CBIC prega combate à burocracia e apoio às PPPs
Empossado em agosto de 2014 como o novo presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Rodrigues Martins, já definiu as bandeiras pelas quais irá se esforçar ao longo de sua gestão, e que coincidirá com o segundo mandato de Dilma Rousseff à frente da Presidência da República. Para ele, é preciso liderar um processo que não interrompa os investimentos na construção civil. Esse caminho passa pelo combate à burocracia, a fim de destravar obras, e pelo estímulo a iniciativas que apoiem empreendimentos de infraestrutura através de concessões e Parcerias Público-Privadas (PPPs). “O governo perdeu sua capacidade de investimento e não há outra saída para retomá-la, senão através de PPPs e concessões, despindo-se do viés ideológico”, avalia.
Engenheiro civil formado na turma de 1977 da Universidade Federal do Paraná (UFPR), e com a carreira construída na construção civil paranaense, José Carlos Rodrigues Martins anunciou seu plano de gestão em uma sabatina realizada no começo de novembro no SindusCon-PR. Convidado pelo presidente do sindicato, José Eugenio Souza de Bueno Gizzi, Martins estima que, além de capital privado, as PPPs podem ajudar a implementar modelos mais saudáveis de gestão de obras. “Veja o aeroporto de Brasília depois da privatização. Parece um aeroporto europeu e funcionou perfeitamente durante a Copa do Mundo”, diz, citando que é preciso criar também um sistema que democratize a participação de médias e pequenas empreiteiras em processos licitatórios.
José Carlos Rodrigues Martins lembra que a Associação Nacional das Empresas de Obras Rodoviárias (ANEOR) tem 330 empresas filiadas, mas basicamente dez, que são as megaempreiteiras, participam dos processos de licitação. “O desafio é criar um modelo que faça todas participarem, criando um ambiente mais saudável de concorrência”, defende, citando que também é possível avançar em políticas que desburocratizem a construção civil. “Hoje, o excesso de burocracia encarece em 12% o custo final de um imóvel. Só o município de Curitiba poderia aumentar em R$ 300 milhões sua receita – isso sem criar novos impostos ou elevar alíquotas – desburocratizando processos, como alvarás e liberação de Habite-se”, resume o presidente da CBIC.
Passado e futuro
Para Martins, é necessário também que a construção entenda o momento do mercado e adapte-se para não elevar mais seus custos. “O mercado aceitou, até certo ponto, que nosso custo aumentasse. Agora, precisamos elevar a produtividade, pois não há mais espaço para se aumentar preço. Por isso, acredito que nos próximos quatro anos nosso setor passe maciçamente por capacitação, produtividade e inovação tecnológica”, crê. Tudo isso, diz o presidente da CBIC, sem dissociar a construção civil de economia e política. “Nosso setor é, basicamente, movido pelos investimentos. Só que isso está diretamente ligado a decisões políticas e decisões econômicas. Porém, no momento, 2015 ainda é um grande ponto de interrogação para nós”, alerta.
José Carlos Rodrigues Martins avalia que, de 2004 a 2014, a construção civil brasileira deu um grande salto. “Em dez anos, saímos de um milhão de trabalhadores com carteira assinada para mais de três milhões. O financiamento imobiliário saiu de R$ 5 bilhões para quase R$ 150 bilhões. Aprodução de cimento avançou de 33 milhões de toneladas por ano para 71 milhões de toneladas por ano. Convivemos com um PIB crescendo mais do que o país, mas agora nos deparamos com outro mundo. Nossa luta, então, é para preservarmos conquistas. Entre elas, programas que canalizam investimentos para o setor, como o Minha Casa Minha Vida e o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Ainda que os volumes de recursos sejam menores, acredito que esses programas não serão desativados”, prevê.
foto legenda: José Carlos Rodrigues Martins, ao lado do presidente do SindusCon-PR, José Eugenio Souza de Bueno Gizzi: momento é de preservar conquistas para o setor, como o Minha Casa Minha Vida e o PAC
Entrevistado
Engenheiro civil José Carlos Rodrigues Martins, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
Contatos
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Crédito Foto: Divulgação/SindusCon-PR
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330