Foto: Montana Química
Silvio Lima*
A madeira engenheirada avança nas construções em todo o mundo. E já ganha espaço em projetos no Brasil. Depois do edifi´cio comercial de 1.500 m² da Dengo, marca brasileira de chocolates, agora é a Vila Madalena, bairro de classe média alta de São Paulo, que vai ganhar um projeto residencial totalmente em madeira.
O projeto foi desenvolvido pela Noah, uma construtech, ou seja, uma startup da área da construção civil. O condomínio de madeira engenheirada é o primeiro do tipo no país e deverá ser entregue no segundo semestre de 2023.
O anúncio foi feito no último dia 6 de outubro e mostra um avanço nesse conceito, que já é realidade em diversas partes do mundo. Inicialmente serão seis casas de alto padrão estruturadas com vigas, lajes e paredes constituídas por camadas de madeira maciça sobrepostas. O nome não poderia ser mais sugestivo: Residencial Arvoredo.
O preço do metro quadrado das residências deverá variar entre R$ 17 mil e R$ 18 mil. Um dos edifícios terá 460 m² e os demais, 380 m² cada, de acordo com os empreendedores. Assim, o valor geral de vendas (VGV) está estimado em R$ 40 milhões.
Aconstrutora adquiriu a madeira engenheirada para o condomínio residencial da Urbem, que inaugurou recentemente uma fábrica em Almirante Tamandaré, na região metropolitana de Curitiba, no Paraná, e usa como matéria prima a madeira de pinus de reflorestamento.
Interessante ressaltar o que o CEO e fundador da Noah, Nicolaos Theodorakis, falou sobre a idealização do projeto. “A ideia de fazer o condomínio com essa tecnologia partiu de potenciais moradores. Isso demonstra que já existe uma demanda sendo formada no Brasil”, afirmou em entrevista ao portal Capital Reset.
Isso é prova de que o avanço das tecnologias construtivas em madeira já está surtindo resultados no mercado. Essas inovações vêm trazendo ao substrato maior resistência às intempéries e às chamas, além de impedir a infestação de insetos e de fungos. Tudo isso somado à sustentabilidade do produto.
É aqui que a madeira engenheirada se desponta. Trata-se de uma madeira processada industrialmente e transformada em um produto de alta qualidade para a construção de edifícios. Sua composição atende às mais relevantes demandas e tendências da construção civil, como maior eficiência, sustentabilidade e produtividade das obras, o que tem potencial para superar a resistência e abrir espaço entre o tijolo, o concreto e o aço.
Como deixa claro a Noah, não é fácil vencer a cultura do aço e do concreto, arraigada no país. Mas, aos poucos, a madeira vem se firmando como o futuro da construção civil. E não há dúvidas de que iniciativas como o Residencial Arvoredo devem cada vez mais brotar no Brasil.
* Administrador de empresas pós-graduado em Gestão Empresarial pelo INPG, é especialista em madeiras e gerente da unidade industrial da multinacional brasileira Montana Química.
