Imagem: Carlos Alberto Kita Xavier iniciou seu terceiro mandato à frente do Conselho em Santa Catarina, que possui 60 mil profissionais e 14,5 mil empresas registradas
PAULO ROLEMBERG, FLORIANÓPOLIS
O engenheiro civil e de segurança do trabalho, Carlos Alberto Kita Xavier, iniciou no último dia 4 de janeiro, mais um mandato como presidente do CREA/SC (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Santa Catarina).
Ele já esteve à frente do órgão de janeiro de 2012 a dezembro de 2017. Kita comandará o Conselho que possui 60 mil profissionais e 14,5 mil empresas registradas, dentro de 152 modalidades profissionais.
Para Kita, mesmo com a queda de 7% no número de ARTs (Anotação de Responsabilidade Técnica) registradas no CREA-SC no ano passado em relação a 2019, demonstra que obras e serviços devem crescer mesmo com a pandemia.
A perspectiva para 2021 é de um crescimento de 4% no PIB (Produto Interno Bruto) da construção. ART é o documento em que o profissional registra as atividades técnicas solicitadas através de contratos (escritos ou verbais) para o qual o mesmo foi contratado
Kita recebeu o Grupo ND, na sede do CREA-SC em Florianópolis, e falou sobre as metas e desafios desta gestão e investimentos na construção civil como propulsores da retomada econômica do país este ano. Segundo o presidente, o estado tem 40% de mão de obra ociosa na construção civil.
O que o senhor destacaria como metas importantes a serem cumpridas ao longo de seus três anos no comando do CREA-SC?
Temos várias ações que iremos desenvolver ainda este ano. Em função da pandemia nós tivemos um aprendizado muito grande e é nessa linha que nós vamos trabalhar. Transformar em ferramentas para nossos profissionais registrados no CREA.
Queremos investir em uma universidade corporativa que atenda a todos profissionais de nosso sistema, principalmente no aprimoramento profissional.
Queremos transformar nossos profissionais em especialistas para dar um trabalho de qualidade. Santa Catarina já é referência nacional. Temos na engenharia, agronomia, profissionais de excelência que são referências no Brasil.
Quais os desafios neste momento?
É estar próximo aos profissionais, próximo das decisões. O CREA tem que ser protagonista. Neste momento de pandemia muitos profissionais do nosso sistema deram suporte, a agronomia foi muito forte.
O senhor fala em incremento da fiscalização, buscando convênios com prefeituras e órgãos públicos para atuação em conjunto, abrindo novas frentes de trabalho aos profissionais catarinenses, como seria essa parceria?
Eu entendo que o CREA tem que estar participando ativamente nos órgãos públicos, dando apoio técnico que é primordial em todos os setores em que envolve a tecnologia.
O CREA tem em torno de 50 fiscais em todo o estado. Estamos presente em 30 cidades, mas há fiscalizações em todas as cidades catarinenses. É uma forma para que possa dar segurança para sociedade.
Nós fiscalizamos o exercício, a presença de quem detém o conhecimento técnico para dar qualidade à população, para oferecer, ofertar aquilo que você vai fazer de melhor, temos que pensar na sustentabilidade, impacto social e econômico, acredito que podemos dar esse suporte.
O senhor fala em abrir novas frentes de trabalho, como seria isso?
Investimentos na construção civil. Quando se investe numa obra você abre mercado para muitas pessoas. Hoje o governo está investindo em abonos, fazendo sua parte social, que é muito importante e acredito que deva permanecer, mas se ele investir na construção civil conseguimos amparar toda essa mão de obra.
Eu vejo na parte de profissionais de engenharia que existe uma carência, temos muitos colegas, em função da pandemia, que perderam o emprego, talvez esse investimento possa trazê-los de volta ao mercado de trabalho.
Na construção civil houve uma ascensão, mesmo diante desse cenário de pandemia, como o senhor avalia?
No CREA, através da ARTs, verificamos que nos meses de março e abril (do ano passado) tivemos uma queda muito grande, mas na sequência do ano começou a acelerar e deu uma retomada nos últimos meses e chegamos no final do ano com uma queda de 7% no números de ARTs em relação ao ano anterior.
Um indicativo para que 2021 seja promissor. Precisamos de investimento do governo. O governo estadual declarou que vai investir na infraestrutura.
Nós precisamos de investimentos para financiamento de aquisição da casa própria, o governo tem programas de incentivo, mas precisamos fortalecer esses programas.
Nossas profissões ainda estão num período em que algumas estão ociosas, o mercado de trabalho está um pouco aquém do que gostaríamos.
Temos uma potência muito grande e se houver um investimento público, certamente nós vamos gerar emprego para sociedade, retomar a economia. Principalmente na construção civil.
O investimento na construção civil tem um impacto imediato na contratação de mão de obra. Temos hoje em torno de 40% de mão de obra ociosa.
A projeção de incremento no PIB, a partir da construção civil, só vai se cumprir com esses investimentos?
Muitas empresas estão investindo. Deram uma segurada ano passado, mas estão investindo muito para que a gente possa ter um número muito bom no PIB da construção civil em Santa Catarina. Há uma projeção de 4% ao ano, bem superior ao nacional.
Ano passado foram financiados mais de 324 mil imóveis no Brasil, esse número pode crescer?
324 mil é muito pouco para o Brasil. É baixíssimo. Se triplicar esse investimento ainda estaremos carentes.
O senhor fala em aumento nos investimentos na construção civil, o mercado de insumos atenderá essa demanda?
Há uma demanda muito grande de materiais, e os insumos estão faltando no mercado. Uma das coisas que tem que verificar. Com o dólar valorizado, as indústrias, as empresas estão prestigiando o mercado exterior.
Está faltando insumo, o mercado está aquecido, mas a exportação está bombando. Muita coisa que se produz no Brasil está indo para fora. Cimento, aço, fio, toda matéria prima para construção civil tem fila de espera.