Foto aérea tirada em 13 de dezembro de 2019, mostra a fazenda de energia solar de 50 MW em Garissa, no Quênia. A usina, projetada e construída pela empreiteira EPC China Jiangxi Corporation for International Economic and Technical Co-operation (CJIC), em conjunto com a Rural Energy Authority (REA) do Quênia, é uma das maiores estações de eletricidade fotovoltaica da África. (Xinhua/Xie Han)
Países do Cinturão e Rota (BRI) receberam 20% dos recursos chineses alocados ao exterior
O investimento direto estrangeiro da China alcançou quase US$ 27 bilhões no primeiro trimestre deste ano, aumento de 8,5% na comparação com o período anterior. Somente os recursos para países da região que fazem parte da Belt & Road Initiative (BRI), a antiga rota da seda, representaram cerca de 20% desta quantia, totalizando mais de 5,3 bilhões de dólares e um crescimento anual de 18%.
Este mesmo movimento é observado nas operações de comércio exterior da China com demais países do mundo. Entre janeiro e março deste ano, as transações globais cresceram 10,7% em relação ao primeiro trimestre de 2021, totalizando perto de US$ 1,5 trilhão. Também o comércio exterior com países do BRI aumentou mais de 16% no período, avançando para US$ 460 bilhões, desempenho muito superior à taxa média de crescimento.
Tais cifras fazem parte de uma iniciativa inédita da gigante asiática com o objetivo de estimular os investimentos verdes e promover uma nova política sustentável no mundo. Cabe destacar que, dentro desta nova diretriz e visão de sustentabilidade, nenhum projeto de carvão recebeu financiamento ou investimento ao longo de 2021. Por outro lado, os aportes em energia renovável e tecnologias verdes na região que compõe o BRI aumentaram para um novo recorde no ano passado, superando US$ 6,3 bilhões.
Recentemente, em janeiro, os ministérios da Ecologia e do Comércio da China emitiram conjuntamente algumas diretrizes para a proteção ecológica e ambiental, que deverão ser cumpridas na aplicação de todos os projetos de cooperação e construção envolvendo investimentos do país no exterior.
Dentre as várias medidas, alguns pontos merecem destaque, como a padronização das responsabilidades das companhias chinesas ao considerar o impacto dos projetos e quais ações de desenvolvimento sustentável serão aplicadas. O texto também exige a aplicação de normas e regulamentos que estipulam medidas específicas para reduzir potenciais danos em diferentes fases do projeto e em diversos setores, como energia, petroquímica, mineração ou transporte, por exemplo.
Além disso, as atividades das empresas chinesas ao longo do BRI deverão ser pensadas desde a etapa de investimento e construção até a operação e gestão dos ativos após a conclusão dos projetos. Isso já se reflete no perfil dos investimentos na região, que estão gradualmente mudando da construção de projetos de energia e infraestrutura, para aqueles que procuram otimizar a indústria global como um todo e com foco no desenvolvimento de um BRI verde e digital.
Ainda de acordo com o documento, as melhores oportunidades serão aquelas que permitem investimentos em projetos de menor escopo e que sejam mais rápidos de serem implementados, como, por exemplo, energia solar ou eólica. Isso confirma a tendência de aceleração de iniciativas verdes, que deverá ser ainda mais impulsionada neste ano por novas políticas de promoção do desenvolvimento sustentável.
Se, por um lado, os países e regiões do BRI continuam como os principais destinos para as empresas chinesas investirem no exterior, por outro crescem os investimentos fora do continente asiático. Na última década, foram investidos mais de US$ 120 bilhões na América Latina. E, nesse cenário, com novas janelas de oportunidade de atração de investimentos, a tendência é de um segundo semestre positivo para o Brasil e demais países sul-americanos. Para que isso ocorra, é fundamental que essas nações redefinam planos e priorizem projetos que possam atender a esse novo panorama para o qual as empresas chinesas desejam ao olhar o mundo.