Energia solar torna-se parceira da cura do concreto
Pelo menos três universidades brasileiras se dedicam a estudos que procuram consolidar tecnologias que associem o uso de energia solar à cura do concreto. A pioneira foi a UFRGS, no Rio Grande do Sul, seguida do Centro de Tecnologia SENAI Ambiental, no Rio de Janeiro-RJ, e da Universidade de Federal de Goiás (UFG), em Goiânia-GO.
A pesquisa no departamento de engenharia civil da universidade gaúcha teve como coordenador o engenheiro José Luís Rodrigues de Freitas Iserhard. Ocorreu no começo da década passada e se inspirou no sistema dos radiadores dos veículos automotores. Os painéis solares alimentam uma bomba hidráulica e transferem calor para a água que circula por tubos de cobre. O líquido é levado a uma câmara, onde as peças de concreto são curadas.
Conforme a água contida na câmara evapora, novas remessas de líquido aquecido chegam ao local de cura dos artefatos. O processo de cura solar se aproxima da técnica conhecida como cura a vapor. “O modelo solar desenvolvido foi baseado nas definições e princípios da cura a vapor”, admite José Luís Rodrigues de Freitas Iserhard.
Na cura solar, no entanto, o sistema depende de dias ensolarados. “O experimento simula a utilização para dias típicos de verão e dias típicos de inverno. No caso de condições climáticas não favoráveis, ele pode fazer o aporte de outro tipo de energia, como a elétrica”, diz o engenheiro.
Tecnologia em desenvolvimento
No Rio Grande do Sul não houve aplicabilidade prática da cura solar, pois o invento não despertou o interesse do mercado local que fabrica artefatos de concreto. No entanto, no Rio de Janeiro, o Centro de Tecnologia SENAI Ambiental, em parceria com a Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), conseguiu levar a tecnologia a sete empresas. Entre 2011 e 2012 – período em que foi testada -, a cura solar obteve êxito. Principalmente ao conquistar um ganho de 6 horas em relação aos processos convencionais de cura.
Além disso, evoluiu em relação ao projeto desenvolvido na UFRGS. O experimento fluminense utiliza água da chuva e em períodos de baixa insolação se mantém ativo usando gás natural como combustível. Porém, um dos desafios da tecnologia, que ainda segue em desenvolvimento, é conseguir manter a água que entra na câmara de cura a 60°C, já que, acima desta temperatura, constatou-se que os blocos de concreto perdem resistência e apresentam microfissuras.
É este avanço que está se tentando também na Universidade Federal de Goiás. Além disso, na UFG, os pesquisadores buscam desenvolver um sistema que armazene a energia solar, fazendo que o equipamento não dependa de outras fontes, como energia elétrica e combustível fóssil, em dias em que não haja insolação para abastecer os painéis.
Essa tecnologia já opera fora do país. Nos Estados Unidos, por exemplo, a energia solar é usada, durante o inverno, para ajudar na cura de grandes peças pré-fabricadas de concreto. O mesmo ocorre na Alemanha – nação que tem batido recordes mundiais de produção de energia solar. Atualmente, durante o verão, o sistema alemão consegue produzir diariamente até 22 gigawatts de eletricidade usando apenas a luz do sol.
Confira os estudos desenvolvidos na UFRGS e no Centro de Tecnologia SENAI Ambiental
Entrevistados
- José Luís Rodrigues de Freitas Iserhard, engenheiro civil, com mestrado e doutorado, e professor da UFRGS
- Centro de Tecnologia SENAI Ambiental (via assessoria de imprensa)
Contatos
jl_iserhard@hotmail.com
cts.ambiental@firjan.org.br
Créditos Fotos: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330