Je suis Petrobrás
Engenheiro
A Petrobrás vem sendo esquartejada por bandidos, há anos. Eles visam roubar a coletividade para usufruírem mais bens materiais e maior poder político. Além disso, no estágio atual da humanidade, o ladrão de sucesso, aquele que rouba sem ser descoberto, deve se sentir orgulhoso perante sua categoria, pela esperteza demonstrada. Quem sabe o quanto a Petrobrás já foi roubada, desde priscas eras, é o engenheiro Pedro Celestino Pereira, que escreveu o artigo “Em defesa da Petrobrás”.
Mal comparando, porque muitos terroristas têm crenças, que podem ser consideradas erradas, mas seus métodos violentos de destruição do inimigo lembram muito os assaltantes do Estado brasileiro, ou seja, os usurpadores da nossa sociedade.
A Petrobrás caricatura, sem ter esta intenção, a exploração das empresas estrangeiras no nosso país, mostra com ênfase as imperfeições destas empresas, salienta seus traços grotescos de não contribuição para o desenvolvimento nacional, como as empresas nacionais contribuem. A Petrobrás não remete lucro para o exterior, não paga preços superfaturados de importações da matriz, até porque pertence à sociedade brasileira. Assim como não subfatura as exportações para a matriz, não finge comprar assistência técnica para transferir mais lucro para fora, não traz equipamentos, engenharias e modelos obsoletos para aumentar a rentabilidade de projetos aposentados nos países de origem.
Nos anos 90, encapuzados neoliberais de caneta-metralhadoras nas mãos, invadiram a empresa, tentando matá-la, buscando trocar seu nome, vendendo suas ações em fóruns hostis ao nosso povo, buscando fatiá-la como preparação para a privatização futura, tudo para a glória do líder supremo, o capital internacional. Os encapuzados gritavam: “vamos vingar os anos de rebeldia com o impuro monopólio estatal e sem a sagrada competição”. Competição esta regulada por seguidores do fundamentalismo neoliberal, colocados nos cargos do governo brasileiro pelos próprios terroristas.
Trabalhadores da empresa, comprometidos com a sociedade e de visão cristalina, foram expurgados pelos adeptos da religião radical. Outros, com instinto de sobrevivência, se subordinaram aos novos mandamentos, apesar de não crerem no novo livro sagrado. Alguns se tornaram adeptos fanáticos desta religião, pois, desde criancinhas, graças a seus DNA, eram adoradores da esperteza para o acúmulo da capital.
Trata-se de um embate de diferentes culturas. De um lado, aquela que privilegia a ganância, com princípios como: deve-se comprar onde for mais barato, mesmo que não seja uma compra local; nada de ajudar ao atingimento de políticas públicas; dilapide-se o patrimônio coletivo, por exemplo, através de um programa de desinvestimento; crie-se um exército de traidores do povo, dentro do Estado brasileiro, para influenciar em decisões governamentais de grande repercussão para a sociedade, como as decisões de leilões de petróleo ou de fixação do percentual do lucro da atividade petrolífera a ser destinado para o Fundo Social. Já a outra cultura, que se choca com a da ganância, é a da solidariedade, cujas características são intuitivas, não precisando de explicações.
Os encapuzados neoliberais atacaram não só a Petrobrás, mas todo o Estado brasileiro, com a corrupção dos núcleos Al-Qaeda no congresso nacional, que aprovava leis em detrimento do interesse do povo, com os talibãs da comunicação a desinformarem e alienarem os brasileiros. E, assim, dilapidaram boa parte da riqueza nacional já constituída.
Agora, surgem uns alienados roubando também a empresa, que, como células perdidas do terrorismo neoliberal são verdadeiros broncos, ladrões de galinha nada sutis, tanto que foram descobertos, mas até ajudaram a dissimular a atuação dos seguidores do grande capital internacional. Ajuda que inspira a possibilidade de se identificar o ocorrido como operação da CIA e NSA.
Eu não sou somente Petrobrás. Mais que tudo, sou sociedade brasileira!
Paulo Metri – conselheiro do Clube de Engenharia e colunista do Correio da Cidadania
O petróleo, a Petrobras e a geopolítica: Entrevista com Paulo Metri
Por Rennan Martins
O ano de 2014 foi marcado por dois acontecimentos que afetam frontalmente a Petrobras, maior e mais importante estatal brasileira. Foram estes a enorme queda no preço do petróleo e a vinda à tona do já antigo cartel e propinoduto que azeitava executivos de empreiteiras, altos funcionários e partidos políticos.
Chamado de “petrolão” por razões puramente propagandísticas, o que vimos foi o uso indiscriminado deste esquema para explicar todo e qualquer fato negativo que envolvesse a Petrobras. Bastante clara também foi a tentativa de emplacar no atual governo federal toda a culpa por esse esquema atuante desde no mínimo a década de 90.
