Quem disse que tamanho não é documento?
Torres eólicas mais altas geram até 50% mais energia, mostram pesquisadores de start up ligada ao MIT que desenvolveram tecnologia para eliminar a dificuldade de transporte que limita a utilização das gigantes
Em regiões com florestas e outros obstáculos – como o estado norte-americano de Maine, onde florestas cobrem 90% do território – as torres eólicas mais baixas sofrem para gerar energia. Já na região centro-oeste dos EUA, a instalação de torres nos pontos mais altos é um sucesso e a energia eólica já ultrapassa a matriz do gás natural. Esses exemplos opostos evidenciam que quanto maior a altura, mais força tem o vento para gerar energia eólica. É por isso que as torres on shore, de 140 metros, comuns na Europa, geram até 50% mais energia do que os modelos convencionais de dois a três megawatts, com 80 metros de altura e os mais altos utilizados aqui no Brasil. Então porque não são mais usadas?
É exatamente isso que um grupo de pesquisadores ligados ao Massachusetts Institute of Technology (MIT) se propõe a reverter. Diagnosticando que o principal empecilho para o uso de torres maiores é a dificuldade de transporte, a equipe liderada pelo engenheiro mecânico e professor do instituto, Eric Smith, iniciou, em 2010, a start up Keystone Tower Systems, propondo substituir o transporte de peças por uma fabricação de torres de aço in loco.
A informação foi publicada no News Office, do MIT, e mostra que a máquina, ainda em fase de protótipo, é semelhante aos modelos de solda em espiral, utilizados na fabricação de grandes dutos. Ela recebe placas de aço em formato de trapézio e de tamanhos e espessuras crescentes, que são enroladas continuamente em espiral. Ao mesmo tempo, as extremidades das placas são soldadas para montar a torre. “Com essa tecnologia podemos montar uma torre eólica em um único dia, sem o uso de concreto, empregando apenas um décimo da mão de obra usual e aumentando o custo-benefício em países onde predominam os torres menores”, afirma o CEO da empresa (o Brasil é um deles).
Segundo Smith, essa agilidade é importante quando se faz a comparação de que, para levantar torres de 140 metros, capazes de suportar os ventos mais fortes, seriam necessárias bases com mais de 6 metros de diâmetro. “Peças desse porte tornam praticamente inviáveis a soldagem em uma fábrica e o transporte até o parque eólico por caminhões”, afirma.
De acordo com o Eric Smith, o avanço do setor eólico nos últimos cinco anos trouxe novos investidores e colaboradores para participar do projeto. Junta, a equipe desenvolveu um protótipo em escala menor da máquina “construtora de torres eólicas”, oficina que custou mais de um milhão de dólares, financiado através do Departamento de Energia do MIT.
Atualmente, a equipe está trabalhando em um novo protótipo de seis andares, no Bates Linear Accelerator Center, de propriedade do MIT, que deve ficar pronto ainda em 2015. Recentemente, a empresa também recebeu incentivos monetários. Um deles da Vestas Wind Systems, fabricante dinamarquesa de aerogeradores, que, junto com outras marcas do setor, apoia o projeto com o objetivo de que a Keystone prepare a tecnologia para ser lançada comercialmente, começando pela Alemanha e Suécia, onde é mais comum a utilização de torres eólicas de 140 metros. O mercado norte-americano deve ser o segundo abordado.
Por Rodrigo Conceição Santos e Thomas Tjabbes