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Sustentabilidade foca a substituição de processos

Valor - 18 de agosto de 2015 1097 Visualizações
 Sustentabilidade foca a substituição de processos
Mais do que poupar gastos e cumprir a legislação, empresas de diferentes portes e setores investem hoje em sustentabilidade com foco em substituir processos poluentes, selecionar fornecedores e, sobretudo, passar pelo crivo do consumidor. Assim como procura preços mais baixos e produtos de melhor qualidade, o cliente se transformou em fiscal de impactos socioambientais em suas cestas de compras. A regra vale para todos os produtos de cimento a perfumes e cosméticos. Essas demandas encontram como respostas programas de dimensões e focos variados. Na busca pela sustentabilidade, o Walmart, por exemplo, atua em várias frentes. A cadeia de valor do Walmart Brasil engloba todas as etapas do processo produtivo do varejo, do uso de recursos naturais e fabricação de produtos, ao atendimento ao consumidor e descarte responsável de resíduos, diz Luiz Herrisson, diretor de sustentabilidade da empresa, que tem 540 lojas em todo o país. As metas globais da companhia até o final de 2025 são suprir 100% de suas lojas com energia renovável, elevar a oferta de produtos com diferenciais de sustentabilidade, enviar zero resíduos para aterros, diz Herrisson. Todas as lojas estão passando por alguma mudança para reduzir o consumo de energia ainda este ano, com ampliação do uso de lâmpadas de led, troca de equipamentos de refrigeração e de ar condicionado. O programa da varejista também inclui convite aos fornecedores para otimizarem de forma inovadora e socialmente responsável um item de seu portfólio. De uma outra maneira, a fabricante de produtos de beleza e higiene Natura também procura trabalhar a sustentabilidade com todos seus públicos: consultores ¬ que fazem venda porta a porta ¬, consumidores e fornecedores. A nova visão de sustentabilidade da Natura está totalmente alinhada à sua estratégia de negócio, contemplando ambições a serem alcançadas até 2020, diz Keyvan Macedo, gerente de sustentabilidade, marcas e produtos da empresa. Quatro grandes temas orientam as ações: água, resíduos, sociobiodiversidade e emissão de CO2 . Queremos fortalecer cada vez mais esse trabalho que fazemos de manejo sustentável do uso de ativos vindos da biodiversidade brasileira, especificamente focando a região amazônica, diz. A Natura estabeleceu o compromisso de até 2020 recolher 50% dos resíduos oriundos das vendas de seus produtos. O gerente lembra que a empresa foi pioneira, em 1983, na oferta de refil de produtos, permitindo ao consumidor reutilizar a embalagem original. O diálogo da Natura com consumidores em prol do consumo consciente se iniciou com o lançamento da linha Sou, fabricada com 60% menos emissões de carbono, com embalagem inovadora, processo produtivo mais eficiente e um apelo para que as pessoas deixem de lado os excessos e fiquem com o essencial.
O maior desafio das companhias de cimento é a redução do CO2 emitido na produção. Em termo globais, o setor responde por 5% de todo o CO2 produzido. No Brasil, a produção da indústria cimenteira corresponde a menos de 2% da emissão total do país, diz Édison Barros Franco, presidente do conselho de administração da InterCement, do Grupo Camargo Corrêa. Segundo o executivo, 90% das emissões de CO2 ocorrem no forno, e 66% delas se devem ao processo químico chamado de clinquerização; o restante é por conta da queima do combustível. A companhia tem hoje dois grandes projetos, um para diminuir a quantidade de clinquer, que é usado no cimento, o outro para mudar o combustível empregado no forno, diz Franco. No cimento, 70% são clinqueres e os outros 30% são outras adições, que podem ser calcário, escória e gesso. De acordo com o executivo, a companhia tem como objetivo, nesses projetos, elevar o nível de adições a 46% e reduzir a 54% a participação do clinquer no prazo de dez anos. No leque de projetos da InterCement para o desenvolvimento de novas adições, há um com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas da USP, que visa desenvolver outros tipos de escória e não apenas a siderúrgica. Segundo Franco, nos próximos dois anos, a companhia investirá R$ 40 milhões nas instalações de coprocessamento, o que permitirá utilizar 174 mil toneladas de resíduos anualmente e substituir 21% da matriz térmica. Outros resíduos já são queimados há cinco anos. Agora, estamos começando a queimar o lixo urbano, diz. Cerca de 13,4% dos combustíveis são resíduos de outras indústrias e a meta é atingir 40% até 2023 em todas as indústrias da InterCement no mundo todo, que são 40 companhias, informa Franco. Hoje, a InterCement emite 535 kg de CO2 por tonelada de cimento produzido, bem inferior à média nacional de 653 kg. A redução nos poluentes e o emprego de outras fontes de energia são ganhos resultantes de investimentos em pesquisa e desenvolvimento que R$ 15 milhões nos últimos dois anos. Até 2020, a companhia deve investir outros R$ 60 milhões em pesquisa. Embora a redução de poluentes e a economia e emprego de energia limpa sejam comuns às políticas de sustentabilidade, cada setor tem de ajustar suas práticas. O grupo Libra, por exemplo, que investiu R$ 500 milhões na expansão do Porto do Rio de Janeiro, incluiu nos custos 12 RTG's Eletrificados ¬ carros pórticos sobre pneus. Ao substituir os antigos equipamentos a diesel, a empresa reduziu em até 90% as emissões de gases de efeito estufa. A iniciativa confirma nosso compromisso com o Fórum Clima, diz Marcelo Araujo, presidente executivo do grupo. A Braskem quer fortalecer a capacitação de seus clientes e fornecedores, maximizando a utilização da metodologia de Avaliação de Ciclo de Vida (ACV). O objetivo é desenvolver novas aplicações com menor pegada de carbono para os setores automobilístico, de construção e embalagens. Como indústria química, a empresa não apenas adota políticas de controle e redução de emissões atmosféricas, mas também pretende que os setores que fazem uso de seus produtos sigam igualmente essa direção. Entre 2008 e 2014, a companhia contabilizou uma redução de 4,4 milhões de toneladas na emissão de gases do efeito estufa, o equivalente ao plantio de 30 milhões de árvores. A Braskem trabalha para ser um importante sequestrador de carbono até 2020, com uso de matérias primas renováveis e, também, por ser um importante usuário de energia de fonte renovável. Entre os produtos que promovem a otimização de recursos e redução de emissão de gases, o plástico verde é o melhor exemplo: cada tonelada produzida retira da atmosfera até 2,15 toneladas de CO2