A fim de trazer uma informação contextualizada e menos influenciada por interesses escusos, entrevistei o conselheiro do Clube de Engenharia e colunista do Correio da Cidadania, Paulo Metri. Atento a toda a movimentação nacional e internacional do setor, Metri enxerga uma estratégia geopolítica em torno da baixa no preço do barril, considera que o risco de sanções judiciais influencia nas ações da estatal e diz ainda que os últimos governos – tanto tucanos quanto petistas – erraram em fazer tantos leilões de áreas de reservas petrolíferas e de gás natural.
Confira:
Este ano ocorreu uma queda substancial no preço do barril de petróleo. Como explicar este fato?
Metri: Trata-se de uma manobra de países grandes exportadores de petróleo para forçar uma baixa no preço do barril. A pergunta que todos fazem no momento é: “Por que os grandes exportadores estão inundando o mercado mundial de petróleo?”
Não se trata da entrada de um novo país exportador querendo colocar seu produto e, assim, induzindo a baixa. Também, petróleo não é um produto com alto grau de elasticidade que, com o barateamento do preço do barril, seu consumo passa a ser maior e, desta forma, os países exportadores não sofrem grande perda nas suas receitas.
Por outro lado, a OPEP existe desde os anos 1960 e é um cartel dos grandes exportadores atuando às claras. Ela sabe atuar para segurar o preço do barril a um nível escolhido. Fizeram isto muito bem em 1973 e 1979.
Então, restam, como explicações plausíveis para o aumento da oferta mundial de petróleo, que resultou na queda do preço do barril, duas hipóteses: (1) “dumping” promovido para matar a concorrência do óleo e gás de xisto e (2) jogada estratégica para criar grande dificuldade econômica a países com forte concentração da receita do petróleo no total das exportações.
Que países sentem os efeitos dessa baixa?
Metri: Sentem, como efeito positivo, todos os grandes importadores de petróleo do mundo. Por exemplo: Estados Unidos, China, Alemanha, Japão, Índia e França. Inclusive, esta queda no preço do barril deverá ajudar a recuperação da economia mundial.
Sentem, como efeito negativo, como já foi dito no item anterior, os exportadores nos quais a receita do petróleo é preponderante no total das exportações. Como exemplo, creio que todos que compõem a OPEP: Angola, Argélia, Líbia, Nigéria, Venezuela, Equador, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Irã, Iraque, Kuwait e Catar. Além destes, a Rússia, que não é membro da OPEP.
Porque a OPEP está mantendo a superprodução? Que países a bancam? Quem são os beneficiados dessa medida?
Metri: Houve uma reunião recente da OPEP, na qual foi decidido, por maioria, que os países continuariam com as cotas de exportação que levaram à queda do preço do barril. Existia, nesta reunião, uma proposta da Venezuela para reduzir estas cotas de forma a segurar o preço do barril em torno de US$ 100. Ela foi derrotada.
A informação de quais países da OPEP bancaram esta decisão não é conhecida. Mas, fala-se que foram principalmente os países do Oriente Médio, sob a liderança da Arábia Saudita.
Quanto aos beneficiários desta medida, já foi respondido na pergunta anterior.
Uma pergunta que pode ser feita é: “Se os países-membros da OPEP, do Oriente Médio, saem prejudicados também, com menores receitas de exportação, porque eles forçaram a queda do preço do barril?” A única resposta plausível é que se trata de uma jogada geopolítica, envolvendo potências mundiais para aumentar seus poderios a nível internacional. E os países do Oriente Médio teriam compensações. Eventualmente, as compensações seriam dadas somente às oligarquias dominantes destes países.
Assim, os países alvo, que sairão muito prejudicados desta possível articulação, são Rússia, Irã e Venezuela, “casualmente” países desafetos dos Estados Unidos.
Em relação ao fracking. O petróleo de xisto tem potencial de fazer frente ao tradicional? Que efeitos geopolíticos são esperados com a massificação dessa prática?
Metri: No artigo de André Garcez Ghirardi, intitulado “Petróleo: a virada nos mercados globais e o pré-sal”, é dito que, tomando um preço médio do barril de US$ 85 nos próximos quatro anos, “estima-se que ainda permanecem claramente viáveis os melhores empreendimentos petroleiros fora da OPEP – a exemplo do Golfo do Texas nos EUA – assim como a produção brasileira na Bacia de Campos e no pré-sal de Santos, e ainda as áreas não convencionais (xisto) mais produtivas dos EUA, a exemplo da bacia de Bakken”. Ele continua dizendo: “Mas o preço de 85 dólares seria insuficiente para viabilizar a produção de petróleos mais caros como o não convencional (xisto) de áreas menos produtivas dos EUA (Woodford no Oklahoma) ou o pré-sal de Angola, ou as areias betuminosas canadenses, ou mesmo o petróleo ultra-pesado da Faixa do Orinoco na Venezuela.”
