PACOTE DE CONCESSÕES ANIMA CATERPILLAR
O mercado de máquinas para construção deverá em breve voltar a dar sinais de vida no Brasil. É essa a primeira avaliação de uma dos maiores fabricantes do mundo do setor, a americana Caterpillar, ao comentar os efeitos esperados do pacote de concessões em infraestrutura que o governo federal lançou na terça-feira.
A companhia, assim como todo o setor, atravessa um período de forte retração na demanda por escavadeiras, motoniveladoras, retroescavadeiras, carregadeiras e outros equipamentos da linha amarela. Líder no Brasil, a Caterpillar fez uma série de demissões nos últimos 12 meses.
Os primeiros meses de 2015 mostraram o tamanho do buraco em que as empresas do ramo estão. De janeiro a maio, a produção do setor teve queda de 17% e as vendas sofreram ainda mais na comparação com o mesmo período de 2014: recuo de 50%.
O pacote é altamente positivo, reagiu o presidente da Caterpillar do Brasil, Odair Renosto, em entrevista ao Valor. O otimismo é grande. Ele acredita, no entanto, que no curto prazo, ninguém deve sentir uma recuperação na demanda por produtos novos. Mas, sim, uma retomada das obras que foram paradas pelo país ou que estão andando em ritmo lento.
Para este ano, não dá para ter grandes expectativas. Já tem muitos equipados parados. Vamos vender peças este ano, mas a partir do segundo semestre de 2016, acreditamos que a situação para a venda de equipamentos vá melhorar, disse Renosto. Ele prevê que o plano do governo ajude a melhorar as expectativas do empresariado, o que, por si só, já é um começo para uma retomada dos projetos.
Na sua visão, se as concessões em rodovias, ferrovias, portos e aeroportos de fato saírem do papel, os fabricantes da linha amarela verão novamente a demanda saudável não só por equipamentos novos, mas pelo aluguel de máquinas e reposição de peças. Vamos ter uma fatia nessa recuperação.
A empresa tem equipamentos para obras e manutenção nos quatro modais de transporte que o plano logístico atingirá. Mas as oportunidades de negócios, diz o executivo, tendem a ser maiores para a Caterpillar com empresas que ganharem contratos para ampliar e gerir estradas.
A empresa tem duas fábricas no Brasil, de onde saem 40 modelos de oito famílias. Uma unidade fica em Piracicaba (São Paulo) e outra em Campo Largo (PR).
Com a economia em estado de anemia, a empresa demitiu 750 funcionários nos últimos 12 meses, informou o presidente da companhia. O quadro atual é de 4.900 trabalhadores.
Prevendo um cenário mais positivo do que acabou se confirmando, a Caterpillar fez investimento de R$ 400 milhões na expansão, modernização e inclusão de novos produtos no mercado brasileiro. Os investimentos foram divididos entre 2011 a 2014.
Mas o último ano de compras aquecidas de motoniveladoras, escavadeiras e caminhões foi 2013. Naquele ano, o governo federal manteve o mercado aquecido com compras de 11 mil equipamentos que foram distribuídos para prefeituras de municípios com até 50 mil habitantes, de Norte a Sul do Brasil. As compras faziam parte do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC).
Este ano, a companhia americana planeja investir US$ 20 milhões no país. Para uma economia que está parada, é uma demonstração de otimismo de nossa parte, diz Renosto.