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Arquitetura III

Conheça sete fatos que marcaram a arquitetura e o design em 2020

Gazeta do Povo - Por Sharon Abdalla - 18 de dezembro de 2020 857 Visualizações
Conheça sete fatos que marcaram a arquitetura e o design em 2020

Baseado em expectativas relacionadas à sustentabilidade e à inovação, 2020 abriu a nova década de forma completamente imprevista e intensa. As palavras transformação e adaptação pareceram nunca fazer tanto sentido, assim como a resiliência e a criatividade, que tem feito o mundo, ainda a passos lentos, avançar frente à pandemia da Covid-19. Neste cenário, o que não faltou foram ideias, tecnologias e soluções direcionadas ao esforço global de conter o contágio, de assistir os enfermos e de fazer do lar o refúgio que ele sempre foi - ou pelo menos deveria ter sido. Foram muitas as perdas, mas também diversas as vitórias e conquistas. Relembre sete momentos marcantes de 2020 na arquitetura e no design!

1- A Antártida é aqui
No dia 15 de janeiro os olhos do Brasil e do mundo estiveram voltados para o polo Sul, onde foi inaugurada a nova base brasileira na Antártida, após o incêndio ocorrido em 2012 nas instalações da Estação Comandante Ferraz. O projeto traz soluções e desenho adequados às condições inóspitas do continente gelado, que incluem desde variação térmica até os fortes ventos, e é assinado pelo escritório curitibano Estúdio 41, vencedor do concurso organizado pelo Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) em 2013, ainda no governo Dilma Rousseff. Além disso, venceu neste ano o Prêmio de Arquitetura Instituto Tomie Ohtake AkzoNobel e figura entre os 20 brasileiros selecionados que concorrem ao Prêmio Oscar Niemeyer (ON Prize), que celebra o melhor da arquitetura latinoamericana. O resultado será anunciado no Congresso UIA2021Rio, agendado para julho do próximo ano.

2- Pandemia



O CURA é uma cápsula de terapia intensiva montada dentro de contêineres.| Divulgação

Nunca na história recente um tema ganhou tanta relevância e teve tanto impacto na vida das pessoas como a pandemia do novo coronavírus. E em tempos de isolamento social, da necessidade urgente de se ampliar os espaços destinados aos doentes e de se proteger da ameaça invisível, era certo que a arquitetura e o design não ficariam de fora de tais esforços. Já nos primeiros meses do ano vimos profissionais do mundo todo mobilizando-se, individual ou conjuntamente, para pensar soluções em materiais e estruturas capazes de reforçar a luta contra a Covid-19.

A CURA (Connected Units for Respiratory Ailments), dos arquitetos italianos Carlo Ratti e Italo Rota, desenvolvida juntamente com uma equipe multidisciplinar de médicos, engenheiros e designers gráficos, entre outros profissionais, foi um exemplo. As unidades tratavam-se de cápsulas de terapia intensiva montadas dentro de contêineres, cujo objetivo era contribuir para o aumento da capacidade de UTIs mundo afora, um dos principais gargalos no sistema de saúde mundial para o tratamento dos infectados pelo coronavírus.

Purificadores de ozônio para desinfectar roupas e tecidos, robôs que esterilizam ambientes por meio de raios UVC, membranas antivírus, módulos para delimitar ambientes. Não faltou espaço para a inventividade e o poder inovador dos criativos que, mesmo com todos os esforços, esbarrava sempre no crescente aumento do número de óbitos. E as homenagens às milhões de vidas perdidas também vieram. Em agosto, o Uruguai foi o primeiro país a anunciar a construção de um Memorial Mundial à Pandemia, projeto de grande escala assinado pelo escritório Gómez Platero.


Memorial Mundial à Pandemia, no Uruguai, foi o primeiro memorial às vítimas da Covid-19 no mundo.| Divulgação

Mas foi o Brasil o primeiro país de quem se tem notícia a inaugurar uma obra em homenagem aos que se foram e também aos seus familiares e amigos que ficaram. Batizado de In-finito, o projeto de autoria da arquiteta Crisa Santos teve sua primeira instalação realizada no Crematório e Cemitério da Penitência, no Rio de Janeiro, em setembro, e está disponível para doação para empresas, prefeituras e instituições que desejem prestar tal homenagem.


No Brasil, o primeiro monumento às vítimas da pandemia é da arquiteta Crisa Santos, no RJ.| Divulgação/ Coletivo Crisa Santos Arquitetura

A esperança de uma vida pós-pandemia, por sua vez, prevê espaços distintos aos quais estávamos habituados. Na China, por exemplo, uma nova cidade foi projetada com um conceito quase oposto ao das torres envidraçadas de formas contemporâneas. Assinado pelo escritório barcelonês Guallart Architects, do arquiteto espanhol Vicente Guallart, o projeto tem a madeira como matéria-prima essencial e um conceito que prioriza o viver simples.


Projeto do escritório barcelonês Guallart Architect tem a madeira como matéria-prima e conceito focado na vida simples.| Reprodução/ Guallart Architects


Já para a Albânia, o estúdio do renomado arquiteto italiano Stefano Boeri, em parceria com o escritório de arquitetura SON-Group, projetou o distrito Tirana Riverside, que abrigará tecnologias de cidades inteligentes e requisitos de saúde para enfrentamento de novas pandemias e emergências sísmicas.


