[As novas operadoras iniciaram fase de treinamento para operar em breve os trens da Linha 5-Lilás / Foto: Bruno Coelho]
São Paulo, 8 de março de 2024 - Mais de 50% dos passageiros que percorrem diariamente os trilhos no Brasil são formados por mulheres, proporção semelhante à população brasileira. Refletir essa realidade no quadro operacional é uma missão que a ViaMobilidade aplica na Linha 5-Lilás de metrô paulistano, que terá 14 novas operadoras de trens já no próximo mês. Dessa forma, a empresa chega a 39,28% de mão de obra feminina na área de tráfego, superando a média nacional de mulheres no setor pelo ramo metroferroviário, que está em 25%.
Desde fevereiro, a ViaMobilidade prepara as novas operadoras, que após o processo seletivo realizado a partir das inscrições pelo site da empresa, passam por um treinamento de 540 horas, que começou com passagem pelo Senai, com atividades práticas e teóricas, além de um curso de eletricidade básica, seguido de prática operacional supervisionada. As funcionárias também recebem aprendizagens sobre atendimento aos passageiros, inteligência emocional, políticas da empresa, procedimentos de primeiros socorros, entre outros.
De acordo com o último relatório Balanço do Setor Metroferroviário, divulgado pela ANPTrilhos (Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos), a mão de obra formada por mulheres alcança mais de 7 mil postos de trabalho no setor pelo Brasil, atingindo um quarto do total de empregos no ramo. Ainda segundo a entidade, 55% dos passageiros que trafegam por trens e metrô pelo país são formados por mulheres.
Ao longo de março, mês em que se celebra o Dia Internacional da Mulher, as operadoras farão treinamentos práticos com trens pelas vias da Linha 5-Lilás, entre as estações Capão Redondo e Chácara Klabin, durante as madrugadas, fora do horário comercial de atendimento ao público, das 4h40 à meia-noite.
O acompanhamento do treinamento das novas operadoras está sob os olhares da supervisora de tráfego, Amanda Pires de Sousa. “Para mim, está sendo uma experiência nova, além de ser nossa primeira turma 100% feminina, também é a primeira vez que vou treinar uma turma de operadores. Então fico feliz em lecionar e aprender com tudo isso”, afirma.
Atualmente, a ViaMobilidade conta com 154 operadores de metrô pela linha, sendo 102 homens e 52 mulheres; Dessa forma, o percentual de mão de obra feminina na operação de trens da Linha 5-Lilás é de 34,21%; Com o acréscimo de 14 operadoras, o número de mulheres se aproxima dos 40%. “Queremos ampliar ainda mais esse número futuramente, é uma meta que a ViaMobilidade tem em todos os setores da Linha 5-Lilás, das operadoras às AAS (agentes de atendimento e segurança”, explica o gerente de atendimento da empresa, Ricardo de Almeida.
Em janeiro, a ViaMobilidade formou uma turma, composta exclusivamente por mulheres, de 24 novas AAS, que já trabalham pelas 17 estações da Linha 5-Lilás. As funcionárias que fazem parte do quadro operacional da empresa podem contar com auxílio-creche, além de benefícios como licença-maternidade, assistência médica e odontológica, seguro de vida, vale-alimentação, vale-refeição e vale-transporte, além de previdência privada.
Nesta sexta-feira (8), tanto a ViaQuatro, operadora da Linha 4-Amarela de metrô, quanto a ViaMobilidade, pela Linha 5-Lilás, terão avisos sonoros nos trens em estações, para celebrar o Dia Internacional da Mulher.
‘Quero ser uma referência para a minha filha’, diz nova operadora
Moradora de Mauá (ABC Paulista), Jéssica Amâncio Mendonça, 25 anos, sofreu os impactos de ser mãe e precisar lidar com a pandemia do coronavírus. Formada em Pedagogia e Enfermagem após o nascimento da filha Nicole, em 2019, ela conseguiu regressar ao mercado de trabalho, para ser futuramente uma das operadoras da Linha 5-Lilás.
“Onde, na minha vida, iria imaginar que seria operadora de metrô. Estava em casa, me dediquei para minha filha, mas aí ninguém valoriza. Então essa oportunidade representa muito na minha vida. Eu tive capacidade, eu consegui por mim mesma. E quero que ela (Nicole) veja a mãe trabalhar, quero ser uma referência para a minha filha, que ela saiba que pode até pilotar um trem se ela quiser, porque a mulher pode ser o que ela quiser”, afirma Jéssica, com olhos marejados.
Viúva e mãe de duas filhas, Carmen Luiza da Silva, 38, garante que a função de operadora de um trem, que cabe 1.922 pessoas, tem tudo a ver com as mulheres, ao prestar atenção em todos os detalhes, no embarque e desembarque, segurança dos passageiros e na condução de um metrô. “Somos acostumadas a fazer coisas ao mesmo tempo, e ter foco em tudo que está fazendo, cuidando dos filhos, trabalho, comida e muito mais. Então acho que a função de operadora é uma vaga para mulher. É uma responsabilidade muito grande e estou pronta”, explica.
Por sua vez, Andreia Alves Ximenes Magalhães, 37, teve a oportunidade de crescer na carreira dentro do Grupo CCR. Antes AAS (Agente de Atendimento e Segurança) na Estação Oscar Freire, da Linha 4-Amarela, operada pela ViaQuatro, agora a missão é conduzir os passageiros pelos trilhos da Linha 5-Lilás. “Como AAS, a gente via como as pessoas têm pressa e se distraem muito fácil, usando o celular enquanto anda, não prestando atenção nos avisos sonoros e isso vai me ajudar também como operadora, ao manter a atenção em embarques e desembarques e na segurança dos passageiros. É uma experiência que agrega a outra”, conta.