras a serem pagas, apenas um reajuste dentro do poder de compra do consorciado, entre 3% a 4% ao ano. “O consórcio é genuinamente brasileiro, onde a inflação está sob controle”, disse.
O evento virtual contou ainda com as saudações iniciais e finais de Afonso Mamede e Reynaldo Fraiha, presidentes da Sobratema e Analoc, respectivamente. Os dois executivos ressaltaram a importância da realização do Webinar neste momento em que há uma recuperação no setor da construção e na compra de máquinas. Ainda na abertura, Rolf Pickert, diretor geral da Messe München do Brasil, trouxe informações sobre a M&T Expo 2021, maior feira de equipamentos para construção e mineração da América Latina.
Para assistir ao webinar na íntegra, é só acessar o Canal da Sobratema no Youtube.