Parque eólico no Rio Grande do Norte: O estado é o maior produtor brasileiro de energia eólica e tem novos investimentos previstos em terra e no mar | Foto: Canindé Soares
O Rio Grande do Norte tem capitaneado a energia eólica no Brasil, no Onshore (em terra), e, no Offshore (no mar), também tem atraído os olhos dos principais atores do segmento, no mundo. Iniciativas nas áreas de desenvolvimento de pessoas, de desenvolvimento tecnológico e de infraestrutura – inclusive de transporte de energia – estão no rol das ‘prioridades necessárias’ para que mantenha o ritmo aquecido e atraia mais oportunidades ligadas à sustentabilidade, neste e nos próximos anos. A análise é do diretor do SENAI-RN e do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), Rodrigo Mello.
“Sem dúvida, investimentos nessas áreas, junto com O&M (Operação & Manutenção) para atender ao volume de empreendimentos que existe em funcionamento bem como as necessidades dos que vêm por aí, são fundamentais para que essa indústria continue evoluindo e puxando para cima, por consequência, uma série de segmentos econômicos e de indicadores como o emprego”, diz Mello, ressaltando que “se faz necessária a manutenção da atenção à infraestrutura de transporte de energia, se não vira gargalo”.
“As discussões sobre a infraestrutura de transporte de energia existem, e é necessário manter a atenção sobre esse aspecto”, frisa o diretor. “A infraestrutura hoje está meio sufocada. Não tem subestações com capacidade para receber grandes produções. Ou seja, existem projetos em construção, perspectiva de início de construção se houver demanda por energia, mas não tem onde despachar essa energia. Então, para haver avanço na atividade se faz necessário avanço na disponibilidade de infra de transporte”.
Mas não é só nos ventos que estão as possibilidades de crescimento relacionadas à sustentabilidade. O estado, observa Mello, também tem assinado compromissos para investimentos locais nas áreas de Hidrogênio e combustíveis sintéticos – e a indústria de energia solar é outra que avança, com expectativas promissoras.
“Todo o território do estado está apto para produção de energia solar, então a perspectiva para o setor é de se manter em alta, com muita atividade nos setores públicos e privados”, ressalta, apontando “o desafio de se manter na vanguarda, tanto na produção quanto no desenvolvimento de tecnologias, papel que o SENAI-RN desempenha com destaque desde 2004 nas áreas de energias renováveis e sustentabilidade, com atuação para todo o Brasil”.
Rodrigo Mello, diretor do SENAI-RN e do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis: “É preciso avançar na disponibilidade de infra de transporte”
Potencial
Um dos projetos liderados pelo Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis, o Atlas Eólico e Solar do Rio Grande do Norte aponta onde estão os maiores “oásis” para energia eólica e solar.
O Atlas foi lançado em dezembro, fruto de um Termo de Colaboração firmado entre o governo, através da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec), e a Federação das Indústrias (FIERN), com execução do SENAI-RN, por meio do ISI – principal referência do SENAI no Brasil em Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação (PD&I) voltada à energia eólica, solar e sustentabilidade.
“Esse Atlas é uma ferramenta extremamente importante para o planejamento dos entes públicos e privados para a indústria de geração de energia. Em que pese sermos líderes no Brasil em energia eólica, o que produzimos é apenas o começo do que podemos e iremos produzir”, diz o diretor, ressaltando que informações técnicas sugerem que o Rio Grande do Norte tem o maior potencial eólico e solar da América Latina.
O Atlas Eólico e Solar mostra que o potencial eólico onshore do estado é duas vezes maior que o estimado 20 anos atrás – quando foi publicado o primeiro Atlas Eólico potiguar – e que há capacidade de expandir a geração dessa fonte de energia em pelo menos 93 Gigawatts (GW) a 200 metros de altura, o equivalente a 15 vezes o que está em operação atualmente em seu território.
Além disso, um terço de toda a energia gerada no Brasil pode vir só do Offshore do RN, em futuros complexos eólicos. O potencial para futura geração offshore, com parques eólicos no mar, alcança 54,5 GW, segundo o Atlas.
As áreas mais promissoras estão no Litoral Norte. Mas, a uniformidade de cor que salta aos olhos em mapas que indicam o recurso eólico não deixa dúvidas: o offshore potiguar inteiro é um oásis, ainda de acordo com o documento.
No campo da energia solar, os dados indicam que também existe abundância. Em um cenário em que se ocupe apenas 2,85% do território do estado com painéis fotovoltaicos, o RN seria capaz de gerar 2,5 vezes o consumo de energia de todo o Nordeste.
É o primeiro levantamento com dados disponibilizados ao público sobre o offshore no Rio Grande do Norte. E também o primeiro Atlas de energia solar do estado.
O Atlas é parte de um projeto mais amplo, que também incluiu o lançamento da plataforma http://atlaseolicosolarn.com.br/, que está no ar desde março.
O documento lançado em dezembro é composto por aproximadamente 200 páginas, distribuídas em oito capítulos com um panorama contextualizado das principais fontes de energia renováveis no estado. A população poderá consultar a versão impressa na SEDEC e baixá-la online, gratuitamente, no site da Secretaria: http://www.sedec.rn.gov.br/. Exemplares também serão distribuídos para as universidades e bibliotecas públicas.