Amigo do concreto, Lerner faz 50 anos de arquitetura
Engenheiro civil e arquiteto, Jaime Lerner notabilizou-se como urbanista. Principalmente pelas inovações que implantou em Curitiba, quando foi prefeito da cidade por três vezes (1971-1974, 1979-1982 e 1989-1992). Isso permitiu que sua aura pública de arquiteto sobrepusesse à de engenheiro, sem, no entanto, omitir que seu grande legado tem pés bem fincados na engenharia civil. É o que se constata na exposição “Das Vozes da Cidade”, que homenageia os 50 anos de arquitetura e urbanismo de Lerner. Ela mostra desde seu envolvimento com o retrofit, quando em 1971 transformou um antigo depósito de armamentos do exército no Teatro Paiol, até os seus mais recentes projetos, como o bairro sustentável Quartier, na cidade de Pelotas-RS. Em todas as obras, há uma marca: a sutileza com que Jaime Lerner explora o concreto em seus conceitos arquitetônicos.
Jaime Lerner: engenheiro, arquiteto e urbanista, ele usa de forma sutil o concreto e as estruturas mistas
Um exemplo clássico está na própria casa que ele projetou para morar com a família. Construída em 1963, a residência erguida no bairro Cabral, em Curitiba, caracteriza-se pelo emprego do concreto aparente, tanto na construção como no mobiliário. Além do material construtivo, destaca-se no projeto a utilização do teto-jardim – elemento pouco usual para obras dos anos 1960, mas hoje amplamente aplicado na arquitetura contemporânea. De tão inovadores, a arquitetura e os sistemas construtivos usados na casa tornaram-se alvo de estudo da pesquisadora Juliana Harumi Suzuki, que escreveu o trabalho “Um Conceito em Concreto: Residência Jaime Lerner em Curitiba”. A análise foi divulgada pela DOCOMOMO – organização não-governamental presente em mais de 40 países e sediada em Barcelona. Atualmente, a casa abriga a sede da Jaime Lerner Arquitetos Associados e do Instituto Jaime Lerner.
Escola francesa
No estudo, Juliana Harumi Suzuki revela que Jaime Lerner inspira-se na escola francesa de arquitetura, que se notabilizou principalmente pelo uso do concreto aparente e que também influenciou Oscar Niemeyer. Lerner, após concluir os estudos na Universidade Federal do Paraná (UFPR) morou um período em Paris e hospedou-se na Casa do Brasil – um marco da arquitetura na capital francesa e que, desde 1985, está tombado como monumento histórico francês. Lá, desenvolveu conceitos que preserva até hoje, como é possível ver em um de seus mais recentes projetos: o bairro sustentável Quartier. Planejada para receber 10 mil moradores, a área residencial terá 3 mil unidades habitacionais e irá explorar o concreto aparente e também o pavimento em concreto. Por dois motivos: a permeabilidade e a cor clara do material, que, respectivamente, ajudam na absorção da água da chuva pelo solo e reduzem a sensação de calor.
A relação de Jaime Lerner com o concreto, e também com as estruturas mistas (aço e concreto), está bem evidente na exposição “Das Vozes da Cidade”, que pode ser visitada até dia 15 de março de 2015, no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba. Vídeos e áudios com a voz do engenheiro, arquiteto e urbanista explicam o porquê de seus trabalhos. “Tem uma linha do tempo que identifica programas, projetos e realizações, enquanto arquiteto e urbanista, e em parceria com demais profissionais”, revela Sandra Fogagnoli, coordenadora de planejamento cultural do Museu Oscar Niemeyer (MON). A mostra foi organizada pela curadora Valéria Bechara, reunindo desenhos, fotos, vídeos, depoimentos, croquis e maquetes.
Serviço da exposição “Das Vozes da Cidade”
Data: até 15 de março de 2015
Horário: 10h às 18h
Endereço: rua Marechal Hermes, 999, Centro Cívico, Curitiba – PR
Mais informações
www.museuoscarniemeyer.org.br
twitter.com/monmuseu
www.facebook.com/monmuseu
Entrevistados
Museu Oscar Niemeyer
Sandra Fogagnoli, coordenadora de planejamento cultural do Museu Oscar Niemeyer (MON)
DOCOMOMO Brasil
Instituto Jaime Lerner
Contatos
imprensa@mon.org.br
docomomo.brasil@gmail.com
contato@jaimelerner.com
Crédito foto: Divulgação/MON
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330