Nessa semana, aconteceu a BW Expo, Summit e Digital 2020. Com o objetivo de mostrar o atual cenário e novas tecnologias voltadas à sustentabilidade ambiental na construção, o evento reuniu palestrantes, entre os dias 17 e 19 de novembro, para tratar de temas como agronegócio sustentável, conservação de recursos hídricos, construção sustentável, economia circular, reciclagem de resíduos na construção, resíduos sólidos, entre outros.
Ao tratar sobre reciclagem de resíduos de construção e demolição (RCD), o curador Hewerton Bartoli, presidente da Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição (Abrecon), trouxe um panorama desta área no Brasil (RCD), apontando alguns dos principais desafios locais. “Entre 50% a 70% resíduos das cidades são oriundos da construção. Se tudo fosse reciclado, seria possível construir dois mil estádios do maracanã por ano”, analisou.
De acordo com Bartoli, há 10 anos, esse tipo de resíduo nem era considerado para reciclagem no Brasil. Hoje, o país começa a caminhar de forma positiva nesse sentido, mas ainda com percentual bastante baixo: apenas 5% dos resíduos de construções são reaproveitados. Por outro lado, o especialista aponta que haviam apenas 100 recicladores no radar da Abrecon em 2011, quando foi fundada, e neste ano já são mais de 400.
Para ampliar ainda mais essa realidade, Bartoli aponta a necessidade de se criar um plano que englobe todos os atores do setor, ampliando a visão desses sobre a área em que atuam. “O poder público precisa ver que o entulho é qualidade de vida e saúde, divulgando informações sobre o descarte correto. Já os geradores precisam ter mais consciência de que são parte de um coletivo e que precisam colaborar com a cidade. Os transportadores, por sua vez, são agentes importantíssimos para que o RCD chegue ao local adequado e, por fim, o destinatário precisa valorizar mais o resíduo e todo o ciclo da sustentabilidade”.
Além dos resíduos das construções e demolições, Luciano Mandinga, gerente de Concreto e Materiais da Guarani, ressaltou a importância de se reciclar os resíduos de serviços de concretagem e artefatos de concreto, uma vez que a norma técnica brasileira define que estes materiais podem ser aplicados para fabricação de concretos não estruturais. “Uma atualização da norma está sendo redigida, que possibilitará usar os agregados reciclados também para concretos estruturais”, contou Mandinga, que acrescentou que ainda não há previsão de publicação dessa atualização. Para ele, este é um mercado bastante promissor nos próximos anos, pois além de permitir redução de custos e otimização de materiais, também promove a logística reversa no setor (quando o material sai do seu ponto de consumo e retorna ao ponto de origem).
Tecnologia como aliada
Em um outro painel da BW Expo, estava Rafael Teixeira, diretor do Grupo Rafa Entulhos. Em sua palestra, “Rastreamento das caçambas de entulhos e uso de ferramentas eletrônicas na gestão dos resíduos da construção”, Teixeira apontou como a tecnologia pode ser uma aliada na gestão dos resíduos gerados pelo setor construtivo.
De acordo com ele, existem dois principais desafios para essa gestão: o de garantir o descarte correto dos resíduos e o controle logístico de transporte. Para o primeiro caso, a sugestão do especialista são as chamadas etiquetas RFID (Radio Frequency Identification, em inglês), que podem rastrear a localização das caçambas de resíduos utilizando a rádio frequência. “Elas possuem alta resistência mecânica e baixo custo de implementação, sendo viável tanto do ponto de vista operacional como econômica”, disse Teixeira. “Podemos fazer uma instalação com fibra de vidro, que durará toda a vida útil da caçamba”, complementou.
Já para próximos desafios, ligados à logística, a solução pode ser o tracking rotas. “Ele é capaz de enxergar em tempo real o mapa logístico, o que possibilita que o algoritmo tome a melhor decisão para organizar rotas mais eficientes, reduzindo trajetos e custos operacionais, além de identificar o tipo de resíduo transportado”, finalizou Teixeira.