SP precisa de 200 milhões de litros para segurança hídrica
DCI
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15 de dezembro de 2014
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São Paulo - O Estado de São Paulo precisa de 200 milhões de litros de água ao longo de 10 anos para atingir seu nível de segurança hídrica e, para tanto, é necessária uma gestão integrada de demanda, melhoria do sistema, reúso de água e conservação dos mananciais.
Quem afirma é o ambientalista Samuel Barreto, diretor do Movimento Água para São Paulo, do The Nature Conservancy. Ele participou na sexta-feira, 12, de um debate organizado pela Bloomberg sobre o fornecimento de água no estado paulista.
O painel, moderado pela jornalista da Bloomberg Vanessa Dezem, também teve a participação de Gustavo Veronesi, coordenador do Observando o Tietê, do grupo SOS Mata Atlântica.
Barreto explicou que esta é uma época de extremos climáticos, em frequência e em intensidade. Enquanto o rio Madeira, em Rondônia, está com níveis acima da média, o Estado de São Paulo tem uma das piores secas dos últimos tempos, exemplificou.
Ação permanente
Barreto afirmou que uma das principais necessidades em hora de crise é mudança na cultura e comportamento da população em relação ao uso da água. A sociedade tem dado uma resposta importante, mas ainda precisamos mudar de patamar e realizar outras intervenções. E essa ação deve ser permanente, disse.
Sobre isso, Veronesi afirmou que a população brasileira ainda entende a água como um recurso infinito e abundante. A primeira lição que a população irá tirar dessa crise é que não temos essa fartura. Acabou o mito da abundância, disse ele, e também defendeu a mudança de cultura no uso da água, tanto nas casas como na indústria e na agricultura.
Investimentos
Durante o debate, os ambientalistas apontaram possíveis soluções para a atual crise. Veronesi defendeu o investimento para melhorar os recursos de encanamento e lembrou que há perda de 30% da água devido a vazamentos.
Como exemplo disso, Barreto citou a reforma no sistema de tubulação que foi feita na cidade de Chicago (EUA), projeto que restaurou 1.500 quilômetros de tubulação, também foi automatizado para a água não congelar com as baixas temperaturas.
Outra solução para a crise defendida por Veronesi foi a recomposição florestal. A perda da mata atlântica na região do Cantareira é de 24%. O solo está fragilizado e pouco está sendo destinado a essa floresta, que é fundamental para o fornecimento de água.
Além disso, Veronesi citou a falta de atenção aos comitês de bacias, como o PCJ (dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí). Ele explicou que essas organizações foram criadas a partir de um modelo francês de gestão que busca soluções técnicas. O governo, segundo Veronesi, atropela esses comitês, e não lhes dá atenção devida.