[Foto Agência Brasil]
A reformulação do programa de habitação federal Minha Casa, Minha Vida deve impulsionar os investimentos em construção civil e infraestrutura no país. Na região Nordeste, por exemplo, o mercado já se prepara na busca por soluções que possam reduzir custos, evitar desperdícios, integrar processos e eliminar etapas e, por consequência, acelerar as obras e a entrega das unidades.
Para a construção dos conjuntos habitacionais, uma tecnologia que tem ganhado destaque devido à rapidez e competitividade é uso de paredes de concreto. Trata-se de um sistema construtivo in loco (ou seja, são utilizadas formas montadas no local da obra e preenchidas com concreto) -, com instalação elétrica e hidráulica embutidas.
“Estimulamos e apoiamos cada vez mais o uso da parede de concreto em sistemas construtivos e programas habitacionais como o Minha Casa, Minha Vida. Dentre os benefícios destaco a padronização e velocidade de construção, pois é três vezes mais ágil para construir do que o sistema convencional de estruturas de concreto, permitindo as construtoras utilizarem em projetos com prazos apertados e alta repetitividade”, destaca a gerente regional Norte/Nordeste da ABCP, Glécia Vieira.
Comunidade da construção
Com a publicação da norma ABNT NBR 16055:2012 - Projeto e execução de paredes de concreto moldadas no local, a utilização desse processo para construção tem sido cada vez mais procurado. Pensando nisso, a Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Pernambuco (ADEMI-PE), o Sindicato da Indústria da Construção Civil de Pernambuco (SINDUSCON - PE) e a Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) estão unindo esforços na Comunidade da Construção para promover o uso da parede de concreto como solução ideal em construções populares como o Minha Casa, Minha Vida.
“Estamos atuando com 15 construtoras na Comunidade da Construção, e nosso estado se mostrou na vanguarda desses estudos, com novas tecnologias, como parede de concreto com fibra”, destaca a analista de Negócios da ABCP, Karla Guimarães.
Para o diretor de tecnologia e custos da Ademi – PE (Associação de Dirigentes das Empresas do Mercado Imobiliário), Henrique Suassuna, essa parceria tem colaborado para que as associadas da instituição se beneficiem com a discussão de boas práticas e a implantação de soluções inovadoras. “Através da efetiva interação entre os principais gestores imobiliários e uma aproximação com alguns stakeholders da cadeia da construção civil, temos estabelecido uma troca maior entre as partes o que trouxe impactos significativos melhorando substancialmente o setor no estado de Pernambuco”.
Já para Antônio Cláudio, presidente do Sinduscon-PE (Sindicato Nacional da indústria da Construção Civil de Pernambuco), a iniciativa é muito importante para integrar novas tecnologias do concreto. “Trata-se de uma parceria fundamental para podermos cada vez mais aprimorar o conhecimento e o uso de novas soluções que tragam melhores condições ao setor e ajudem na redução de custos e no incentivo a competividade”.
Vantagens associadas às paredes de concreto
Entre as principais vantagens obtidas pelas construtoras que utilizam o sistema parede de concreto, é possível destacar:
Velocidade de execução
Construir com paredes de concreto é três vezes mais produtivo do que com o método convencional, com pilares e vigas de concreto e blocos para fechamento. A redução do tempo de execução impacta ainda na redução dos custos indiretos;
Prazos
Maior garantia do cumprimento de prazos em comparação aos sistemas construtivos mais convencionais;
Qualidade
Maior controle da qualidade decorrente da industrialização de processos;
Qualificação da mão de obra
As paredes de concreto podem reduzir atividades artesanais e improvisações, contribuindo para diminuir o número de operários no canteiro. Além disso, a produtividade da mão de obra é potencializada pelo treinamento direcionado ao sistema.
A tecnologia paredes de concreto não é nova. Na verdade, seu uso no Brasil teve início ainda na década de 1970. Mas foi ao longo dos anos 2000 que esse sistema ganhou maior protagonismo, especialmente como solução capaz de auxiliar o país na redução do déficit habitacional, que é de cerca de 6 milhões de unidades.
Perspectivas positivas para o setor
Recentemente o governo anunciou a reformulação do programa Minha Casa, Minha Vida e a retomada ainda neste ano das obras de 37,5 mil unidades habitacionais que estão paralisadas.
Segundo levantamento apresentado pelo ministro Rui Costa na ocasião, ainda há 170 mil unidades que não foram concluídas pelos governos anteriores - sendo que 80% das obras foram contratadas entre 2012 e 2014 – e serão avaliadas a necessidade de aporte de recursos para viabilizar a retomada ou conclusão dos projetos. Além do mais, há a intenção também de se retomar, neste ano, outras 32 mil unidades com “entraves complexos”, como ocupações irregulares e problemas de infraestrutura.
A previsão por hora é a construção de 5.562 unidades em cinco municípios de Alagoas, Maranhão, Minas Gerais e Pará e a entrega de 1.049 casas na Bahia, 206 unidades em Pernambuco e 160 na Paraíba, além de investimentos em outras regiões do país
