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Futuras inovações tecnológicas

Waldir L. Roque - Agência Brasil - 13 de maio de 2014 1391 Visualizações
 Futuras inovações tecnológicas
O último número de uma das mais respeitadas revistas sobre tecnologia e inovação aponta as dez mais importantes áreas emergentes e que serão responsáveis, nos próximos anos, pelos grandes avanços tecnológicos, com inovações radicais e incrementais. Tais áreas são: Redes de sensores sem fio, engenharia de tecidos orgânicos injetáveis, nano-células solares, mecatrônica, malhas computacionais, imageamento molecular, litografia por nano-impressão, garantia de software, glicômicos e criptografia quântica. São áreas que requerem uma grande capacidade científica para seus desenvolvimentos, e portanto, recursos humanos qualificados para atuarem em pesquisas avançadas.
Por outro lado, os benefícios advindos de tais áreas urgem uma capacitação tecnológica e industrial que seja capaz de receber os avanços e converte-los em produtos com alto retorno de capital. O sucesso destas áreas, como fontes de processos de inovação tecnológica, depende fortemente da aplicação de recursos estáveis, os quais, nos Estados Unidos, são provenientes de fundos públicos e privados.
No Brasil, a pesquisa é essencialmente realizada nas universidades e centros de pesquisas, que na sua maioria são instituições de natureza pública. Das áreas tecnologicamente emergentes, algumas são investigadas por poucos pesquisadores nacionais, estando longe de termos condição de competitividade e transferência de tecnologia. Nos Estados Unidos tais áreas recebem um volume de recurso muito superior ao orçamento de nossas agências de fomento à pesquisa, o que coloca nossa competitividade à níveis irrisórios.
Apenas um único projeto de pesquisa na área de glicômicos dispõe de um financiamento público de US$ 34 milhões para um período de cinco anos. O valor deste projeto é superior a todo o recurso do CNPq destinado ao auxílio à pesquisa do ano de 2000, que foi de US$ 27.5 milhões.
No lado tecnológico, o grosso da produção industrial brasileira é caracterizado por sua baixa e média-baixa tecnologia, sendo menos de 10% da receita liquida industrial proveniente da produção caracterizada como de alta tecnologia. As baixas tecnologias não possuem grande valor agregado e por isso não apresentam um alto valor de retorno. São tecnologias que vão aos poucos se tornando uma espécie de commodities tecnológicas. Um estudo recente, publicado na Revista Brasileira de Inovação Tecnológica, mostra que o sistema brasileiro de inovação é imaturo e altamente concentrado, o que não favorece em nada o processo inovador. Além do mais, a falta de uma política industrial adequada para o setor não favorece à criação de um sistema nacional de inovação tecnológica.
No Brasil a probabilidade de uma empresa multinacional exportar é sete vezes maior que uma empresa nacional. Isto evidencia a vulnerabilidade do nosso sistema industrial. Deste modo, é importante que políticas de desenvolvimento regional sejam realizadas, que o fortalecimento do sistema de fomento à pesquisa no setor público e privado seja seriamente estimulado e que incentivos à cooperação acadêmica-industrial sejam considerados como metas prioritárias dos governos. Os programas de cunho social adotados pelos governos só serão realmente eficazes se o país for capaz de criar novos postos de trabalho e isto só será alcançado se ampliarmos a nossa competitividade tecnológica, favorecendo o crescimento econômico.
(Waldir L. Roque é professor do Instituto de Matemática da Universidade Federal do Rio Grande do Sul-UFRGS.)