Novos equipamentos aceleram operações em Pecém
-
31 de março de 2015
1333 Visualizações
O Porto do Pecém, localizado no município cearense de São Gonçalo do Amarante, a 60 quilômetros de Fortaleza, está se estruturando para aumentar consideravelmente a movimentação de carga e descarga no terminal. Dois portêineres de grande porte, para operações de carga e descarga, devem entrar em funcionamento ainda neste semestre para operação de contêineres e atuação em navios conteineiros de última geração, após a conclusão das obras de alargamento do Canal do Panamá.
Também no primeiro semestre de 2015 o terminal portuário estará operando com mais quatro carregadores de menor porte para atender a demanda da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP). Esses equipamentos deverão ser usados para movimentar cargas em geral no Terminal de Múltiplas Utilidades (Tmut) de Pecém e também no manejo de contêineres e dos três milhões de toneladas de placas de aço que serão produzidas por ano na siderúrgica. “Com isso, o porto ficará em condições de atuar em qualquer situação de terminais de carga e embarcações”, comenta Erasmo da Silva Pitombeira, presidente da CearáPortos, que administra o Porto do Pecém.
O porto do Pecém é um terminal off-shore, construído afastado da linha de costa e tem uma profundidade natural que chega a 17 metros sem a necessidade de dragagem. “Quando o custo da dragagem é zero o porto tem condições de praticar tarifas portuárias extremamente atrativas”, confia Pitombeira. Segundo ele, são essas tarifas que atraem os grandes armadores para o terminal portuário do Pecém, além de uma estrutura moderna, com equipamentos modernos, com implantação de uma superestrutura extremamente limpa e de uma estrutura de administração enxuta.
Pecém fica a seis dias da costa leste dos Estados Unidos e a sete dias da costa da Europa. “Todos esses fatores nos permitem colocar o porto do Pecém, não só em relação ao Nordeste, mas, também em relação ao Brasil como um porto de vanguarda”, afirma.
No ano passado, o Porto de Pecém registrou um movimento recorde de mercadorias da ordem de 8,2 milhões de toneladas, em comparação a 6,3 milhões de toneladas transportadas em 2013, o que significou um aumento de 31%. Os navios de granéis sólidos registraram incremento de 87%, movimentando 3,5 milhões de toneladas.
As exportações cresceram 13%, enquanto as importações contribuíram com uma elevação de 36% no movimento. Nos dois primeiros meses de 2015, a movimentação de mercadorias no complexo de Pecém registrou uma variação positiva de 51%, em relação ao ano passado. Foram 1,6 milhão de toneladas movimentadas em comparação a 1 milhão nos dois primeiros meses do ano passado. Cimentos não pulverizados lideram as importações, enquanto calçados e frutas são os produtos mais exportados.
Gargalos ainda existem na operação portuária de Pecém, de acordo com o presidente da CearáPortos, principalmente por conta do crescimento constante do movimento. Para Jose Roberto Salgado, diretor-executivo de operações marítimas, logística e transporte intermodal, da Aliança Navegação e Logística, empresa do Grupo Oetker, também proprietário da Hamburg Süd, “infelizmente ainda temos hoje, tanto no porto de Pecém como no porto de Suape, taxas de produtividade de dez anos atrás, que não acompanham na mesma velocidade o crescimento da cabotagem brasileira”. Além disso, assinala Salgado, existe uma limitação de volume por escala que restringe o desenvolvimento da cabotagem nesses portos.
Segundo ele, o Nordeste é a região que tem as maiores taxas de crescimento no mercado interno e assim tem peso considerável nos objetivos e orçamento da empresa na cabotagem. A empresa conta com 11 navios em operação no serviço, com amplo atendimento em 15 portos de Buenos Aires até Manaus, e um total de 104 escalas mensais. E embarca todo o tipo de produtos industrializados e semimanufaturados produzidos nas regiões Sul e Sudeste e exportados para o Nordeste, sendo o carro chefe arroz, que sai de Rio Grande e Imbituba. “Esperamos crescer 20% esse ano e o Nordeste concentra grande parte desse crescimento”, afirma Salgado.
Atualmente o Porto do Pecém opera com seis berços devendo trabalhar com 16 berços até 2016. A obra de ampliação do terminal portuário, em execução pelo Consórcio Marquise/QG/Ivaí, encontra-se com 45% de avanço físico total concluído, informa o executivo. O custo total está estimado em R$ 568 milhões. Dois novos berços de atracação ficam prontos este ano e serão voltados para a exportação de placas da siderúrgica, enquanto a Ferrovia Transnordestina utilizará provisoriamente o Terminal de Múltiplas Utilidades (TMUT), até ter o seu próprio terminal.
Fonte: Valor Econômico/Genilson Cezar | Para o Valor, de São Paulo