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Eficiência energética estimula cimento ecológico

Por: Altair Santos - massa cinzenta - 10 de junho de 2014 1578 Visualizações
 Eficiência energética estimula cimento ecológico
O Brasil, de acordo com a Cement Sustainability Initiative (CSI) – organismo global que promove auditorias desustentabilidade na indústria de cimento – é benchmarking mundial em coprocessamento de biomassa. Isso se deve à grande eficiência energética atingida pelas plantas instaladas no país. O setor alcança esse desempenho ao substituir a queima do coque de petróleo, para a fabricação de clínquer, por resíduos líquidos, pastosos e sólidos em seus fornos, economizando matérias-primas. Só no ano passado, 1,2 milhão de toneladas de resíduos foram coprocessados nas instalações produtoras de cimento.  Os números foram apresentados no 6º Congresso Brasileiro de Cimento (CBC) pelo diretor de tecnologia da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland) Yushiro Kihara.
 
Yushiro Kihara, diretor de tecnologia da ABCP: eficiência energética é um dos pilares que fundamentam a sustentabilidade da indústria de cimento
Segundo o geólogo e dirigente da ABCP, hoje o grande desafio da indústria de cimento é aliar desenvolvimento com baixo impacto ambiental. No Brasil, essa equação segue equilibrada, mas é preciso ter estratégias para enfrentar os desafios que virão. “Hoje, do total de cimento consumido no mundo, o país responde por 1,8%. É muito pouco. Por habitante, o brasileiro consome 350 quilos por ano, enquanto a média mundial é de 550 quilos. No entanto, a indústria nacional de cimento caminha para a conquista do oeste, planejando novas plantas em cidades do interior, e isso vai demandar estratégias para que o Brasil siga como referência em baixas emissões de CO2”, cita Yushiro Kihara, lembrando que atualmente os setores agropecuário e de produção de energia – por causa das termoelétricas – respondem por 88% das emissões de CO2 no país.
No 6º CBC, o consultor norte-americano Allan Andersen, especialista em estudos de novos materiais para a produção de cimento, lembrou que o Brasil tem um ambiente propício para a fabricação de materiais ecológicos, a partir da calcinação da argila em substituição ao clínquer. “Esta tecnologia garante um cimento de alta qualidade, com menos consumo de energia e emissões, e menor investimento inicial do que os processos tradicionais. O Brasil encontra-se numa posição privilegiada para essas pesquisas, pois tem várias reservas de argila e as usa pouco. Se quisesse, teria potencial para substituir imediatamente 50% do clínquer pela argila calcinada em seus cimentos”, afirma.

Coprocessamento na Itambé
Dair Favaro: Itambé projeta coprocessar 92 mil toneladas de resíduos em 2014
Há um ano, a Cia. de Cimento Itambé intensificou o coprocessamento de resíduos líquidos, pastosos e sólidos. Em 2013, foram levados aos fornos da fábrica de Balsa Nova, na região metropolitana de Curitiba, 63 mil toneladas de resíduos industriais. Para 2014, a projeção é de que sejam coprocessadas 92 mil toneladas. Para isso, foi criada a empresa Rio Bonito, que recebe, trata e analisa em laboratório próprio a qualidade dos resíduos. “O grande benefício é que o coprocessamento tira dos lixões materiais que ficariam expostos, muitos deles tóxicos, e que poderiam emanar vapores que contribuem para a emissão de CO2 e de NOx, elemento responsável pela chuva ácida”, explica Dair Favaro Júnior, gerente industrial da Itambé, e que no 6º CBC palestrou sobre o case da empresa em coprocessamento.
 
Entrevistados
- Geólogo Yushiro Kihara, diretor de tecnologia da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland)
- Engenheiro industrial Allan Andersen, pesquisador de materiais para a fabricação de cimentos ecológicos
- Engenheiro químico Dair Favaro Junior, gerente industrial da Cia. de Cimento Itambé
 
Contatos
 
Créditos Fotos: Divulgação/Cia. Cimento Itambé
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330