[Noam Bizman]
Todos temos uma visão diferente do futuro, desde separar a roupa para o dia seguinte até contratar um plano de previdência para a aposentadoria. No nível da humanidade, essas noções são marcadas em grande medida pelas histórias do cinema, da televisão e da literatura. Sonhamos em deixar para trás o carro tradicional para enfrentar o trânsito matutino no céu, sonhamos com robôs nos atendendo nos cafés e com tênis que se ajustam sozinhos a nossos pés, nos transformando em Marty McFly, Del Spooner ou Korben Dallas. Embora as antes inalcançáveis videochamadas dos Jetsons hoje sejam quase parte de nossa rotina, ainda nos resta um longo caminho a percorrer para esse futuro que nos alcança cada dia mais.
Atualmente, podemos encontrar carros que dirigem sozinhos, plantas industriais que não requerem operários e relógios capazes de medir nossos sinais vitais; grande parte de nosso cotidiano é inteligente, os telefones, as televisões e até as geladeiras, mas e quanto às cidades onde nos desenvolvemos diariamente?
Estima-se que globalmente existam mais de 100 cidades inteligentes, isto é, espaços urbanos habilitados com soluções e serviços de conectividade, digitalização e automatização. No entanto, as cidades inteligentes não surgem, elas são feitas; esse tipo de povoado é produto do estudo das necessidades e demandas de seus habitantes, que buscam otimizar tanto sua interação com os serviços públicos como as relações que estabelecem enquanto comunidade, com o objetivo de tornar a vida das pessoas mais simples, cômoda, amigável e eficiente.
A infraestrutura tecnológica para viabilizar esse tipo de projeto baseia-se muito em sistemas da IoT, ou internet das coisas, redes de sensores que permitem monitorar e gerenciar dispositivos conectados, tais como: parquímetros, iluminação pública, câmeras de vigilância, quiosques de atendimento digital, entre outros. Da mesma forma, os dados que são gerados e transmitidos por meio desses equipamentos oferecem informações-chave para o desempenho e a tomada de decisão, como fazer uma distribuição mais eficiente da rede de água em regiões ou horários específicos, dependendo dos hábitos de consumo dos cidadãos.
Embora haja um trabalho árduo em termos de infraestrutura, é importante que essas redes, esses sistemas, bits e bytes se convertam em experiências substanciais, satisfatórias e significativas para as pessoas. Aí está a importância de administrar adequadamente os fluxos de trabalho, conectando a tecnologia com um senso de humanidade e dando valor ao que de fato importa, fazendo com que as coisas sejam mais rápidas e simples, como pagar os impostos com um clique depois de sair com segurança na rua.
As iniciativas de cidade inteligente têm ganhado força nos últimos anos, chegando a representar investimentos anuais de até US$ 124 bilhões. Geograficamente, 70% desse tipo de projeto situa-se nos Estados Unidos, na Europa e na China, mas o Japão e a América Latina se distinguiram em 2020 como as áreas de avanço mais rápido nesse sentido, uma oportunidade crucial para a região se considerarmos o impacto positivo que tais iniciativas podem ter em termos de competividade econômica, qualidade de vida e sustentabilidade.
No contexto atual, as cidades inteligentes também têm a capacidade de gerar uma onda de resiliência em grande escala, respondendo a algumas das grandes perguntas deixadas pela crise sanitária, por exemplo: como as cidades mudaram diante de um ambiente em que menos pessoas se deslocam para o trabalho? Aproximadamente uma de cada três pessoas deixou de usar o transporte público como consequência da conjuntura da covid-19; os planos de longo prazo para esse tipo de serviço são resultado direto das mudanças de hábito e estilo de vida dos cidadãos, o que exige, por exemplo, uma redução na capacidade de lotação dos veículos, opções de pagamento sem contato, tempo menor de traslado etc.
Porém, a transformação vai além da forma com que nos deslocamos dentro e fora da cidade. Diante de modelos de trabalho a distância, o mundo inteiro torna-se um grande escritório; já não se trata apenas de realizar atividades profissionais em casa, mas de poder trabalhar no café, no parque ou no transporte mesmo, o que igualmente implica soluções de conectividade e habilitação que se estendam às áreas compartilhadas ou de uso comum para a população.
Também é importante considerar que a tendência do teletrabalho não é um modelo exclusivo do setor privado. Um exemplo disso é que, nos Estados Unidos, 27% dos funcionários públicos desenvolvem sua jornada de maneira remota devido às medidas de distanciamento social. Essa descentralização operacional sinaliza uma migração para esquemas de atendimento omnicanal, ao invés de exigir suporte físico ou presencial para atender a processos da sociedade, abrindo portas para uma oportunidade crítica de digitalização a fim de construir novas formas de interagir com as diferentes esferas de governo.
O mundo está mudando, sem dúvida: o que ontem víamos como utopia hoje é uma realidade. Por isso, é mais importante do que nunca que governos, organizações e pessoas estejam preparados para um futuro que está muito próximo. À medida que se desenvolve esta nova era de dados, a ServiceNow está aí para dar sentido e valor à informação, para que a tecnologia funcione a favor das pessoas.