Telhado verde passa a ser obrigatório no Recife
Recife começou 2015 aprovando uma lei inovadora, no que se refere a construções sustentáveis. Seguindo modelo já adotado na cidade do Rio de Janeiro, a prefeitura da capital pernambucana sancionou legislação que obriga a instalação de telhado verde em prédios residenciais com mais de quatro pavimentos e em casas com área coberta acima de 400 m². O objetivo, segundo o arquiteto e urbanista João Domingos Azevedo, é diminuir a concentração de calor em determinadas áreas da cidade. A lei prevê o plantio de gramas, hortaliças, arbustos e árvores de pequeno porte nas lajes dos edifícios.
Estudos que levaram Recife a adotar o telhado verde mostram que esse revestimento natural reduz em até 6°C a temperatura no entorno do prédio. “A estratégia dos telhados verdes está integrada ao plano municipal de ampliação da cobertura vegetal no território do Recife. Essas iniciativas perseguem a redução das temperaturas de superfície nos diversos ambientes da cidade e a menor emissão de carbono na atmosfera”, cita João Domingos Azevedo, que preside o Instituto da Cidade Pelópidas Silveira – organismo vinculado à secretaria de planejamento urbano da cidade do Recife, e que vai fiscalizar o cumprimento da legislação.
A lei é de caráter urbanístico. Portanto, não interfere na construção civil das edificações. “A técnica a ser usada para a construção da cobertura vegetal fica a cargo dos empreendedores que assinam os projetos construtivos”, explica João Domingos Azevedo. “A elaboração de projetos e execução de obras e serviços (implantação e manutenção) está dentro do escopo da construção civil, e sujeita aos registros e anotações de responsabilidades técnica junto aos conselhos de classe. Da mesma forma, os fornecedores de sistemas e de insumos que irão compor os telhados verdes”, completa.
Divergências e cuidados
Desde a implantação, a comunidade da construção civil do Recife tem feito críticas à lei, sob a alegação de que os projetos irão encarecer o custo da obra. A prefeitura da cidade, entretanto, acredita que isso não inviabilizará a legislação, e que o seu entendimento se dará no longo prazo. “Experiências como as dos telhados verdes passarão a ser entendidas pela sociedade quando estiverem consolidadas, tornando-se perceptíveis à avaliação do cidadão. Ao mesmo tempo, a classe técnica tem sido naturalmente crítica, mas provocado ricos debates sobre o tema. A busca é para tornar viável a implantação e manutenção dos telhados verdes no Recife”, diz o arquiteto.
No Brasil, prevalecem dois modelos de telhados verdes. Um, mais extensivo, projeta um tapete de vegetação rasteira sobre a laje do prédio, variando de 5 a 15 centímetros de espessura. Raramente exerce carga excessiva sobre a estrutura. O cuidado maior é com a impermeabilização da laje e com o escoamento da água acumulada pela vegetação. Já a intensiva funciona como um jardim suspenso, inclusive agregando árvores de pequeno porte. A espessura pode chegar a 50 centímetros e acarreta em sobrepeso estrutural. Neste caso, requer projeto paisagístico, acompanhado de plano arquitetônico e de avaliação de engenheiros civis – no caso do prédio estar construído. Em empreendimentos a serem viabilizados, o projeto deve contemplar o telhado verde.
Entrevistado
Arquiteto e urbanista João Domingos Azevedo, presidente do Instituto da Cidade Pelópidas Silveira – organismo vinculado à secretaria de planejamento urbano da prefeitura do Recife.
Contato
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Créditos fotos: Daniel Tavares/Prefeitura do Recife e Lu Streithorst/Prefeitura do Recife
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330