Os bons ventos sopram do mar para o continente e parecem chegar realmente primeiro na Paraíba, pelo menos é assim que pensam investidores que querem instalar um porto com tecnologia de ponta em Cabedelo e um estaleiro em Lucena. O estaleiro e o porto prometem investimentos de peso, R$ 6,5 bilhões. As informações foram repassados pela Real Consultoria, uma empresa de consultoria ambiental que é contratada para fazer prospecção de impacto ambiental, conseguir licenças junto aos órgãos competentes para instalação de empreendimentos e montar o famigerado Eia-Rima, um estudo e relatório de impacto ambiental exigido pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), conforme resolução de 1986. Sem isso não é possível começar a obra. Estaleiro - “O estaleiro ainda não ‘startou’, mas já assinou o protocolo de intenções com o estado, já tem área selecionada”, informou Rodrigo Nogueira Cavalcante, presidente da Real. A Paraíba foi o estado escolhido pelo grupo McQuilling Services LLC para instalar seu estaleiro de reparos. O investimento previsto para a construção da empresa é de cerca de R$ 2,5 bilhões, segundo Cavalcante. Este será, segundo a companhia, o maior estaleiro de reparos e docagens de navios do hemisfério Sul e comparável às maiores instalações do gênero no mundo. A unidade, que será instalada no município de Lucena, deve gerar 1.500 empregos diretos e outros 4.500 postos de trabalho indiretos. O estaleiro contará com cais de 2,3 mil metros, duas docas, um hidrolift para pequenas e médias embarcações de 10 mil toneladas, além de dois diques secos capazes de receber navios de grande porte. A área total da instalação será da ordem de 800 mil metros quadrados, das quais 600 mil serão de área seca e os outros 200 mil metros quadrados de área projetada sobre a água. Porto de Alta tecnologia - O outro investimento, no valor aproximado de R$ 4 bilhões, seria um porto de alta tecnologia instalado por uma empresa que já atua em Cabedelo, a Seaport. “O porto privado da Seaport vai utilizar uma área já existente que fica quase contígua ao porto do estado, mas precisamente do Ferry Boat para cá, mil metros. Pegaria a área do antigo moinho J. Macedo, a área da Seaport que já existe hoje. A ídeia é fazer um aprofundamento do canal já existente, para que navios de grande porte possam entrar lá. Será construido cais, a plataforma... será um porto de transbordo. O que é um porto de transbordo? Para navios grandes e carregados com uma quantidade de contêineres enormes, que hoje o porto de Cabedelo não suporta, até pela estrutura ser precária, as plataformas não suportarem o peso dos guindastes que vão descarregar os navios e os contêineres. Esse porto será relativamente pequeno, mas vai ter uma rotatividade muito grande. O empreendedor está colocando equipamento de ponta para fazer a carga e descarga do navio em tempo rápido. Será um porto equiparado ao de Roterdã, da Holanda. Ele quer em 20 horas descarregar um navio full container, com 18 mil contêineres”, revela Cavalcante. Questionado o porque fazer esse investimento em Cabedelo, o presidente da Real Consultoria explica. “Porque o ponto onde está localizado o porto é crucial, muito próximo das grandes rotas. A baia, que é a foz do rio Paraíba, protege a embarcação de vento e ondas, então o navio fica ancorado. Já existia uma instalação da Seaport lá, o investimento seria um pouco menor, e o investidor é natural de Cabedelo, então ele quer investir em Cabedelo para a cidade se desenvolver... um porto desse a gente não tem noção do faturamento. Vai transformar a economia do local. É uma obra faraônica, logicamente ele não tem esses recursos, está encontrando parceiros, ele é muito arrojado. Estando com licenças aprovadas, mais uns três, quatro meses de 2015 e estará começando”, garante. As primeiras obras serão para as estruturas de apoio administrativos. A obra terá 200 metros de cais. “A segunda etapa eu acredito que ele vai fazer em sequência, porque tudo hoje no Brasil o gargalo é licenciamento ambiental. Nenhum investidor quer gastar um real se aquele projeto não tiver licenciado, porque corre o risco dele não ser aprovado. O licenciamento pode causar restrições que inviabilize o modelo de projeto que está sendo pleiteado”, conta Cavalcante. |