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Automação e TIC aumentam a demanda por engenheiros

- 27 de agosto de 2020 1852 Visualizações
Automação e TIC aumentam a demanda por engenheiros

Os setores de Automação e Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC) são os que mais têm demandado engenheiros em 2020, de acordo com o SEESP (Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo). Isso porque a pandemia do novo coronavírus intensificou a necessidade das empresas em automatizar os processos internos, cuidar da segurança de dados captados e investir em inteligência artificial.

De acordo com Murilo Pinheiro, presidente do SEESP, estima-se que a pandemia está exigindo a antecipação, em pelo menos 10 anos, da adoção maciça de tecnologias baseadas em plataformas digitais. “Podemos dizer que a migração do ‘presencial’ para o ‘digital’ foi compulsória, sem muito tempo para planejamentos”, conta ele. Essa dinâmica aliada ao pouco preparo técnico de muitas empresas pode resultar em um apagão de serviços.

Em um cenário com alta movimentação remota, estimulou-se o acesso às informações corporativas, operação de sistemas de forma distribuída, armazenamento em nuvem, data centers potentes, entre outros exemplos que, por sua vez, necessitam de geradores, máquinas de ar-condicionado, eletricidade, instalações mais robustas, bem como projetos – toda uma linha de trabalho que requer a Engenharia.

Pinheiro explica que a instituição possui uma área dedicada a divulgação de vagas de engenharia em geral (o Oportunidades na Engenharia) e, com base nas movimentações deste banco, é que o SEESP tem a percepção citada acima. “São atividades que dizem respeito a diversas tecnologias a serem aplicadas nas mais diferentes atividades econômicas, indo desde a automação de processos até as áreas fiscais e financeiras das empresas”, comenta ele.

Retração do mercado de trabalho e falta de competência emocionais

Mesmo com o momento favorável para essas áreas de atuação, Pinheiro lembra que de maneira geral, a atual situação é de queda para o mercado, uma vez que a maior parte das empresas estão reestruturando suas equipes para seguirem no pós-pandemia com um ritmo mais lento. “Ainda não temos um levantamento preciso para quantificar o impacto da pandemia na área de Engenharia, como número de demissões e admissões. Precisamos ressalvar que a Engenharia é exercida de diversas formas, incluindo a autônoma e diariamente temos informações de que houve uma redução drástica nas atividades econômicas das mais diversas”, diz.

O que pode ser um diferencial para o engenheiro que busca recolocação profissional é o desenvolvimento de competências, tanto as técnicas quanto as emocionais. No primeiro caso, os engenheiros brasileiros são bem avaliados tanto por Pinheiro, quanto por Kátia Miyzono, diretora de Consultoria da Acerto RH, empresa especializada em gestão estratégica de pessoas.

Sendo assim, as competências emocionais podem ser um diferencial para o profissional. “Recebemos currículos fantásticos de engenheiros, profissionais com experiências, vários idiomas e formados em instituições de ponta”, comenta Kátia. “Mas muitas vezes, eles esquecem de trabalhar algumas competências voltadas ao desenvolvimento humano”, complementa. Como exemplos de habilidades pouco trabalhadas pelos engenheiros, Kátia aponta a comunicação, relacionamento interpessoal, gestão de conflitos e inteligência emocional.

Para ela, é justamente este tipo de habilidade que pode ajudar os engenheiros a buscar resultados mais certeiros e de maneira rápida, uma vez que as empresas são feitas por pessoas e o comportamento tem sido uma das características muito avaliadas internamente nas empresas na hora de reter um colaborador.

O caminho para desenvolver competências emocionais é, segundo ela, o autoconhecimento: ter a clareza de quais são os pontos fortes e pontos de melhoria. “Se eu não sei minhas fraquezas, não sei quais são minhas fortalezas. Não sei para onde quero ir e onde desejo chegar – dificilmente chegarei a algum lugar dessa forma”, finaliza Kátia.

Desafios

Passando pela qualificação, os engenheiros precisarão ficar atentos às tendências e aos novos desafios do mercado de trabalho após a crise mundial na saúde pública. A pandemia mostrou como as mais diversas áreas da engenharia podem atuar em prol da sociedade como um todo, passando pelo desenvolvimento de soluções de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), pelo cruzamento de dados para o acompanhamento de casos da doença até à Segurança do Trabalho na adaptação das empresas. “A pandemia servirá, sem dúvidas, como reforço da importância do investimento em profissionais capacitados. Tudo está interligado, de modo que a operação indevida de uma parte impacta em todo o sistema”, diz Pinheiro.

O especialista finaliza pontuando que a palavra “sustentabilidade” também ganhou ainda mais força e relevância para as atividades do setor durante a crise e que esse deve ser o norte para novas ações. “Os diversos modos de fazer, de se trabalhar, de produzir, se locomover... tudo deverá passar por filtros que sejam aderentes às práticas ambientais sustentáveis, economicamente viáveis e socialmente justas”, diz ele.