Uma das conclusões destas afirmações é que cada reserva é um caso específico, que deve ser analisada isoladamente. Grandes generalizações não são recomendáveis.
Como ficam a Petrobras e o Pré-Sal neste quadro? A exploração do Pré-Sal permanecerá viável?
Metri: É preciso fazer análises também para valores menores que US$ 85/barril. Fala-se até que o barril pode se estabilizar em US$ 60.
A Petrobras, por razões empresariais, não divulga o custo do barril do Pré-Sal. Entretanto, conhece-se como custo médio o valor de US$ 45. Além das condições de cada reservatório, os tributos (royalties, participação especial, contribuição para o Fundo Social e outros), dependem se a área foi concedida, cedida onerosamente ou entregue através de contratos de partilha. Então, estes US$ 45 podem variar muito. Mas, mesmo para o pior caso, o barril não deve ultrapassar US$ 60.
Quanto aos campos da bacia de Campos, o custo médio do barril está em US$ 15 e, assim, não há a mínima preocupação.
Como e em que medida os escândalos da Lava-Jato contribuem com a desvalorização da Petrobras?
Metri: A desvalorização das ações da Petrobras é, no meu entendimento, relacionada com a possibilidade dela ter que pagar altas indenizações da Justiça, a dúvida se o governo brasileiro conseguirá sustar a avalanche de roubos (que a nova diretoria de Governança não vai sustar) e, também, a manipulação de grandes investidores. Um destes investidores, quando compra uma ação da Petrobras, é porque a perspectiva de lucros futuros e de crescimento do patrimônio justificará a permanência do dinheiro nela aplicado. E ela, ainda hoje, se sai muito bem nesta avaliação. Os grandes investidores sabem que, quando as massas, sem fazer esta análise, em movimento emocional, passam a vender, é o momento de comprar.
Quanto ao caixa da empresa. É verdade que a Petrobras está numa situação financeira dificultosa?
Metri: Está, sim, em uma situação financeira apertada porque os governos FHC, Lula e Dilma já colocaram mais de 1.000 áreas do território nacional, propícias a terem reservas de petróleo e gás, em leilão através de 12 rodadas da ANP, e graças a um esforço gigantesco da Petrobras, para não deixar nosso petróleo ser usufruído por petrolíferas estrangeiras, ela arrematou muitas destas áreas. A Petrobras, com as reservas conhecidas até 2007 (ano da descoberta do Pré-Sal), abastece o Brasil durante 17 anos. Com as reservas do Pré-Sal pertencentes à Petrobras, o país estará abastecido por mais de 50 anos. Então, não havia necessidade de tantos leilões.
O país poderia, através da Petrobras, produzir petróleo para exportação. Mas, a exportação só deveria acontecer se o fluxo de caixa da empresa gerasse os recursos necessários para a implantação dos novos campos de exportação. Ou seja, a velocidade de leilões e da implantação de campos requerida pela ANP devia se adequar à disponibilidade financeira da Petrobras. Implícito está que fazer leilão para entregar o petróleo para empresas estrangeiras que irão exportá-lo é o pior dos mundos.
Finalmente, registre-se, por tudo que foi explicado, que a corrupção não é a causa principal para a Petrobras estar com dificuldade financeira de curto prazo.
Porque a retórica da crise na nossa mais importante estatal é tão explorada? A que interesses ela serve?
Metri: Ao capital internacional, principalmente às petrolíferas estrangeiras, e aos seus aliados no país, verdadeiros traidores do povo brasileiro. Serve, também, para a direita conseguir ludibriar incautos para, eventualmente, passar a deter o poder político do país.
A grande mídia reverbera a propaganda privatista? Porque?
Metri: A grande mídia é parte integrante do grande capital, principalmente daquele internacional.
O setor privado é menos corrupto que o público?
Metri: O corruptor, em todas as denúncias que nos chegam, é sempre um ente privado. Nunca vi um corruptor estatal. O corruptor (o agente ativo da corrupção) é tão corrupto quanto o agente passivo da corrupção, que é um funcionário do Estado.
No entanto, há roubos também dentro de empresas privadas. Quantas vezes ouve-se dizer que um sócio roubou o outro sócio? E o contador que rouba a empresa? O caso mais didático de roubo dentro de empresas privadas, que conheço, foi o dos CEO de empresas americanas, durante a crise de 2008, que deixaram suas empresas à beira da falência, mas eles tiveram excelentes remunerações.
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