Em uma iniciativa que marca um novo capítulo para a cidade de São Paulo, o Governo do Estado decidiu transferir seu Centro Administrativo para o coração da capital paulista com o objetivo de revitalizar a região, em busca de reverter seu abandono gradual, promovendo assim, o desenvolvimento local com uma maior participação do entorno e dos cidadãos.
O projeto vencedor, idealizado pelo escritório Ópera Quatro, reforça a relação dos espaços públicos com a cidade e a importância dessa representação refletida numa materialidade versátil, que possa se adequar ao longo dos anos e em futuras adaptações.
A mudança para os Campos Elísios pretende otimizar também a integração entre as secretarias, outros órgãos governamentais e serviços públicos aproximando-se de outros já existentes como a sede da prefeitura e da Câmara Municipal.
A concepção do projeto procurou entender a estrutura original do bairro, resultante de um loteamento de chácaras privadas em 1930, que deu lugar a um espaço configurado por características morfológicas heterogêneas. De um lado, palácios e palacetes com recuos generosos; de outro, casas populares com recuos mínimos, por vezes geminadas.
As dinâmicas estabelecidas a partir dessa configuração marcaram profundamente a arquitetura e a malha urbanística presente nesta área, localizada a poucos metros de lugares emblemáticos de São Paulo como Estação da Luz, Pinacoteca, Estação Júlio Prestes, Sala São Paulo entre outros.
Segundo Pablo Chakur, arquiteto à frente do projeto, “o novo Centro Administrativo do Governo não deve fundamentar sua representatividade numa monumentalidade arquitetônica, mas sim na força de transformação que transmite para a cidade, através da relação franca com a pré-existência do bairro, impulsionando, assim, a gradativa e necessária recuperação do centro da cidade, da história da região e deixando um legado versátil e dinâmico para a cidade, com possibilidades de instauração em diferentes cenários decorrentes de eventuais mudanças de rumo”.
O projeto foi pensado para flexibilizar a ocupação dos edifícios, permitindo maior integração entre os espaços e setores. Está prevista a construção de um edifício em cada uma das três quadras menores e de dois edifícios na quadra maior, todos divididos em dois blocos, conectados por passarelas.
Na parte térrea, as fachadas ativas, dedicadas a comércio e serviços, proporcionam uma visão mais acessível e humanizada do conjunto, abrindo, assim, um diálogo com a cidade, ao mesmo tempo fugindo da ostentação e incentivando a participação das pessoas, sem perder a visibilidade e o controle dos acessos.
A sustentabilidade também foi outro fator levado em consideração na decisão dos materiais. A estrutura mista de concreto e aço permite a rapidez na execução além da redução dos custos de manutenção.
“Pretendemos garantir que seja um projeto que transcenda o seu tempo e seja um empreendimento propulsor para a revitalização do bairro e do centro da cidade. Para isso, adota-se um conceito de complexo urbanístico morfologicamente integrado com a paisagem, adaptável ao futuro, adequado à escala do pedestre, que respeite e valorize a história da região”, afirma Pablo Chakur.
A nova sede do governo busca refletir o que o Estado representa, aproximando a cidade e os cidadãos, evitando o isolamento e a desvalorização do centro, proporcionando assim, um legado longevo para a sociedade.