Nordeste vê avanço de novas fontes, mas transmissão ainda é problema
DCI
-
04 de março de 2015
1782 Visualizações
São Paulo - A constância de sol e ventos tem atraído projetos de geração de energia solar e eólica para a Região Nordeste. No entanto, especialistas dizem que para sustentar esse avanço será necessário investir também em linhas de transmissão.
A Associação Brasileira de Energia Elétrica (Abeeólica) estima que o Brasil produz 6,1 megawatts de energia eólica. Desse total, 76,8% são gerados em usinas do Nordeste. Com a entrada em funcionamento de projetos que já foram contratados em leilões de energia esse índice deve chegar a até 86,7% em 2019. Conforme a associação, o único estado que receberá novos parques eólicos até 2019 fora do Nordeste é o Rio Grande do Sul, que saltará de 43 para 92 parques eólicos no período. De acordo com a presidente executiva da Abeeólica, Elbia Melo, o Nordeste tem um potencial eólico muito grande e ainda há muito a ser explorado nos próximos anos.
O potencial de geração de energia eólica é praticamente infinito na região. Só a Bahia tem um potencial de geração de energia de 150 gigawatts e recentemente foram descobertos novos potenciais em estados como Piauí e Paraíba, afirmou Elbia.
Para além da boa qualidade dos ventos, o Nordeste também tem uma boa topografia com terrenos mais planos o que facilita a instalação dos parques eólicos. Esse elemento fez com que algumas empresas escolhessem a região em detrimento do Sul que também possui bons ventos. A empresa francesa Voltalia preferiu investir no Rio Grande do Norte porque considerou que as condições da região eram melhores.
Os nossos estudos mostraram que os ventos do Nordeste tem uma previsibilidade maior do que os do Sul. Além disso, a topografia da região ser mais plana, o que facilita a construção dos parques e diminui o impacto ambiental das obras, avalia o diretor-geral da Voltalia no Brasil, Robert Klein. No caso da energia solar, que ainda está em desenvolvimento, dos primeiros 31 projetos contratados no último Leilão de Energia de Reserva (LER 2014) do ano passado, 18 serão construídos no Nordeste. Além dos projetos que se saíram vencedores no certame, outros 331 projetos foram habilitados.
Desse total, 88,2% estão previstos para a Região Nordeste. Mesmo não vencendo a disputa, esses projetos continuam habilitados e podem participar de futuros leilões. Ou seja, a maioria dos projetos em carteira está no Nordeste.
Para o diretor executivo da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Rodrigo Lopes Sauaia, o Nordeste tem um ótimo recurso solar e, além disso, as terras tem um preço mais atrativo quando comparado a outras regiões. O recurso solar no Nordeste é excelente e o preço das terras para implementação das usinas é mais barato que em outros estados, reforça.
Entraves
Apesar de o Nordeste ser mais propício para o desenvolvimento de fontes alternativas, alguns elementos diminuem a atratividade da região. Um dos principais problemas é a malha de transmissão de energia que é menos desenvolvida do que nos estados do Sudeste, Centro-Oeste e do Sul.
Existem alguns investimentos na malha de transmissão do Nordeste que estão atrasados e isso cria um gargalho para os projetos da região, afirmou o diretor da Absolar.
Klein defende um maior investimento para garantir o escoamento da energia produzida pelas usinas na região. Para garantir todo o crescimento de geração de energia na região Nordeste é essencial reforçar as linhas de transmissão.
Outro elemento que atravanca o desenvolvimento de energia eólica na região é o fato de existirem apenas dois portos, no Ceará e em Pernambuco, capazes de transportar as peças para a construção de usinas eólicas.
O Rio Grande do Norte que possui o maior número de parques eólicos e que terá o maior crescimento nos próximos anos não possui um porto de grande porte. Dessa forma, as empresas com projetos na região precisam fazer parte do transporte de peças como as pás das torres de geração por via terrestre o que acaba encarecendo o custo de construção.
A construção de um porto de grande porte no Rio Grande do Norte diminui o custo dos parques e poderia até atrair empresas fornecedoras de peças, defendeu Klein.