Isitec: a ordem é inovar e empreender
Com inscrições abertas até o dia 20 deste mês, o Instituto Superior de Inovação e Tecnologia (Isitec), criado em 2011 e credenciado pelo Ministério da Educação (MEC) em 2013, recebe a primeira turma de Engenharia de Inovação em 23 de fevereiro próximo. A instituição, que tem como entidade mantenedora o SEESP e conta com o apoio da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), surgiu a partir da necessidade de se formar profissionais aptos a empreender e buscar soluções para a indústria nacional, que precisa ganhar competitividade. Com esse norte, foi criada uma grade curricular para cinco anos em período integral, que somarão 4.620 horas. E em vez de “despejar” conteúdos sobre os alunos, a proposta é fazer com que esses “aprendam a aprender”, afirma o seu diretor-geral, Saulo Krichanã Rodrigues. Em entrevista aos jornalistas Rita Casaro e Fábio Pereira, para o jornal O Engenheiro, da FNE, ele falou sobre o projeto, “desde o início, vencedor”.
Quais são os diferenciais do curso de Engenharia de Inovação que o Isitec oferece a partir deste ano?
Saulo Krichanã Rodrigues – Estamos tendo uma oportunidade muito rica para qualquer profissional, que é implantar um projeto, desde o início, vencedor e muito ousado do Seesp, presidido pelo engenheiro Murilo Celso de Campos Pinheiro (também à frente da FNE). Seguindo uma necessidade dos mercados de engenharia e tecnologia, o sindicato teve a audácia (no bom sentido) de, junto com a comunidade de engenheiros, apresentar uma proposta de curso de Engenharia de Inovação que foi aprovada por unanimidade e com louvor no MEC no final de 2013. Ele é inédito também na sua matriz curricular. São 4.620 horas, em período integral. Além disso, o aluno terá bolsa integral, não restituível, e ainda recebe auxílio para despesas.
O que haverá de inovador no ensino?
Os nossos professores já estão sendo treinados na nova forma de ensinar engenharia; com a preocupação de estimular a inovação e empreendedorismo, desde 1º de agosto. O sonho de todo e qualquer docente é poder dizer “as matérias são todas integradas”. E será assim na concepção do Isitec. Os professores estão de fato matriciando os programas para ver como as matérias vão se inter-relacionar. Em algumas aulas, haverá mais de um professor com a turma, devido a essa interação. É uma nova forma de ensinar, e não só o currículo é inovador. Em primeiro lugar, a ideia é superar o processo antigo em que o professor “ensina”, mas não se sabe se há “aprendizagem”. Não é mais aquela postura do professor no púlpito, despejando conteúdo, enquanto os alunos fazem de conta que aprendem.
Como é a proposta do Isitec de formar um “multiespecialista”?
O aluno entra como engenheiro de inovação e vai primeiro apreender os conceitos e as experimentações para depois saber em que ramo da engenharia ele vai querer se aprofundar. Como dizer que alguém é especialista, se a todo momento algo está sendo inventado? É preciso fazer o sujeito aprender sempre. Por isso os professores estão imersos nesse processo.
No primeiro dia de aula, os alunos vão para uma bancada fazer experimentos. Depois, aprenderão teoricamente. Nos anos 1980, ficou famoso “o engenheiro que virou suco”. Havia um desemprego fantástico, e esse profissional abriu uma lanchonete na Avenida Paulista. Crise sempre vai haver, mas os nossos engenheiros vão estar aptos a enfrentar as dificuldades.
Saberão fazer bem mais do que suco, a qualquer tempo... É uma mudança estrutural profunda, que envolve todo o Isitec, inclusive o corpo administrativo da instituição.
E como está o processo seletivo?
Em 1º de outubro começou o processo para seleção dos 60 alunos que vão constituir a primeira turma de Engenharia de Inovação e inclusive aí houve uma inovação. Sob a coordenação da Cia. de Talentos, os inscritos farão um exercício de aptidão lógica online, com prazo para inscrição até 20 de janeiro. No dia 22, acontece uma prova presencial, de expressão. E também temos a nota do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Esses três vetores vão selecionar os primeiros alunos do curso, que tem início no dia 23 de fevereiro de 2015.
O que é a Casa da Inovação?
É uma Oscip, Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, que foi criada para ser o mecanismo do que se chama “fundo de endowment”, que vai amealhar os recursos necessários para bancar o desenvolvimento do curso de graduação dentro desse contexto de ter uma bolsa integral, não restituível. Ali, receberemos doações de empresas e entidades que queiram contribuir com a proposta da nossa faculdade. A renda desse fundo, como acontece nas universidades americanas ou europeias, é que vai permitir o custeio das atividades da graduação. É preciso prover recursos sempre para manter a qualidade. Nós somos uma instituição de ensino superior privada sem fins lucrativos, mas não podemos receber doações porque não somos uma instituição de utilidade pública. A Oscip terá estrutura toda apartada da mantenedora e do Isitec. Os recursos que entrarem lá só poderão ser aplicados para o que foi determinado no orçamento, o que dá segurança para quem investe e pereniza o investimento na graduação. Quem investe participa através de um conselho desse fundo, onde acompanhará o desempenho do curso, dos professores e dos alunos.
Como está a área de educação continuada do Isitec?
Isso é muito importante. Nós temos matérias muito específicas que serão dadas na graduação, que podem ser transformadas num curso de educação continuada e até mesmo a distancia (EAD). Já fizemos o quarto curso sobre iluminação pública; está em andamento a pós-graduação lato sensu em gestão ambiental. Foi dado um curso sobre concessões e parcerias público-privadas, em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Em março, começa um curso, em parceria com a Câmara de Comércio Brasil-Alemanha, sobre gestão energética, também pós-graduação lato sensu. Teremos ainda um MBA de gestão de resíduos sólidos. E estamos desenvolvendo uma plataforma para ensino a distância, que levará o Isitec aonde houver demanda.