O estúdio Albânia projetou uma cidade inteligente já pensada para enfrentar novas pandemias e emergências sísmicas.| Divulgação

3- História brasileira contada em Portugal


| Arquivo Gazeta do Povo
Um dos principais e mais renomados arquitetos da geração modernista do Brasil e do mundo, Paulo Mendes da Rocha, 91 anos, gerou polêmica ao doar seu acervo profissional à Casa da Arquitectura, museu português dedicado à divulgação internacional da arquitetura. São mais de 8 mil itens que englobam todo o material produzido durante a vida profissional do arquiteto, entre projetos, desenhos, fotografias, maquetes e publicações. O acervo irá integrar a Plataforma Digital do Arquivo da Casa e terá uma exposição inédita, agendada para 2022.

4- Agora é que são elas



| Alice Clancy

Em março, o Pritzker Prize, considerado o Nobel da arquitetura, concedeu pela primeira vez a honraria a uma dupla de arquitetas. As irlandesas Yvonne Farrell e Shelley McNamara foram reconhecidas pela capacidade de criar espaços que são, ao mesmo tempo, respeitosos com a história dos lugares e inovadores na proposta de renovação espacial por meio de obras modernas e impactantes que nunca repetem ou imitam, mas que têm sua própria voz arquitetônica, nas palavras do júri e da direção do prêmio. Assim, elas passaram a compor o seleto grupo de arquitetas mulheres a receber a premiação, formado também por Zaha Hadid, Kazuyo Sejima (premiada com Ryue Nishizawa) e Carme Pigem (premiada com Rafael Aranda e Ramon Vilalta).

5-Despedidas
Carlos Eduardo Ceneviva


| Reprodução Youtube


Infelizmente, não foram poucos os grandes mestres que se despediram em 2020 para deixar seu nome e seu trabalho marcados na história da arquitetura e do design. Já nos primeiros dias do ano, em janeiro, Curitiba perdia Carlos Eduardo Ceneviva, aos 82 anos. Tido como o pai da rede integrada de transporte da capital paranaense, o BRT, desenvolvida pela equipe de trabalho de Jaime Lerner nos anos 1970, o arquiteto londrinense tornou-se referência mundial em mobilidade urbana, defendendo soluções de baixo custo e alta performance. Cerca de uma semana após sua morte, o BRT foi eleito como um dos 50 projetos mais influentes dos últimos 50 anos em todo o mundo, pelo Instituto de Gerenciamento de Projetos – o Project Management Institute (PMI), uma organização global com presença em mais de 160 países.

Abraham Palatnik


| Fundação Schmidt/ Reprodução

Vítima do novo coronavírus, o artista plástico Abraham Palatnik faleceu em maio, aos 92 anos. Pioneiro da arte cinética, o brasileiro natural do Rio Grande do Norte também é reconhecido por suas obras interativas, pinturas em vidro, móveis e grafismos, que fizeram com que integre a coleção permanente dos principais museus do mundo, como o de Arte Moderna de Nova York (MoMA).

Ivens Fontoura


| Semana D/ Reprodução

Em abril, o artista plástico, designer e professor universitário Ivens Fontoura nos deixou, aos 80 anos. Um dos principais nomes do design brasileiro, Fontoura contribuiu com a criação da Bienal Brasileira de Design e também do Prêmio Salão Design. Como professor, passou pela UFPR, PUCPR e Tuiuti, entre outras, sendo criador e coordenador no primeiro curso de pós-graduação em design de móveis no Brasil."

"Jorge Zalszupin


| Gui Gaia/ Reprodução

Em agosto foi a vez de dar adeus a um dos expoentes do móvel moderno brasileiro, Jorge Zalszupin, que faleceu aos 98 anos. Polonês radicado no Brasil, o arquiteto e designer ficou conhecido por suas peças de linhas puras, materiais nobres e execução primorosa, sendo um dos responsáveis por inserir o mobiliário brasileiro no cenário internacional, fato que fez com que ganhasse a alcunha de “mestre”.


6-Nova Brasília


O projeto Biotic, do escritório Carlo Ratti Associati, prevê a criação de um bairro com 1 milhão de m², apostando em tecnologia e inovação.| Divulgação/ Carlo Ratti Associati

Patrimônio da Unesco com projeto urbano reconhecido em todo o mundo, traçado por Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, Brasília voltou aos centros das atenções ao receber um projeto de extensão assinado por um nome igualmente de peso: o escritório Carlo Ratti Associati, que tem à frente o arquiteto italiano homônimo, também diretor do Senseable City Lab do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). Batizado de Biotic, o projeto prevê a criação de um bairro com 1 milhão de m², que terá a tecnologia e a inovação como foco e será construído entre a ponta norte e o Parque Nacional de Brasília. O local irá recontextualizar a estruturação urbana da capital federal ao levar residências, escritórios, praças e parques para dentro da área do bairro, de forma a manter o uso do espaço ao longo de todo o dia, em uma proposta que faz referência à “herança modernista de maneiras novas”.

7-10 mais


O Museu de Arte Contemporânea de Niterói (RJ) foi eleito uma das dez obras mais influentes dos últimos 50 anos.| Wagner Kiyoshi/ Pixabay


Que a arquitetura brasileira tem seu lugar no mundo ninguém discute. Mas é sempre bom quando este reconhecimento é oficializado, fato que ocorreu com o projeto do Museu de Arte Contemporânea de Niterói (RJ), de Oscar Niemeyer, eleito uma das dez obras mais influentes dos últimos cinquenta anos. A eleição é do Instituto de Gerenciamento de Projetos – ou Project Management Institute (PMI) – organização global sediada na Pensilvânia, nos Estados Unidos. O Centro Georges Pompidou, em Paris, o Museu Guggenheim Bilbao, na cidade homônima espanhola, e a Opera House, em Sydney, também constam na seleta lista."