Tecnologia permite reconstruir pontes em 15 dias
Em 2007, o colapso de uma ponte em Minneapolis, que resultou em 13 mortes e 145 feridos, levou o Federal Highway Administratiom (FHWA) a investigar patologias em todas as obras de arte dos Estados Unidos. O organismo, que equivale ao Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte) no Brasil, detectou que 75 mil, das 600 mil pontes e viadutos no país, estavam em risco. O plano de recuperação das estruturas mais comprometidas veio de uma tecnologia que já estava amadurecendo na Florida International University (FIU): osistema ABC (Accelerated Bridges Construction).
A inovação não reabilita construções, mas as substitui por um processo de industrialização baseado em estruturas pré-fabricadas e pré-moldadas. “Além de gerar menos transtornos, pois a recuperação de uma obra pode levar até cinco meses, o sistema é mais simples. Utiliza soluções modulares pré-fabricadas e pré-moldadas, substituindo o tabuleiro e as obras de arte. É mais econômico e mais rápido do que recuperar estruturas antigas”, diz o presidente em exercício do Ibracon (Instituto Brasileiro do Concreto) Júlio Timermann, em palestra no seminário Projeto, Construção, Sistemas Construtivos e Manutenção de Obras de Infraestrutura viária e mobilidade urbana, promovido pelo instituto em parceria com a Abcic (Associação Brasileira da Construção Industrializada) durante a Brazil Road Expo 2014.
Nos Estados Unidos, o Accelerated Bridges Construction (veja vídeos ao final da reportagem) tem conseguido viabilizar novas pontes e viadutos em até 15 dias. “Há um forte investimento em planejamento, materiais e métodos inovadores industrializados e modulares que permitem cumprir esses prazos. Eles têm implementado uma obra completa em 15 dias”, confirma Timermann. O presidente em exercício do Ibracon conta que as empreiteiras norte-americanas instalam o canteiro de obras ao lado da estrutura a ser substituída e garantem um empreendimento com menor impacto ambiental e maior sustentabilidade. “Além disso, é uma obra que aumenta a segurança do trabalhador”, completa.
Padronização
Transportando para o Brasil, ainda há poucas iniciativas com o sistema ABC. A primeira foi realizada pela concessionária Arteris na rodovia dos Tamoios, em São Paulo. A CCR também já estuda a tecnologia. Para Timmermann, a maioria das obras de arte existentes nas rodovias brasileiras pode ter acesso à inovação, pois tem tabuleiros inferiores a 50 metros e estão em áreas secas ou sobre rios com curso d’água que não atrapalha a operação de equipamentos. Para ele, o importante é que o Dnit intervenha para criar um modelo único. O sistema ABC, chegando ao Brasil, precisa de uma padronização de pilares, travessas e lajes de aproximação”, alerta.
No sistema ABC, enquanto se está cravando as estacas fabrica-se as longarinas no canteiro de obras. Já o tabuleiro vem pronto. “As estruturas trabalham solidarizadas e atuam como se fosse uma obra monolítica”, afirma. Para disseminar e padronizar a tecnologia nos Estados Unidos, o FHWA tem investido em palestras, seminários e treinamento.
Veja vídeos sobre o Accelerated Bridges Construction
Entrevistado
Engenheiro civil Júlio Timermann, presidente em exercício do Ibracon (Instituto Brasileiro do Concreto) e diretor-geral da Engeti Consultoria e Engenharia SS Ltda
Contato: projetos@engeti.eng.br
Créditos Fotos: Divulgação/FHWA/Cia. Cimento Itambé
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330