[Relatos de falta de energia foram registrados no Brasil inteiro na manhã de hojeImagem: Pixabay/Reprodução]
O apagão registrado na manhã do dia 15, que atingiu quase todos os estados do país, foi encerrado e a energia foi restabelecida no início da tarde do mesmo dia em todo o país. O governo acionou a Polícia Federal e a Abin para apurar as causas do problema.
Ocorrência no SIN às 8h31 e queda de energia
Ao todo, 25 estados mais o Distrito Federal foram atingidos pelo apagão. Apenas Roraima, que não é interligada ao SIN (Sistema Interligado Nacional), não foi afetada.
Dados do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) mostraram uma queda abrupta na carga e geração de energia entre 8h30 e 8h44. O ONS é o órgão responsável pela coordenação e controle da operação das instalações de geração e transmissão de energia elétrica no SIN.
Segundo o governo, a situação foi normalizada completamente no país às 14h47, pouco mais de seis horas após o início do apagão. "A normalização das cargas da região Sul foi concluída às 9h05min e nas regiões Sudeste/Centro-Oeste, às 9h33min. O SIN foi 100% recomposto às 14h49min", informou o ONS.
Qual foi o problema
O SIN é o modelo de gerenciamento e transmissão de energia adotado no país. Como o Brasil tem regiões com climas diversos, o sistema é interligado para permitir trocas energéticas — cidades do Nordeste, por exemplo, podem receber energia do Sudeste no período de seca e vice-versa. Problemas pequenos são normalmente compensados de forma rápida pelo sistema.
Em casos de problemas mais graves, como hoje, essa conexão é uma desvantagem porque facilita a propagação de blecautes no sistema, num "efeito dominó". Uma pane em determinada estação pode se espalhar rapidamente para as demais, afetando todo o território nacional. Por isso, quando uma ocorrência maior é registrada há um desligamento de outras regiões, para evitar que o problema se alastre até que suas causas sejam apuradas.
Esse desligamento de regiões ocorreu hoje. O ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) informou que a ocorrência no SIN provocou a separação elétrica das regiões Norte e Nordeste das regiões Sul e Sudeste, "com abertura das interligações entre essas regiões". A interrupção no Sul e no Sudeste foi uma ação controlada (proposital) justamente para evitar a propagação do problema.
Houve um problema de geração em usinas que estão localizadas no Nordeste, então foi preciso interromper o circuito para que esse problema não se propagasse e essas usinas saíram do SIN nesse momento que houve a interrupção. Essas energias que elas geravam foram perdidas.
Imagina que você está na sua casa e tem um curto-circuito numa tomada. Para não propagar essa corrente que está naquela tomada o disjuntor é acionado. O ONS desligou essa chave -- de forma metafórica -- para não comprometer tecnicamente o sistema.Professor doutor Bruno Luis Soares de Lima, coordenador do curso de Engenharia Elétrica da Universidade Presbiteriana Mackenzie
[Gráfico da ONS mostra queda brusca na geração de energia no período da manhã Imagem: Reprodução/ONS]
Interrupção de 16 mil MW de carga
Essa quantia representa 25% da demanda de energia do Brasil para o horário, segundo o especialista. "Foi um problema bem significativo", avaliou Lima. Até às 12h25 foram recompostos 55% da carga da região Norte e 81% da região Nordeste, 13.500 MW de carga, segundo o ONS.
Em março, a capacidade de produção no país ultrapassou a marca de 190 GW (ou 190 mil MW), de acordo com dados da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).
O estado de Roraima não foi afetado porque é o único ainda desconectado do SIN. Atualmente, segundo informações do governo federal, os moradores de Boa Vista e de cidades próximas contam basicamente com usinas termelétricas movidas a óleo diesel, gás natural, biomassa e uma pequena central hidrelétrica.
Governo criou 'sala de situação'
Relatos de falta de energia iniciaram por volta das 8h30. A recomposição foi concluída nas regiões Sul e Sudeste e todas as capitais do Nordeste também já se encontram com o suprimento de energia normalizado, segundo o ONS.
O Ministério de Minas e Energia informou que "está trabalhando para que a carga seja plenamente restaurada o mais breve possível", além de ter criado "uma sala de situação" para acompanhar o caso e determinou a apuração do incidente.