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Exportação de soja ganha atalho pelo Norte

Tatiana Freitas - Folha de S. Paulo - 10 de junho de 2014 1721 Visualizações
Exportação de soja ganha atalho pelo Norte
O sistema, que combina as modalidades rodoviária, hidroviária e marítima, deve reduzir o tempo do transporte dos grãos, o custo do frete e o congestionamento nos portos do Sudeste, que concentram o embarque do principal produto exportado pelo Brasil.
O primeiro terminal de exportação nesse modelo será inaugurado hoje pela Bunge em Barcarena (PA), de onde a soja seguirá em navios Panamax, com capacidade para 65 mil toneladas, para a Europa e para a Ásia. O primeiro deve deixar Barcarena amanhã, em direção à Espanha.
A maior parte da soja exportada sairá do norte de Mato Grosso, maior Estado produtor. A carga seguirá pela BR-163 até uma estação de transbordo em Miritituba, no oeste do Pará, onde será colocada em barcaças que irão navegar pelo rio Tapajós, até o terminal de Barcarena.
Outros sete sistemas logísticos semelhantes, com o recebimento da soja em Miritituba e o embarque em Barcarena, devem ser construídos, demandando R$ 6,2 bilhões em investimentos, segundo Renato Pavan, diretor da consultoria Macrologística.
A ADM (EUA), outra gigante do setor, e a operadora logística Hidrovias do Brasil estão entre os investidores.
A Bunge investiu R$ 700 milhões no projeto, com a parceria do Grupo Amaggi no transporte hidroviário, a ser feito pela Unitapajós, joint venture entre as empresas.
O Terfron (Terminal Fronteira Norte), da Bunge, deve exportar 2 milhões de toneladas de grãos neste ano, e a meta é dobrar o volume em 2015. Além da soja, o milho da safrinha também poderá ser exportado pela rota.
O presidente da Bunge Brasil, Pedro Parente, diz que a capacidade pode chegar a 8 milhões de toneladas em 2018. O volume é significativo: no ano passado, a mesma quantidade (8 milhões de toneladas) foi exportada pelo terminal da Bunge em Santos (SP).
De acordo com Pavan, em 2022 Barcarena terá o maior terminal exportador de grãos do Brasil, com capacidade para 22 milhões de toneladas, ante as 18 milhões de toneladas do porto de Santos, que ficará estagnado.
Segundo Parente, a nova rota permitirá uma economia de 20% no tempo do transporte da soja para a Europa e de 15% para a China.
Ele não estimou qual será o impacto no custo do frete, que pode variar de acordo com vários fatores, inclusive o tamanho do congestionamento para chegar a Santos.
Mas Edeon Vaz Ferreira, do Movimento Pró-Logística da Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso), diz que a saída pelo Norte reduzirá o valor do frete em 34%, considerando o transporte de Sorriso (MT), principal município produtor do país, a Santos.
Essa alternativa de transporte nos ajuda a consolidar o Brasil na liderança das exportações de soja. No próximo ano, teremos capacidade para exportar mais 4 milhões de toneladas, diz Parente.

Ferrovia
Os investimentos das tradings em logística não devem parar por aí. Empresas que concentram cerca de 70% das exportações brasileiras de soja, como Bunge, Cargill, Dreyfus e Amaggi, tentam viabilizar a construção de uma ferrovia de Sinop (MT) a Miritituba, o que aumentaria a eficiência do sistema inaugurado hoje. Com essa ferrovia, o trecho de mil quilômetros, que hoje é percorrido por caminhões, seria feito por trens.
Segundo Parente, essas empresas manifestaram ao governo interesse em atuar como operadores ferroviários independentes. A discussão ainda está no campo conceitual, mas a proposta foi bem recebida pelo governo.