Volks investe em fábricas sustentáveis no Brasil
DCI
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23 de abril de 2015
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São Bernardo do Campo - A Volkswagen do Brasil está investindo para inserir suas fábricas locais dentro dos parâmetros do programa global de sustentabilidade da marca. O desafio será maior ainda na unidade de São Bernardo do Campo (SP), diante da complexidade e da idade da planta.
A tarefa não será fácil, considerando o tamanho da unidade do ABC Paulista: são mais de 1,6 milhão de metros quadrados. A planta foi inaugurada em 1959 e cada área é totalmente planejada para aproveitar o espaço existente. Para expandir alguma linha, é preciso não só engenharia, mas também criatividade.
É o caso da produção da nova pick-up da marca, a Saveiro. Para otimizar os espaços e inserir métodos que economizam energia, foi preciso sobrepor as linhas de montagem devido à falta de espaço.
Na etapa de armação, onde as peças são unidas por pinças de solda (formando as carrocerias), verdadeiros robôs com motores de alta eficiência geram uma economia de 30% de energia em relação aos sistemas convencionais.
Mesmo em fábricas antigas, é possível trabalhar a economia de energia sem trocar toda a planta, afirma o supervisor de planejamento ambiental da Volks, Márcio Lima.
De acordo com o diretor de engenharia de manufatura da Volkswagen, Celso Luis Placeres, as metas do programa global de sustentabilidade da montadora, o Think Blue. Factory, incluem a redução do consumo de energia e água das operações em 25% até 2018, tomando como base 2010.
Porém, nossos investimentos nessa área começaram em 2008. Já vínhamos com ações muito contundentes desde então, pondera o executivo.
No início de 2014, a Volks implantou na planta Anchieta uma ideia que veio do chão de fábrica. Literalmente, cada gota resultante do processo de resfriamento dos compressores é armazenada, filtrada e reutilizada no processo industrial. A economia resultante do programa Conta-gotas atinge 264 mil litros de água por ano.
A sustentabilidade tem que ser uma cultura dentro da empresa, que parte de todo mundo, destaca Placeres.
O reúso de água na unidade Anchieta chega a 240 mil litros por ano. Além disso, a redução no uso de solventes atinge 40%. Segundo Lima, a geração de resíduos na área de pintura da planta foi reduzida em 48%.
O nosso foco sempre será geração zero de resíduos, ressalta. Nos pilares do Think Blue. Factory, estão ainda a redução de 25% da geração de resíduos, uso de solventes e emissão de CO2 até 2018.
Teste de qualidade
Segundo Placeres, em todas as fábricas da Volkswagen, 100% dos veículos produzidos passam pelo chamado teste de estanqueidade, na fase final da montagem, para assegurar a qualidade da vedação.
Toda água utilizada é reciclada, afirma o diretor da unidade de produção Anchieta, Frank Sowade. O passeio pelo túnel de teste parece uma verdadeira tormenta: são longos seis minutos de muita água, que vem de todos os lados para testar ao máximo a capacidade de vedação da unidade produzida.
Segundo Sowade, o aperfeiçoamento desse processo trouxe uma economia adicional, ao processo já existente de recirculação de água, de 698 mil litros nas três unidades produtivas da Volkswagen.
Em 2015, a montadora completa cinco anos do início das operações da pequena central hidrelétrica (PCH) Anhanguera, localizada entre as cidades de São Joaquim da Barra e Guará, no Estado de São Paulo. O empreendimento tem capacidade de gerar cerca de 18% da energia consumida pela Volkswagen do Brasil.
Unidades verdes
A fábrica da montadora em Taubaté (SP) também é antiga e foi inaugurada em 1976. Segundo Sowade, o investimento bilionário na nova linha do up! contemplou da mesma forma ações sustentáveis.
Segundo o executivo, a linha de pintura do compacto, considerada estado da arte na área, é a primeira da América do Sul a não utilizar o primer nos veículos (produto químico que auxilia na ancoragem da tinta). Com isso, há uma redução considerável do uso de água e também de químicos.
Nacionalizamos a tinta colorida, o que eliminou o primer, explica Placeres. Segundo o executivo, na linha de pintura de Taubaté, a economia de água chega a 20% e, de energia, a 30% em relação a métodos convencionais.
Sowade ressalta que na época do projeto da planta de São Carlos (SP), em meados de 1996, a montadora já pensava em uma fábrica verde. Precisamos de muito planejamento e investimentos, pontua.
Ele salienta que, por mais que a legislação ambiental brasileira seja rígida, a Volkswagen tem procurado avançar. Aproveitamos todas as oportunidades para estar sempre à frente da legislação, diz.