A Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema) lançou, no dia 26 de novembro, a edição 2020 do Estudo do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção. O documento, produzido pela instituição desde 2007, tornou-se referência por trazer dados de mercado e apontar tendências para a infraestrutura. Neste ano, o estudo é portador de boas notícias para o setor, prevendo crescimento de 22% em vendas de equipamentos da linha amarela e de 14% para as máquinas ligadas à construção.
A pesquisa é realizada com construtoras, locadoras, fabricantes, dealers e associações do setor e mostra que o crescimento em 2020, mesmo diante da pandemia de Covid-19, se deu principalmente pelas demandas das áreas de agricultura, florestal e mineração – áreas pelas quais o país mantém grande parceria comercial com a China. “A gente tem que pensar que também se tratam de produtos precificados em dólar, que esteve muito alto nos últimos tempos”, comentou Mário Anibal Miranda, engenheiro e administrador, responsável pela condução desta edição do estudo.
As empresas que participaram da pesquisa também apontaram as áreas de prestação de serviços para municípios e estados, obras em aeroportos, portos e hidrovias e saneamento básico como potenciais motivadores de crescimento. “E a tendência é que o saneamento acabe indo para o topo da lista nos próximos anos, visto que temos o novo marco de saneamento básico”, disse Miranda.
Durante a apresentação, o especialista chamou a atenção para a redução da fatia de mercado da venda de máquinas importadas: de 23% em 2019, para 17% em 2020. De acordo com Miranda, a instabilidade da moeda e a alta do dólar são responsáveis por esse resultado, já que tornam a competitividade desses produtos menor diante dos compradores.
Os resultados positivos não representam uma realidade com poucos desafios. Entre os dados exibidos estão o que os atores do setor apontaram como os maiores desafios de 2020. No topo dessa lista está o item “Instabilidade na cadeia de suprimentos (equipamentos e peças de reposição)”, seguido por “Possível impacto no preço dos equipamentos” e “Ter pedidos e não ter equipamentos para entregar no prazo”. Neste último, vale a pena citar o fato de que a economia para esses setores se aqueceu durante a pandemia e o mercado não esperava por isso. A falta de preparo refletiu em alta procura e pouca oferta, reflexo que tem sido visto, inclusive, em outras atividades da cadeia produtiva.
O pós-pandemia e as perspectivas para 2021
Quando se trata de pensar no futuro, os participantes da pesquisa estão atentos nos investimentos. Eles apontaram o retorno dos investimentos públicos em infraestrutura e a retomada de obras paradas como principais elementos para movimentar o setor no próximo ano. Em segundo lugar, ressaltaram que é preciso aprovar reformas para aliviar as contas do Governo Federal, além de incentivos e segurança para que o investidor privado volte a aplicar dinheiro no país.
Lógica parecida segue o jornalista e economista Luís Artur Nogueira, palestrante e comentarista do evento. “É um cenário promissor que corrabora com o otimismo que os empresários demonstraram no estudo Sobratema, mas reitero que para o Brasil crescer no ano que vem precisamos ter algumas premissas, como a vacina segura ainda no primeiro semestre, o ajuste fiscal para ter a confiança do investidor, a retomada das reformas, principalmente, tributária e administrativa e, por fim, a estabilidade política e institucional”, alertou ele.
Para 2021, o crescimento estimado de vendas para as máquinas de todo o setor de construção é de 25% segundo o estudo. Esse número é considerado factível para os especialistas, visto que a taxa de crédito imobiliário é baixa e há mais de cinco mil obras públicas paradas em todo o país e a previsão de concessões de obras de infraestrutura.