Lixiviação de materiais de construção
Os materiais utilizados nas fachadas de prédios e casas são formulações complexas. Geralmente, as formulações minerais são compostas principalmente de areia e agentes ligantes, como cimento, gesso ou cal. Os rebocos pastosos de última geração e as tintas são frequentemente enriquecidos com biocidas, para inibir o crescimento de fungos e algas na fachada.
Quando o Sol está brilhando, isso não é um problema. Porém, quando chove e o vento empurra a água da chuva contra as paredes, isso pode se tornar um problema: Os ingredientes são lavados pela chuva, ou lixiviados, e, junto com as águas pluviais, escoam para a rede de drenagem, para o esgoto, para o solo e - eventualmente no fim da cadeia - para as águas subterrâneas.
Pesquisadores do Instituto Fraunhofer de Física da Construção, na Alemanha, desenvolveram agora um simulador que consegue prever quais substâncias das fachadas serão lixiviadas pela chuva. Para isso, eles observaram dezenas de materiais diferentes durante meses, juntaram os dados em um modelo matemático e então criaram o simulador digital do que acontece na realidade.
O modelo combina medições das substâncias lixiviadas com dados meteorológicos regionais, criando uma previsão confiável que pode ser utilizada na fase de planejamento para determinar o tipo e a quantidade de substâncias que poderão ser liberadas dos materiais da fachada quando chover.
"O reboco mineral contém metais pesados inorgânicos, como cromo, vanádio e chumbo, enquanto os gessos pastosos contêm biocidas. Nosso modelo termodinâmico fornece informações sobre as concentrações de substâncias no escoamento das águas pluviais. O modelo é muito detalhado e informativo, uma vez que incorporamos dados meteorológicos regionais e a receita de cada material de construção," disse o Dr. Pablo Garcia, especialista em química ecológica e microbiologia.
O que a chuva leva das fachadas de casas e prédios para o meio ambiente?
No estágio 1, o modelo termodinâmico determina o volume de escoamento de água, no estágio 2 calcula o transporte material de substâncias nocivas e no estágio 3 avalia o risco ambiental do escoamento nas águas pluviais de rebocos e argamassas, incluindo uma avaliação de risco para as águas subterrâneas.
Melhores materiais de construção
A expectativa é que as construturas, empreiteiras e escritórios de arquitetura avaliem a compatibilidade ambiental dos materiais que estão considerando para uma fachada desde a fase de planejamento.
Os fabricantes de materiais de construção, por sua vez, poderão utilizar o modelo para desenvolver produtos mais ecológicos, adaptando suas fórmulas de modo que os níveis de substâncias que se espera serem liberadas devido ao escoamento de águas pluviais para uma região específica e o seu clima típico permaneçam dentro das normas ou dos limites aceitáveis.
"Isso é de vital importância para fachadas em áreas urbanas, bem como em regiões que sofrem frequentemente com chuvas fortes, por exemplo," afirmou Garcia. As autoridades, por sua vez, podem utilizar o modelo para definir áreas em que materiais de construção específicos podem ser utilizados.
Por enquanto, todos os dados que alimentam o modelo são baseados em produtos usados na construção civil na Europa.