Pesquisadores da Faculdade de Engenharia Civil e Arquitetura (FEC) da Universidade Federal de Campinas (Unicamp), em parceria com a MarquesParizotto Engenharia, empresa que presta consultoria e elabora projetos de engenharia ambiental, desenvolveram um sistema de tratamento de esgoto que promete resolver um dos temas mais discutidos pelo setor atualmente: a gestão inteligente dos fluidos com pouco impacto ambiental.
A solução consiste em uma estação de tratamento composta por biofiltros ligados uns aos outros paralelamente. Há uma entrada para o esgoto bruto e uma saída para o efluente tratado. Os biofiltros utilizados são formados por matéria orgânica, que pode ser de origem animal ou vegetal somada a vermes ou minhocas. O processo torna-se eficiente na medida em que as bactérias do próprio esgoto se alocam no filtro e auxiliam na filtração, adsorção e degradação do material bruto.
Essa é uma técnica conhecida como vermifiltração e é aplicada desde meados dos anos 90, apesar de pouco explorada em âmbito nacional. Por sua simplicidade, este método torna-se uma opção viável principalmente para sistemas de tratamento caseiros, ideais para famílias que residem em zona rural, por exemplo. Além de barato e de simples construção, o sistema também se mostra sustentável na medida em que ainda fornece água de reuso (para irrigação de jardins, por exemplo) e adubo.
Mas a grande novidade do sistema inventado pelos pesquisadores da Unicamp ficou por conta do design que, segundo os inventores, não demanda grandes estruturas de alvenaria e pode ser construído em locais com pouca disponibilidade de espaço. “Não há limitações”, explica Marcelo Marreco, engenheiro ambiental e sócio proprietário da MarquesParizotto. “Podemos modular o sistema de tratamento de acordo com a necessidade de projeto do nosso cliente e esse é um grande diferencial”, pontua. A foto abaixo, traz o protótipo da estação de tratamento.
Foto: Francisco Madrid, um dos desenvolvedores do sistema
Francisco Madrid, também engenheiro e pesquisador da Unicamp, conta que cada módulo do sistema possui capacidade para tratar, em média, até mil litros de esgoto. “Por ser adaptável, podemos incluir novos módulos com o passar do tempo e ampliar a capacidade da estação conforme demanda”, diz.
Histórico
O projeto estava em desenvolvimento por Madrid e Marreco desde 2015, quando a empresa em que Marreco é sócio buscava por uma solução móvel e eficiente de tratamento de esgoto para oferecer ao mercado.
“Nós amadurecemos a ideia e, no início, o desafio foi acertar algumas quantidades como, por exemplo, com o quanto de esgoto bruto poderíamos encharcar os filtros?”, comenta Madrid. “Depois que ajustamos, foi mais tranquilo desenvolver”, comenta.
Ao conseguirem comprovar a capacidade e a eficiência do tratamento, ambos o submeteram ao PIPE Empreendedor, uma ação da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), que tem o objetivo de apoiar a pesquisa científica. Amparados pela Fundação, eles puderam promover mais testes e preparar um modelo de negócios para o projeto.
Hoje, a tecnologia criada por eles já está licenciada e pode ser comercializada. “O próximo passo é produzir uma estação em escala maior e, para isso, buscamos apoio da iniciativa privada”, finaliza Marreco.