Como encontrar um meteorito
É cada vez mais comum que câmeras de segurança ou pessoas usando seus celulares documentem estrelas cadentes, meteoros queimando-se na atmosfera da Terra.
Ocorre que nem todos se queimam totalmente, com pedaços, chamados meteoritos, caindo no solo. Esses meteoritos são extremamente valiosos, sobretudo para estudos científicos, trazendo informações sobre corpos celestes distantes ou sobre épocas ancestrais, quando da formação do Sistema Solar.
Agora, cientistas australianos conseguiram pela primeira vez recuperar um meteorito partindo da imagem de uma câmera de segurança.
Já existam vários sistemas capazes de determinar o local da possível queda de um meteorito conhecendo-se o ponto exato de onde a filmagem foi feita. Contudo, embora a área alvo diminua conforme o mesmo meteoro é filmado por diversas câmeras, tipicamente o resultado são áreas muito grandes para a provável queda, não facilitando muito o trabalho de encontrar as pedras espaciais.
Por isso, Seamus Anderson e seus colegas da Universidade Curtin, na Austrália, projetaram um sistema que usa drones e um programa de análise de imagens por inteligência artificial para automatizar essa busca.
Eles acabam de ter o primeiro sucesso.
Uma busca aparentemente desanimadora foi muito facilitada pelos drones e pelo sistema de reconhecimento de imagens.
[Imagem:Seamus L. Anderson et al. (2022)]
Busca de meteoritos com drones
De posse da provável área de queda de um meteorito, a equipe enviou um drone para fotografar as áreas mais promissoras com uma câmera de alta resolução.
As imagens foram então carregadas em um computador executando um algoritmo de aprendizado de máquina que havia sido treinado para procurar objetos incomuns no chão. A equipe também colocou espécimes conhecidos de meteoritos à vista do drone, para que o sistema pudesse ver como eles se pareciam em contraste com a paisagem real sendo vasculhada para a nova queda.
Depois que vários candidatos a meteoritos foram identificados pelo programa, e equipe enviou outro drone menor para um olhar mais atento, voando baixo sobre as rochas espaciais em potencial para permitir um examine mais cuidadoso. Isso reduziu a lista para apenas quatro candidatos, que a equipe então inspecionou a pé.
Entre os candidatos, estava um meteorito real, pesando 70 gramas. "Houve cerca de 10 segundos em que eu não acreditei e precisei dar uma boa olhada para confirmar, seguidos prontamente por cerca de dois minutos de berros de comemoração," contou Anderson.
As análises iniciais sugerem que o meteorito pode ser do tipo condrito, cuja órbita o levou muito além de Marte, em direção à órbita de Júpiter. A equipe agora planeja examinar a composição da rocha espacial com uma variedade de equipamentos, incluindo um microscópio eletrônico de varredura.
A localização de um meteorito que acaba de cair é um marco em uma tecnologia que várias equipes ao redor do mundo vêm tentando desenvolver nos últimos anos.